Mafra | Vila Velha – Misericórdia utilizará terreno e edifício a construir pela Câmara de Mafra

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O Jornal de Mafra  publicou já vários artigos (aqui, aqui, aqui e aqui) referentes ao estado de grande degradação, arrastada ao longo dos anos, de um edifício situado na Vila Velha, paredes meias com a Igreja de S. André – um templo de culto da Igreja Católica Apostólica Romana, propriedade do estado português, classificada como Monumento Nacional, desde 1935 – que albergou durante anos, serviços da Santa Casa da Misericórdia de Mafra.

Nos artigos que publicámos, revelámos o lastimoso estado de degradação do edifício, bem como a sua utilização para fins marginais. Num último artigo, demos conta da demolição do edifício e dos perigos que aquele espaço constituía/constitui, devido à existência de muito entulho, ferros retorcidos, vidro partido e buracos fundos no solo.

Afirmámos então, erradamente, erro que agora corrigimos, que o terreno e o edifício eram propriedade da Misericórdia de Mafra. Na realidade, tivemos conhecimento, na última reunião pública da Câmara Municipal de Mafra (CMM), que a propriedade do espaço é afinal da própria CMM. A referência errada que fizemos em artigo anterior  baseava-se no facto de termos contactado um dirigente da Misericórdia de Mafra que não negou a propriedade, tendo mesmo referido a existência de uma maqueta para o novo edifício da Misericórdia de Mafra que ali iria/irá ser construído.

Esclarecida a questão da propriedade do terreno (e das ruínas), menos se entende como foi possível que a Câmara Municipal de Mafra tivesse deixado, durante anos seguidos, aquele seu/nosso património sujeito a tal abandono e degradação. Mal se entende ainda que demorasse tanto tempo a “reparar” a rede que encimava o muro que confronta com a Igreja de S. André, muro que os jovens (e menos jovens) escalavam para aceder ao edifício degradado.

Menos se entende que depois de demolida a parte do edifício que confrontava com a Igreja de S. André e com a Rua do Castelo (a frontaria principal, que confronta com a Rua Pedro Julião – Papa João XXI continua de pé, pois a sua demolição exige uma autorização especial da DGPC), aquele espaço não tivesse sido vedado, tendo em consideração os muitos perigos que o espaço continua a constituir, com buracos no solo, vidros e ferros retorcidos e portas abertas para o interior da parte do edifício ainda de pé (como as imagens documentam), pois, incompreensivelmente, só algumas portas foram emparedadas.

Todas estes percalços se coadunam muito mal com o facto de a propriedade do edifício ser de uma Câmara Municipal, dando um péssimo exemplo aos privados que queiram demolir e/ou construir no concelho

Há já uma maqueta do novo edifício da Misericórdia de Mafra, edifício que há-de surgir naquele espaço. Sendo a Câmara de Mafra a proprietária do espaço, haveria que gizar um acordo para que ali se viessem/venham a instalar serviços não públicos. Esse acordo já existirá, podendo vir a representar uma verdadeira lotaria milionária para a Santa Casa da Misericórdia de Mafra.

O acordo passará pela demolição do edifício, já em curso e pela construção de um novíssimo edifício, tudo isto a cargo e a expensas da Câmara de Mafra, procedendo-se depois à cedência desse edifício à Misericórdia de Mafra. Este negócio defronta-se, no entanto, com um problema, também ele fruto de um outro negócio entre a Câmara e a Misericórdia de Mafra. O terreno onde há uns anos foi construído um parque público de estacionamento, entre a R. Elias Garcia e a R. Serpa Pinto, em Mafra, era propriedade da Misericórdia de Mafra, entidade que o cedeu à Câmara de Mafra para a construção do estacionamento, tendo a Câmara, em contrapartida prometido ceder à Misericórdia o espaço da Vila Velha. Ora, como a propriedade desse espaço se vai manter do lado da CMM, esta terá/teria de indemnizar a Misericórdia pela cedência do espaço para estacionamento no centro da vila.

A Misericórdia de Mafra não tornou pública a lista dos seus corpos gerentes, sabendo-se, no entanto, que o atual Provedor é Aníbal Rodrigues da Silva (militar na reserva) e que Mariano Franco, marido da vereadora da Câmara de Mafra, Aldevina Rodrigues, desempenha aí também um cargo dirigente, sendo que, a título de curiosidade, também o atual vice-presidente da Câmara Municipal de Mafra, Joaquim Sardinha, entre 1997 e 2011 foi Presidente da Assembleia Geral da instituição. Sabemos que ainda este ano haverá eleições para os corpos gerentes da Misericórdia da Mafra.

 

 

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