OPINIÃO POLÍTICA | Pedro Ramos – Precariedade laboral e na vida

PRECARIEDADE LABORAL E NA VIDA

 

Este é um tema que é transversal na sociedade portuguesa, sendo por isso um mal que afecta os trabalhadores que têm a sua actividade profissional no nosso concelho.

Temos que respeitar quem trabalha no nosso concelho. O Bloco de Esquerda apresentou-se nas últimas eleições com um programa onde defende a regularização dos trabalhadores precários da autarquia, mas queremos ir mais longe, erradicando também a precariedade nas juntas de freguesia. Este terá de ser um objectivo a concretizar no mais curto espaço de tempo, se todas e todos os eleitos quiserem respeitar os que vivem do trabalho.

Defendemos ainda uma escolha rigorosa dos fornecedores externos por parte da Câmara Municipal e das juntas, que nas suas empresas não recorram à precariedade nem discriminem as mulheres.

A precariedade nos serviços públicos é um flagelo que afecta milhares de pessoas, que preenchem necessidades permanentes dos serviços, mas que são contratadas através de empresas externas – o chamado falso outsourcing, o que no nosso ponto de vista, é algo inadmissível, tendo o Governo de tomar medidas sérias para acabar com esta vergonha e abuso. Nestes casos, essas empresas ficam com parte do salário do trabalhador e o Estado ainda lhes paga por isso, ou seja, perdem os trabalhadores e os cidadãos contribuintes.

No nosso concelho, a precariedade também se faz sentir de forma intensa no sector privado. Uma grande parte das empresas aqui sediadas recorrem às empresas de trabalho temporário para satisfazer as suas necessidades de mão de obra, na sua maioria permanentes, que no nosso entender devem ser colmatadas com contratos permanentes, sem recorrer a empresas de trabalho temporário que minam a nossa sociedade.

Estes tipos de contrato precários criam grandes dificuldades aos trabalhadores, nomeadamente, no acesso a empréstimos para adquirir casa, desregulam por completo a vida pessoal e social das pessoas, pois nunca sabem com o que se pode contar no dia a seguir. Os trabalhadores com este tipo de contrato sente-se, na sua maioria, com receio de ter filhos e de constituir família, pois nunca sabem o futuro que lhes poderão dar.

Um trabalhador com vínculo precário aufere um salário, em média, 30% a 40% inferior ao de um trabalhador com vínculo efectivo e têm uma maior possibilidade de cair no desemprego e ficar sem qualquer protecção social, pois geralmente não trabalha o tempo suficiente para alcançar os prazos de garantia mínimos de acesso às prestações sociais.

Não é com certeza isto que queremos, temos que fazer mudanças para podermos ter uma sociedade mais justa onde todas e todos tenham as mesmas oportunidades de terem um futuro mais risonho.

Precisamos é de emprego de qualidade e com direitos e não de precariedade, é nesta base que a economia do País tem de ser alavancada.

Isto é uma luta que depende da mobilização de toda a sociedade e em particular dos trabalhadores nestas condições, porque neste processo ninguém pode ficar para trás.

Esta luta vai ser decisiva para que muitos outros trabalhadores, nomeadamente jovens, consigam a estabilidade e a segurança que a precariedade lhes rouba todos os dias.

 

Pedro Ramos
Bloco de Esquerda

 

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