Palácio dos Marqueses é agora o Airbnb (alojamento local) da Câmara de Mafra
Em setembro de 2023, a câmara de Mafra decidiu revogar (anular) o contrato de comodato que mantinha com o Instituto Luso-lírio para o Desenvolvimento Humano (iLIDH), recuperando para seu usufruto o Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima, segundo alegou, com a benévola intenção de aí instalar uma Pousada da Juventude e um centro juvenil.
A decisão de revogar o contrato custou aos cofres da câmara 1.600.000,00 € acrescido de IVA à taxa legal em vigor (ver artigo sobre a aquisição). Já a “reabilitação” do edifício e da sua envolvente custou ao erário público, mais de 600 mil euros (ver artigo).
Em janeiro, a câmara atribuiu a gestão do Palácio de Marqueses de Ponte do Lima (incluindo a Pousada) à sua empresa municipal Giatul — Atividades Lúdicas, Infraestruturas e Rodovias, EM, SA.
O Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima disponibiliza agora alojamento turístico a jovem, adultos e idosos, disponibilizando 45 camas distribuídas por 14 quartos. Os quartos, como é de regra, podem ser reservados recorrendo às plataformas turísticas habituais, como o Airbnb ou o Booking.
A Câmara de Mafra é então detentora de alojamentos locais com estadias para alugar no mercado turístico geral.
A Giatul é ainda gestora do Parque de campismo da Ericeira, que em 2023 foi alvo de uma polémica reabilitação (saber mais aqui e aqui) e cedeu parte dos seus terrenos para a construção do futuro Parque Verde da Ericeira (saber mais sobre a cedência).
A Câmara de Mafra assume-se, assim, como um importante e influente player no mercado turístico local, “tamponando “investimento privado através da utilização de fundos públicos.
Sobre o Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima
O Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima é um edifício do século XVII situado na Vila Velha. Mantevre-se ao abandono durante muitos anos até atingir o mais completo estado de degradação.
Em 2016, o Instituto Luso-lírio para o Desenvolvimento Humano (ILIDH) — uma “entidade privada sem fins lucrativos, visando fins de utilidade pública geral, com uma presença relevante no contexto nacional e internacional de Investigação & Desenvolvimento”, com especial relevância na área da educação, e que adotou naquele espaço, a designação de Universidade dos Valores — recorrendo a financiamento próprio e de parceiros (cerca de 1.300.000 euros) reabilitou o palácio no quadro de um contrato de comodato assinado em 2011 com a Câmara Mafra.
Em troca da reabilitação do edifício a câmara concedeu ao ILIDH, por um período de 30 anos, o usufruto do palácio e da propriedade envolvente, sito na Rua do Castelo, Vila Velha de Mafra.
Um conflito entre a Câmara e o ILIDH levou a edilidade a retomar a propriedade daquele espaço.
[Imagem de uma das plataformas de venda de alojamentos]