Opinião Política | Ricardo Vicente [PAN] – Balanço possível dos debates…e que comece a campanha de rua

RICARDO VICENTE (2)

Opinião Política | Ricardo Vicente [PAN] — Balanço possível dos debates…e que comece a campanha de rua

 

Durante 3 semanas tivemos a oportunidade de ver e ouvir uma série de 30 debates televisivos (na data em que escrevo este artigo fica a faltar o debate com todos os partidos com assento parlamentar), nos quais os líderes partidários, com e sem assento parlamentar, se confrontaram, apresentaram as suas propostas, modelos de governação e visões para o futuro do país. Nem sempre o conseguiram, mas o formato definido não ajudou e, a espaços, nem os jornalistas. Não se pode esperar grande profundidade de pensamento político em 30 minutos. Em abono da verdade, e não tirando mérito a nenhum dos Partidos, o debate que mais interessava à maioria dos portugueses aconteceu entre Pedro Nuno Santos (PS) e Luís Montenegro (PSD) que durou com duração prevista de 75 minutos e transmissão nas três televisões generalistas. Outro aspeto que não poderia deixar de destacar prende-se com o tempo infindável de opiniões e classificações no pós-debate. Tempo que seria mais bem empregue no debate entre candidatos.

Não querendo entrar no detalhe dos debates, seria uma tarefe hercúlea e que daria origem a uma enciclopédia britânica, gostaria de deixar aqui algumas notas pessoais.

Os frente a frente proporcionaram momentos de confronto direto e debate político permitindo aos eleitores avaliar as capacidades e argumentos de cada candidato. A maioria dos debates decorreram de forma intensa, com algumas exceções (os debates com o PCP não animam, bem como, o que ocorreu entre o Livre e o PAN), e onde os líderes partidários tentaram, nem sempre o conseguiram, transmitir as suas propostas em temas tão cruciais para o país, como a economia, fiscalidade, saúde, educação, ambiente e habitação. Falou-se muito pouco ou nada de justiça, cultura, apoios sociais (apenas o complemento solidário para idosos) e segurança.

A economia foi um tema central, em quase todos os frente-a-frente, com os partidos a apresentar a sua visão para o crescimento e a criação de empregos tendo-se aflorado a necessidade de uma economia mais ambientalmente sustentável. Na saúde a discussão centrou-se mais na ideologia política e nas consequentes soluções à direita e à esquerda para salvar o SNS, nomeadamente no reforço do investimento e na melhoria dos cuidados médicos. Aqui não houve grandes novidades. A direita mais preocupada em cheques e nos grupos privados e a esquerda a defender o legado de Arnault. Na habitação os portugueses não podem esperar grandes soluções, nem à esquerda nem à direita, para colmatar a ausência de casas e a preços acessíveis. A discussão continuará muito para lá das eleições e as poucas casas em construção não resolverão este problema estrutural. Já no estímulo ao emprego, jovem ou não, não me recordo de nenhuma medida em particular…acho que nem foi abordado de forma séria em nenhum frente-a-frente.

Os debates são positivos para a democracia portuguesa e para a sua consolidação e amadurecimento. No entanto, é fundamental criar condições que permitam, a todos os partidos, mais tempo, tempo que lhes permita aprofundar, e discutir, as suas propostas políticas, tornando-os assim num instrumento fundamental para o debate político e para a participação dos cidadãos na vida democrática do país. Agora, cabe aos cidadãos escolherem o futuro líder que melhor representa os interesses e aspirações para Portugal.

E que comece a campanha nas ruas!!

As opiniões expressas neste artigo são da responsabilidade exclusiva do autor

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