ESTE NOSSO MUNDO
Por Alice Vieira
Eu sei que ainda faltam uns mesitos para o fim do ano. Mas penso que as coisas não devem mudar muito até Dezembro.
Tem sido um ano difícil.
Andei à procura de coisas boas para aqui contar—e não me lembrei de nenhuma.
Há guerras pelo mundo inteiro, países completamente destruídos, governos que “obrigam” as populações a procurarem outros lugares para poderem viver, etc….
Quando estudamos História, lemos nos manuais que houve a Guerra dos 30 Anos, e a Guerra dos Cem Anos. Às vezes penso como é que as gerações vindouras vão falar das nossas guerras de agora, que também já duram há anos e não parece irem terminar tão cedo. No momento em que escrevo esta crónica, oiço nas notícias que eclodiu nova guerra no Líbano. E há pouco ligou-me uma amiga que trabalha no SEF (aquilo agora tem outro nome ) a falar exatamente do esforço que estava a fazer para tirar um rapaz de lá. E quando me estiverem a ler tenho a certeza de que já rebentaram mais outras.
E tudo isto bem regado por chuvas, ventos fortes e tempestades.
Nestas alturas o meu irmão Joaquim costuma ligar-me a dizer “isto é o fim do mundo!”, eu chamo-lhe nomes, ele fica mais calmo e pronto.
Porque também é preciso ter calma. Eu sei que é difícil mas nunca ninguém nos disse que a nossa vida só iria ser feita de coisas fáceis. Temos de fazer como a minha amiga Sara que, quando está sozinha dentro do carro e se sente completamente perdida diz baixinho “calma, estou na terra!”
Por muito complicadas que sejam as situações temos sempre de procurar uma solução. Ou então não nos podemos queixar, como sabiamente diz um provérbio chinês: “se tem solução, por que é que te queixas? Se não tem solução, por que é que te queixas?”
E hoje ficamos por aqui.
Neste momento está um sol radioso na Ericeira. Mas de manhã choveu. Até o clima não sabe para onde se há-de virar.
Vou até à varanda olhar para o mar e respirar fundo.
Alice Vieira
Atualmente colabora com a revista “Audácia”, e com o “Jornal de Mafra”.
Publica também poesia, sendo considerada uma das mais importantes escritoras portuguesas de literatura infanto-juvenil.
Pode ler (aqui) as restantes crónicas de Alice Vieira