Crónica de Alexandre Honrado A propósito de Camões Sem Camões, o poeta português, o mundo seria mais infeliz e não compreenderia a dimensão global que a palavra, a mensagem, o verbo, podem ter ao procurar explicar e interpretar com euforia a verdadeira sensibilidade do mundo. Esta frase ajusta-se a outros poetas, admita-se, mas Luís Vaz de Camões, pelo critério e pelo mistério, pelo afeto e pela irreverência, pela aventura e pelas adversidades, sobreviveu ao que foi – um Homem do Renascimento e do atrevimento — ocupando um pedestal da…
Ler maisEtiqueta: Alexandre Honrado
Crónica de Alexandre Honrado | A Europa como Utopia
Crónica de Alexandre Honrado A Europa como Utopia Em tempo de reformular a Europa, considero oportuno resgatar um texto que publiquei, com maior desenvolvimento é certo, no recém-editado — pela Petrony Editores — Dicionário dos Valores e Cidadania Europeia. Não resisto em partilhar esta passagem. Aí vai: A Europa é, antes do mais, uma utopia. Um lugar ideal, idealizado, fora do real, onde as pessoas anseiam viver bem, com justiça e solidariedade social, paz, equilíbrio e interajuda. Essas características justificam a razão maior pela qual milhões de pessoas,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Conservador Ou Progressista Na Quadra Do Consumo?
Crónica de Alexandre Honrado Conservador Ou Progressista Na Quadra Do Consumo? Tive familiares que trabalharam na indústria conserveira, numa época em que conservar, muito especialmente alimentos, fazia todo o sentido. Tão distante que o mundo estava do excedente, da soberba do consumo, da imbecilidade do açambarcamento inútil! É curioso lembrar que, apesar das conservas, nenhum deles, entre os meus ancestrais, ao que parece, era conservador. O conservador é aquele medroso que nega o progresso e os progressistas, com medo de perder a sua vida, acinzentada e sem desafios, por…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | NATAL Fora de Dezembro
Crónica de Alexandre Honrado NATAL Fora de Dezembro Todos os anos escrevo um poema de Natal que, todavia, não fala de Natal nem é escrito em dezembro. A vida tem, como certas libertações e certos castigos, a exigência do pagamento de preços altos, por vezes muito altos. Constrói-se a poética sobre alicerces de memórias. Essas que abalaram mais os sentimentos, retirando o indivíduo aos seus coletivos. E dando-lhe dureza de um ser só. E a dureza de ser um só. Assim sendo, enredam-se sempre memórias e o sentir, em…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Sorte?
Crónica de Alexandre Honrado Sorte? Há pouco, no adro da Igreja, encontrei-me com outros homens sem fé e discutimos se os deuses são gestores da sorte, que condenam à morte ditadores, os monges budistas, crianças inocentes, quem lhe estiver ao alcance. Chamem-lhe costume ou superstição ou feng shui. Imagina agora que lá fora estão a pintar as paredes com sprays desinquietos (dos artistas famosos aos empreiteiros, todos queremos deixar a nossa assinatura) e eu aqui, à espera da sorte, deitado em cima do pano verde das apostas, a escutar…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Todo este fogo que arde em nós
Crónica de Alexandre Honrado O TRIUNFO DA INSENSIBILIDADE (OU PORQUE É QUE NÃO SOMOS NADA ESTÉTICOS) Somos uma incógnita e nunca conseguimos responder à dúvida dupla: o homem faz a vida ou a vida faz o homem? Se pusermos ao espelho o homem ocidental de hoje, ele é um reflexo padronizado: veste marcas universais, usando o luxo ou os mais originais gadgets da moda, mesmo por imitação, enquanto adelgaça as formas em ginásios comuns, faz cirurgias estéticas para se aproximar de um padrão qualquer que a estação…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Todo este fogo que arde em nós
Crónica de Alexandre Honrado Todo este fogo que arde em nós Não devíamos esquecer os mortos — e, todavia, o que vai ficando de cada um daqueles que partem é uma mancha que se dilui com o tempo até o lugar que ocupavam em vida não fazer grande sentido. Esquecer os mortos é esquecermo-nos. É acreditar que somos apenas formatos singulares sem rasto nem raiz nem memórias, quando afinal são esses traços que nos permitem as ousadias plurais: rasto, raiz, memória, lugares de onde partimos para ser…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Maus e bons e os outros todos
Crónica de Alexandre Honrado Maus e bons e os outros todos Discutiam antigos filósofos ideias de bondade e de maldade, acreditando uns que seria na civilização e no progresso que o ser humano conseguiria encontrar o apaziguamento para os seus ódios mais extremos. O que nele se encontrasse de primário e rude, seria com o tempo transformado em qualquer coisa que o levaria à perfeição, ou muito próximo. O animal que gatinhava, mal se equilibrando, que urrava e caçava com as mãos, seria, anos depois, um deus, ninguém…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | AFETOS QUE NOS AFETAM: a reconstrução
Crónica de Alexandre Honrado AFETOS QUE NOS AFETAM: a reconstrução Nenhum itinerário pode considerar-se completo quando o tratamos em forma narrativa. Duas pessoas farão relatos do mesmo percurso de duas formas diferentes. Ambas evocarão memórias singulares e não coincidentes. Pequenos detalhes chegarão depois, vindos sem intenção pré-definida, acrescentarão um ponto a cada conto. Mesmo que se parta ao mesmo tempo de uma linha de partida e se chegue aparentemente a par a uma meta, ombreando, imitando os passos de outro, somos marcados por diferenças e complexidades. É por isso…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Passeio pela cidade
Crónica de Alexandre Honrado Passeio pela cidade Por vezes, a cidade é História, outras o simples recanto sombrio que permitiu histórias e lendas, tornando-se, em qualquer dos casos, ponto de encontro da civilização humana. Ou é, em alternativa, o que a história esqueceu no seu percurso, ficando a esmaecer nos anos com o que lhe sobra de ocupação do homem, esse ser simultaneamente religioso, político, económico, sensual, cultural, capaz de deixar à sua passagem tantos vestígios e pegadas desperdiçadas. Na atualidade, a cidade é obrigatoriamente a perceção da sua multiculturalidade,…
Ler mais