Secundária José Saramago | Covid-19 – Encarregados de educação alarmados com falta de testagem e de quarentena

escola Saramago

Chegaram ao Jornal de Mafra várias queixas de pais e de encarregados de educação de alunos da Escola Secundária José Saramago (ESJS) em Mafra, que se mostram perplexos e alarmados com uma comunicação que estão a receber da direção da escola e de diretores de turmas nas quais foram detetados alunos infetados por covid-19.

Direção ESJS quinta, 19/11, 15:53
para Bcc: professores

Boa tarde
Transcreve-se a informação obtida da Sra Delegada de Saúde hoje de manhã, sobre a mudança de procedimentos em casos de COVID19, em contexto escolar.
“Informo que os critérios de avaliação de casos positivos detetados em escolas foram uniformizados e as turmas de Ensino Secundário não tem indicação para quarentena e teste.
Apenas os contactos de alto risco (que acontecem sobretudo fora da escola e são, por isso, considerados contactos sociais e não escolares), avaliados caso a caso, têm indicação nossa para quarentena.
Naturalmente, pode acontecer que esses contactos incluam outros alunos, com quem os casos positivos convivem socialmente, mas fora do âmbito escolar.”
NOTAS:
1. Deixa de haver quarentenas para as turmas.
2. Realça-se a necessidade da UTILIZAÇÃO RIGOROSA da máscara em qualquer contexto. Na ausência da mesma (nas aulas de educação física) o distanciamento social é para cumprir.
3. Estando a turma na escola não haverá aulas online, uma vez que não temos recursos humanos para o efeito, e os professores no ensino presencial não são obrigados a ligar as câmaras. Só o farão se se sentirem confortáveis com a situação.
Com os melhores cumprimentos

Um dos encarregados de educação que contactou o Jornal de Mafra afirma: “ontem recebi [a referida comunicação] de uma turma onde foi testado um aluno positivo anteontem, quando a turma estava já em quarentena, tendo sido suspensa hoje [a quarentena]”. Esta comunicação foi enviada para os encarregados de educação de alunos da Escola Secundária José Saramago estando assinada pela respetiva Diretora de Turma.

Dados divulgados hoje pela DGS dão conta de um aumento de 66% do número de casos de covid-19 entre crianças até aos nove anos e da existência de 68 surtos em escolas

Assim, na ESJS, os colegas de turma de alunos que testaram positivo a covid-19, estando portanto em fase de contágio, têm de voltar à escola no dia seguinte, sem que a turma fique em quarentena e sem que os alunos sejam submetidos a testes de despistagem. Isto ocorre em Mafra, um concelho classificado como de elevado risco de contágio, num momento em que o país se encontra em estado de emergência e a caminho daquele que alguns epidemiologistas consideram poder vir a ser o pico deste surto.

Perante a indignação de pais e professores, foram solicitados os fundamentos desta decisão…mas nada” refere o encarregado de educação.

Outro encarregado de educação classifica como “gravíssima” esta informação da Delegada de Saúde de Mafra, afirmando ser inaceitável, defender que “nas escolas não haja contágios, só fora delas“.

A FENPROF, organização sindical dos professores também tomou recentemente posição quanto à necessidade de proceder a testes de despistagem nas escolas. Esta a estrutura sindical afirma ser “útil e indispensável” que os testes venham a ser obrigatórios para “evitar que situações assintomáticas de infeção possam causar problemas cuja gravidade só venha a ser conhecida tardiamente“.

De resto, há um estudo levado a cabo no Reino Unido aponta para que os alunos do ensino secundário possam representar um maior risco de transmissão do que os alunos do ensino básico.

Mafra: nº de casos confirmados por mês desde o início da pandemia

É certo que em termos de risco, os dados epidemiológicos relativos à letalidade e à mortalidade apontam sobretudo para os mais idosos, assim, embora as taxas de letalidade grave e de mortalidade em jovens sejam muito baixas, não impedir situações de contágio entre jovens pode levar ao alastrar da pandemia no seio das famílias, acabando por afetar os mais idosos, precisamente no local onde se sentem mais suros, no meio familiar. Finalmente, por alguma razão assistimos à atuação das autoridades na repressão de ajuntamentos e de festas onde convivem sobretudo jovens, e essa razão passa precisamente por impedir situações em que jovens infetados, mas assintomáticos possam contagiar populações de risco.

Numa situação como aquela que vivemos, atingir o equilíbrio entre níveis de convívio que sejam fonte de sanidade mental, que permitam a continuidade da atividade produtiva, que assegurem níveis aceitáveis de emprego, que assegurem condições de funcionamento da economia, que permitam a circulação e o trabalho de todas as atividades essenciais à vida em sociedade, a recolha do lixo, as atividades ligadas à saúde, à segurança, ao fornecimento de bens essenciais, ao ensino dos nossos jovens, ao apoio aos idosos e também a atividade cultural – conseguir este equilíbrio é uma tarefa que só permite aproximações.

Espera-se que em breve, a vacinação em massa possa aliviar a pressão que a pandemia está a exercer sobre todas as pessoas e sobre todas as instituições.

Mafra: número de casos por dia nos últimos 7 dias

Conheça aqui a Situação Epidemiológica nos Agrupamentos de escolas de Mafra e Ericeira, pelo menos daqueles que informam com transparência.

As normas da Direção Geral de Saúde com aplicação em situações Covid relacionadas com a ocorrência de casos em meio escolar, são as seguintes:

COVID-19: Rastreio de contactos
COVID-19: Abordagem do Doente com Suspeita ou Infeção por SARS-CoV-2
Referencial Escolas – Controlo da Transmissão de COVID-19 em Contexto Escolar

 

 

 

 

 

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