Crónica de Jorge C Ferreira | Encontro de Amigos

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Crónica de Jorge C Ferreira | Encontro de Amigos

Encontro de Amigos

Fim de tarde, já noite. Estava marcado para aquela hora o encontro dos amigos. Mulheres, homens, todos os sexos iam chegando. Os mais velhos, os de todas as matrizes, o começo de tudo. Amigos mais antigos que a noite, outros de tempos impróprios para nascer. Novos amigos, novas ternuras, virtuais conhecimentos. Coisas de um tempo novo que se vai expandindo até a um infinito desconhecido. Todos foram poucos para tanta vontade de acolher vontades.

O sussurrar, o riso abafado, a gargalhada solta, a festa de uma tarde/noite que teimou em demorar. Sentimentos muito antigos. Aprenderes que nunca se esquecem. Mãos que, apesar de envelhecidas, se reconhecem ao primeiro olhar. Olhos e olhares. Os olhares de sempre, as vidas ainda vivas. Olhos grandes, olhos brilhantes, olhos molhados. Olhos nossos. Uma fala mais alta. Uma euforia que abana a festa. Bem-aventurados os que fazem sua qualquer festa.

Os encontros inesperados. Encontros tantas vezes adiados. Encontros desencontrados que se consumaram naquela tal tarde/noite. Não ter tempo para saber da vida de todos. Ver que estavam com bom aspecto. Saber da sua presença uma alegria que basta. Faltavam as palavras. Havia as que estavam comprimidas num livro branco azulado. Mas de tal artefacto não devem ser minhas as palavras. Não gosto de deitar foguetes. Não sou pirotécnico.

A família, o círculo que me sustenta. Os que estão lá sempre sem ser necessário chamar. A grande barreira contra os cataclismos que nos tentam, por vezes, assolar. As mãos sempre dadas mesmo que as distâncias sejam grandes. A preocupação sempre latente. Ouvir sempre os mais velhos. Aprender sempre com eles. Saber ouvir. Saber estar. Saber ser.

O simbolismo da casa de encontro. A casa da democracia. A casa da revolução e um Capitão de Abril como cicerone. Nuno, serás sempre o meu revolucionário. O homem que disse presente no momento certo. A revolução a passar pelas cabeças de toda a gente. Os cartazes a relembrarem aquele mês e aquela flor, símbolo que teimamos em não deixar murchar. Abril sempre!

Os que vieram falar. O Afonso, amigo, escritor com obra publicada. As palavras claras. O saber acumulado. A muita vida. O Luís, amigo, escritor, artista de tudo o que é cultura. As palavras dos amigos. Por vezes algum exagero. As pessoas percebem. Virgínia obreira-mor do livro feito. Os camaradas do Jornal de Mafra que não faltaram e deste encontro deram notícia.

Queridas e queridos amigos, todos tão bem-vindos. As fotografias para a posteridade. Combater sempre as vaidades. Foi bom tanta gente a encontrar-se. A beijar-se. Alguns que não se viam há muito tempo. O tempo que o tempo parece alongar. A viragem do cabo do bom encontro. Tudo simples e por isso bonito. Tudo a saber a novidade. Novos encontros aprazados.

Foi no dia 9/11/2019 na Associação 25 de Abril.

«E foi bonito. Digo eu que gostei do que vi.»

Voz de Isaurinda.

«Obrigado, minha querida, que bom teres gostado.»

Respondo.

«Mas nada de vaidades. Quero-te como sempre, ouviste?»

De novo Isaurinda e vai, um sorriso na mão.

Jorge C Ferreira Novembro/2019(226)


Poder ler (aqui) as outras crónicas de Jorge C Ferreira.


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18 Thoughts to “Crónica de Jorge C Ferreira | Encontro de Amigos”

  1. Cristina Ferreira

    Sim, foi linda, a festa. Digo também eu, que vi. Um final de tarde/noite que me será inesquecível. O local, não podia ser mais bem escolhido, a casa da Democracia repleta de emoção. Tantos amigos, tantos admiradores, tanta alegria, muitos abraços, beijos. Tudo tão genuinamente belo. Bela, e não só na sua elegante roupa branca azulada, é a viagem que nos ofereces, repleta de emoções e aventuras. E ternura, tanta. Sei que irei falar dela – Que privilégio.
    Abraço-te e Junto-me à Isaurinda, vou de sorriso na mão. Bem hajas.

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Cristina. Obrigado pela presença e pelas palavras. Gostei de estar convosco. Abraço

  2. Madalena

    Foi um verdadeiro encontro de amigos! Ali estivémos para ver a sua primeira obra tão ansiada. Tanto carinho, tanta ternura que se espalhou pelo ar daquela sala histórica. Chegou por fim o momento solene – Ouvir as palavras do nosso querido autor. Foi MUITO BOM aquele encontro. Todos voltámos mais ricos e o tesouro chama-se ‘ A Volta à Vida À volta do Mundo ‘ que nos fala de um cruzeiro fantástico de 4 meses. Parabéns, Jorge! Obrigada. Um beijinho

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Madalena. Grato a todos por aderirem à festa. Gostei de a rever. Abraço.

  3. Eulália Pereira Coutinho

    Este texto levou-me, por momentos, a estar presente nesse encontro de amigos, que deve ter sido extraordinário.
    Como gostaria de estar presente, mas a vida prega-nos algumas partidas…
    Parabéns meu amigo, mestre, poeta, escritor.
    Obrigada por tudo quanto escreve. Obrigada pela generosidade da partilha.
    Um abraço.

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Eulália. Outras festas irão acontecer. Grato pelas suas palavras. Abraço

  4. Regina Conde

    Tão belo o teu texto de “Gente a beijar-se”. Foi uma festa feita de poesia partilhada por todos. Tanta emoção e alegria. Li que nunca aquela sala esteve tão cheia. O livro é excelente. Obrigada querido amigo. Abraço.

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Regina. Que sala bonita. Uma sala de afectos. A ternura. Gostei de estar contigo. Abraço

  5. Maria da Conceiçao Martins

    Que bom Jorge. Que bom que esteve de casa e de coração cheio. E também no pensamento de muitos amigos que não puderam estar mas que ficaram felizes por si.
    Eu já estou a ler o livro e estou a adorar fazer aquela viagem. Muito sucesso e grande abraço.

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Maria da Conceição. Estiveram todos os amigos. Os que foram e os que não conseguiram ir. Obrigado a todos. Abraço

  6. Cecília Vicente

    Querido amigo,poderia dizer que fiquei triste de não ter marcado presença,mas não,apesar de tudo sabia estar muitos outros amigos teus e meus,o meu pensamento foi sempre positivo,sabia que ia ser um dia de mil palavras e múltiplos afectos.Estive lá,não em presença mas de coração cheio pelo que sabia ser um sucesso. Todos te querem bem pela tua sensibilidade e de afáveis palavras que em prosa escreves todos os dias. Queira ele (Deus) que eu possa estar presente num próximo,dizem os entendidos que se torna um vício pôr as palavras num papel que em continuação formam páginas para ser livro. O livro,esse terei na minha mão muito em breve,depois,estará num meu recanto onde busco o meu sossego. Um sincero abraço meu amigo.

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Cecília. Senti-te lá. Esperemos por outras festas. Abraço

  7. Teles Ivone Teles

    Querido Jorge, e eu triste, sem poder estar. Mas como fico feliz por ter corrido tão bem. Uma boa ” Obra “, apresentada pelo Afonso, na Casa da Democracia e com um cicerone, Capitão de Abril, o Nuno, marido da querida Maria Odete, uma simpatia de pessoas. E também todos os outros amigos, destes e outros tempos. Tão bom haver encontros que desfazem desencontros.. E sim houve, de certeza, POESIA na tua alma e de tantos outros.
    De longe ia mandando energias de boa disposição e nem num segundo foste esquecido. Gostei muito do Livro e irei falar dele, mas só quando puder fazê-lo com a cabeça descansada, porque mereces o MELHOR. Fico muito contente, por ti e pelos que amas e te amam.Dá um beijo à sábia Isaurinda. Beijinhos amigos e ternos<3 <3 <3 da Amiga/ Irmã Ivone
    .

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Ivone. Tu, minha Amiga/Irmã, estás sempre comigo. As tuas belas palavras. Generosa criatura. Abraço

  8. Branca Maria Ruas

    Adoro encontros de Amigos!
    E este foi muito especial. Pelo local e por ser o lançamento do teu primeiro livro. Há tanto tempo aguardava um livro teu…
    Obrigada pela dedicatória! Se já estava, tal como a Isaurinda, de “sorriso na mão”, passei a ficar com o coração a sorrir de emoção.

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado Maria. Tu merecias mil dedicatórias. És Amiga inteira. Abraço

  9. António Feliciano Pereira

    Um texto cheio de poesia, de que destaco:
    “De novo Isaurinda e vai, um sorriso na mão”.
    Pode não parecer mas, para mim, isto é poesia na alma!
    Um abraço, Jorge!

    1. Jorge C Ferreira

      Obrigado António. Lindas as suas breves palavras. Um grande abraço

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