Novo normal
por Filipa Marques
É altura de voltar à vida.
A vida de um novo normal.
A vida de um dia a dia em que, ao sair de casa, levamos álcool e uma máscara a cobrir-nos o rosto. Saímos à porta e sentimo-nos ansiosos, corajosos, tristes e alegres por podermos sair e retomar os nossos trabalhos e rotinas. Habita-nos uma sensação de estranheza e um gigante misto de emoções.
Sabem? É normal! É normal sentir no mesmo dia uma quantidade inúmera de emoções diferentes, porque os dias que vivemos assim o exigem e porque os sentimentos e emoções fazem parte da nossa vida.
Quantos de nós já nos sentimos tristes e ainda assim descruzamos os braços e fizemo-nos ao caminho? Quantos de nós com ansiedade no peito fomos corajosos e demos passos em direção ao desconhecido? Ao longo do nosso percurso, todos já tivemos períodos assim e sabemos que ultrapassá-los é a chave para o nosso crescimento e força interior.
É isso que neste momento nos é exigido. Por um lado, que saibamos e aceitemos o que estamos a sentir, por outro que não deixemos que as emoções (principalmente as negativas) toldem totalmente as nossas ações. Neste jogo de cintura, a palavra-chave é equilíbrio.
Este equilíbrio vai permitir que, apesar de termos medo, estarmos tristes ou ansiosos consigamos ter a calma necessária à vivência deste período de crise coletiva.
Vai também fazer com que consigamos entregar os nossos filhos novamente aos cuidados dos outros e que também eles fiquem calmos, porque nós estamos a viver neste equilíbrio.
Por falar em filhos, gostaria ainda de reforçar que este é um excelente período para lhes ensinar que as emoções são parte da vida. Por exemplo, contar-lhes histórias em que as personagens experimentam emoções (estando alegres, tristes, com medo, raiva ou surpreendidos) e dizer-lhes que estas são companheiras fiéis com as quais devemos lidar e que não devemos escondê-las, afastá-las ou negá-las.
Este é o nosso novo normal. Vamos vivê-lo com cuidado e equilíbrio.
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