Crónica | Alexandre Honrado – Os únicos a olhar o céu

Ponho-me muitas vezes a pensar na enorme angústia de existir de um homem como Nicolau Copérnico – Mikolai Koperkik -, astrónomo e matemático polaco, que teve a coragem de dizer ao mundo – e quando se diz “ao mundo” é sempre àquela percentagem muito pequena dos que se interessam e têm capacidade para querer entender – que o Sol era o centro de um sistema em que a Terra se incluía. Até às ideias de Copérnico imperava o Geocentrismo – a Terra sim, era o centro do sistema. A discussão…

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Crónica de Alexandre Honrado | De cabeça perdida há quem peça a cabeça alheia

De cabeça perdida há quem peça a cabeça alheia Incapazes de vencer no jogo político, alguns políticos mobilizam-se hoje em torno da agitação e da propaganda, coisa que parece ter sido copiada a papel químico de alguns períodos extremistas da história do mundo, sendo que agora a aura estalinista brilha sobre a calva de alguns ultraliberais, pagos a peso de ouro para mudarem o regime, tanto mais que nesta fase é beneficiador dos menos favorecidos e aposta na distribuição da riqueza, o que deixa a tremer as mãos que gostam…

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Crónica de Alexandre Honrado | A Cultura da Paz

A Cultura da Paz Ao iniciar o novo ano, com um pouco mais de tempo do que se me tronou habitual em 2017, sentei-me diante do ecrã do televisor e parei em alguns canais que, no resto do ano, não me têm como cliente. Confesso que não sou fundamentalista. Gosto muito de algumas séries; sou viciado em filmes; preciso de informação, como toda a gente e até faço alguma – hoje menos do que na época em que ser jornalista era a minha profissão maior, duro castigo esse mas que…

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Crónica | Alexandre Honrado – Natal de melga

A ideia não é nova. O grande cultor da mesma foi o checo Franz Kafka. Bom, falando com certeza, Kafka era uma metamorfose: nasceu no Império Austro-húngaro mas quando morreu a sua cidade natal era da Checoslováquia. Se voltasse ao mundo, hoje iria à República Checa para rever a sua Praga. Morreu em Klosterneuburg, que foi também Império, depois República e hoje dilui-se no mapa da Áustria. Mas não era isto o que eu queria dizer. Queria dizer que a ideia que me ocorreu já Kafka a trabalhou com veemência.…

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Crónica | Alexandre Honrado – Hoje não choveu

Nos últimos meses houve três dias de chuvas dignas, dessas intensas e que enchem barragens e elevam os caudais, dão à boca da terra alguns refrescos urgentes, sabendo todavia que, quando excessivas, provocam o vómito dos terrenos, sufocam-nos, alagam-nos e afogam-nos – a água é sempre a água, seja a do céu obscuro ou do mar inquietado. Só quando a chuva causa torrente, caudal engrossado e rápido, provoca cheias, inundações, catástrofes, somos levados a meditar na nossa pequenez – e mesmo assim não nos convencemos. É sempre culpa de alguém…

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Crónica | Alexandre Honrado – Ao redor da verdade

Se as pedras dissessem a verdade, existiriam muito mais pedras no fundo do mar. Na intrincada rede das mentiras aparecem alguns a reclamar a verdade, sabendo-se que nada é absolutamente verdadeiro e que o que agrada a uns nunca será da boa aceitação de tantos outros. Porque a verdade – e essa parece ser a única verdade – é uma oscilação dentro de um sistema de valores. É aquilo que faz de um assassino um herói, dependendo de quem lhe põe a arma e a missão nas mãos. O que…

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Crónica | Alexandre Honrado – Em luta pela paz (sempre)

A Paz, como tema, tem vindo recentemente à tona das mais mportantes realizações do pensamento, dos centros que mais a promovem a outros que, por inesperados, são ainda mais de louvar. Não há, vendo bem, um intérprete habilitado da Paz, alguém que fale em nome dos povos. É claro que António Guterres, o Papa Francisco, o 14º Dalai Lama, Malala Yousafza ou Kailash Satyarthi, em escalas diferentes e muito pouco difundidas, têm uma palavra intensa que devemos escutar. Mas são exceções num mundo convulsivo. Há, isso sim e cada vez…

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Crónica | Alexandre Honrado – Peço desculpa

Os livros de viagens, as narrativas de viagens, o imaginário que leva qualquer um de nós às deslocações mais surpreendentes, a migração, o refúgio, o alcançar terras desconhecidas, a procura de riqueza sempre num lugar diferente daquele em que se nasceu, o melhor pasto, o mais fecundo chão, o rio mais generoso, leva-nos a partir e a ficar… O movimento está na matriz dos povos. A procura de sustento ou da caverna mais espaçosa, o clima mais pródigo ou pelo menos o lugar mais ameno: movimento. Na pré-história, as maiores…

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Crónica | Alexandre Honrado – LEIA. Ou passe adiante.

Participei na semana passada em seminários e debates – três, para ser exato, profícuos, de força prolífera e muito cansativos, como todos os outros – dos quais saí com algumas convicções reforçadas. Em primeiro lugar que devemos estabelecer cumplicidades com a incompreensão. A ideia estonteante e muito enganadora de que compreendemos o que nos rodeia – e no que nos rodeia há o tangível e o intangível, o tridimensional e o abstrato, o bidimensional e o invisível, só para encher a linha com algumas das diferenças – é falaciosa. É…

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Crónica de Alexandre Honrado | A ordem é sempre estranha

A ordem é sempre estranha Sentado a uma mesa, com uma tarefa preciosa: pensar. Se alguém tivesse lido Virgílio Ferreira, notaria a contradição. Há uma diferença em que se insere a interminável discussão entre os sistemas do pensar – e a indiscutibilidade daquele que é o nosso (sim, o nosso pensar, o nosso pensamento, o eu imperfeito que nos move).  Por isso, trocarei o verbo PENSAR pelo substantivo masculino alheamento. Isso! Isso mesmo! Reformulo. Estava eu a executar uma tarefa preciosa: a alhear-me. Repare-se que é na abstração que se…

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