Viagem pelo património classificado do município de Mafra | Ermida de Nossa Senhora do Codeçal / Ermida de Nossa Senhora da Piedade

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Viagem pelo património classificado do município de Mafra – Ermida de Nossa Senhora do Codeçal / Ermida de Nossa Senhora da Piedade

 

“Ermida rural de pequena dimensão e feição rustica, reconstruída no século 18, no período pós-terramoto apresenta características tardo-barrocas. Integra-se no conjunto de edifícios religiosos da denominada região saloia, caracterizados por exterior de tratamento arquitetónico austero e por um interior com um esquema planimétrico básico, nave única, sacristia e capela-mor. Assim, apresenta uma planta poligonal, resultante da articulação axial de dois retângulos, de dois registos, correspondentes aos dois corpos principais, a nave única e a capela-mor profunda, mais estreita, a que se adossa, lateralmente, do lado esquerdo, o retângulo da sacristia, precedido, neste caso, pelo de um anexo, com porta independente de acesso ao exterior com a mesma orientação do portal principal. Sobre o seu beirado encontra-se um pequeno pano sineiro. Fachadas rebocadas e caiadas a branco, muito sóbrias, percorrida por faixa pintada a azul-cobalto. Fachada principal, orientada a sul, em empena redonda encimada por cruz pétrea, apresentando dois pináculos boleados no prolongamento dos cunhais, rasgada axialmente por portal de verga reta e moldura de cantaria trabalhada encimado por pequena iluminante, a mediar ambos os vãos, uma cartucha joanina de azulejo azul e branco. Fachada posterior, em empena triangular, encimada por cruz pétrea. Cobertura telhada a duas águas. Interiormente, apresentam nave única com cobertura em abóbada de berço, arco triunfal precedido de teia balaustrada, capela-mor profunda com retábulo-mor em mármore com imagem de vulto do orago, coro com guarda plena adossado à parede fundeira. Embora mantenha o esquema planimétrico habitual, nesta ermida, alvo de grandes romarias logo desde a segunda metade do século 18, é caracterizada justamente a riqueza da sua decoração interior, onde prolifera a pintura mural, o trabalho em gesso, a imaginária, o azulejo, e, sobretudo, os seis painéis retabulares de alto-relevo em barro policromo, representando cenas do Novo Testamento. Ainda de referir a existência de um ex-voto alusivo ao terramoto de 1755, e o delicado trabalho de baixo-relevo do frontal de altar.”

 

Época Construção: Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido

Materiais: Alvenaria mista, reboco pintado, telha, cantaria de calcário, mármore, estuque, madeira pintada e dourada, pintura mural e azulejo.

Protecção: Imóvel de Interesse Público desde 09 maio 1983

Enquadramento: Urbano, destacado, isolado. Situa-se a meia encosta, marcando o centro da pequena povoação do Codeçal, junto ao Celebredo, que se desenvolve em socalco, a sul do Sobral da Abelheira, rodeada por propriedades agrícolas. Confronta com a Casa de Nossa Senhora da Piedade. O adro da igreja constitui um pequeno promontório sobre a Tapada Nacional de Mafra, nas proximidades do portal do Codeçal.

Utilização:
Inicial
: Religiosa: ermida
Actual: Religiosa: capela

Propriedade:
Privada: Igreja Católica

Intervenção Realizada
DGEMN: 1994 – restauro dos estuques e pinturas decorativas, consolidação do arco triunfal, reformulação do sistema de iluminação.

 

Cronologia
1755, 01 novembro – o terramoto destrói a primitiva ermida da invocação de Nossa Senhora da Piedade que aqui existia, conforme se pode aferir do texto de um ex-voto ainda hoje existente no interior do templo; 1756 – edificação da ermida atual, “feita de novo”, à custa de esmolas dos fiéis e sob o patrocínio do rei D. José I (1714 – 1777), conforme inscrição na cartela que encima o portal principal da ermida; 1758 – de acordo com a informação recolhida na Memórias Paroquiais a ermida seria pertença de D. Bárbara de Matos moradora na real vila de Mafra; a freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, ainda segundo informação recolhida nas Memórias Paroquiais, tem 139 vizinhos, 530 pessoas, sendo pertencente à Comarca de Torres Vedras, da apresentação dos priores de Santa Maria do Castelo, Patriarcado de Lisboa, concelho pertencente ao rei de Portugal; 1768 – construção de dependências anexas para albergar peregrinos; séc. 18, segunda metade – sendo local de grande romaria, esta ermida, erguida sob patrocínio real, recebeu um recheio particularmente rico, de que são exemplo os seis retábulos com painéis de barro polícromo que então se executam, provavelmente por escultores da Escola de Mafra, da imaginária e do retábulo-mor em mármore; 1820 – 1855 – durante este período o lugar do Codeçal, Sobral da Abelheira, pertence ao concelho da Azueira; 1868, 28 maio – de acordo com o inventário deste ano, tem de rendimentos 12$180 réis em foros e 7$500 réis de capitais em juro; 1877, 01 junho – segundo informação do presidente da Junta de Paróquia do Sobral da Abelheira, Manuel Fernandes de Oliveira, a ermida deverá ter sido erguida em cumprimento de algum voto ou a expensas da paróquia, não sendo “crível que ela fosse levantada à custa dos habitantes do lugar, que ainda hoje é insignificante”, quanto à data da sua fundação, esta permanece desconhecida, mas julga-se “ser antiguíssima, visto, pela sua decrepitude, ter de ser reedificada por via dos reis de Portugal” em Setecentos; 1888 – 1889 – tem uma Irmandade de Nossa Senhora da Piedade; 1969, 28 fevereiro – tremor de terra provoca fenda na abóbada; 1981, 20 fevereiro – é elaborada proposta de classificação da ermida como IIP – Imóvel de Interesse Público, não obstante, o documento que instrui a proposta alerta para o mau estado de conservação em que o imóvel se encontra, em particular a sua abóbada, onde se verificam várias infiltrações que destroem telhados e estuques; 03 março – despacho do vice-presidente do Instituto Português do Património Cultural anuindo com a classificação; 11 setembro – por ofício enviado à Direção-Geral dos Edifício e Monumentos Nacionais, a Câmara Municipal de Mafra, de acordo com informação do Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado, solicita a recuperação da ermida e apoio financeiro à mesma; 1983, 09 maio – é publicado no DR n.º 106, 1.ª série, o Decreto n.º 31/83 classificando o imóvel como IIP; 13 setembro – o Instituto José de Figueiredo envia uma equipa de conservação de pintura mural ao imóvel; 1984, 12 abril – decisão da DGEMN de avançar com a realização de obras exteriores à cobertura do imóvel, antes da recuperar os estuques da abóbada; 02 agosto – a demora no início da intervenção leva a que a autarquia inicie pequenas reparações; 10 setembro – obras da DGEMN prontas a iniciar, pela consolidação da abóbada e reconstrução do vigamento do telhado; 1986, 21 abril – encontram-se concluídas as obras consideradas mais urgentes; 1989, 03 maio – visita de um equipa da Divisão de Pintura Mural à ermida, informando ser urgente a intervenção no arco triunfal, reforçando-o, havendo desprendimento de algumas pedras que ameaçam a população de fieis; 1990, 08 agosto – o arquiteto Fernando Ferreira, bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, em visita a alguns imóveis do concelho de Mafra, alerta para o estado em que se encontra o arco triunfal, a ameaçar ruina, assim como para a fissura longitudinal que, desde o terramoto de 1969, atravessa a abóbada; 30 outubro – em resposta a DGEMN informa que a consolidação da abóbada foi feita em 1984; 1993, junho – decorrem novos trabalhos de consolidação dos tetos e paredes interiores.

 

[Fonte: DGPC]

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