OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha – O que aconteceria se escolhesse não comer carne um dia por semana?

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O que aconteceria se escolhesse não comer carne um dia por semana?

 

O consumo de carne e produtos de origem animal, devido a inúmeros fatores, nunca foi tão elevado no Ocidente.

Somos quase 7 bilhões de pessoas no planeta e criamos, para produzir carne, mais de 70 bilhões de animais anualmente (Dados FAO Food and Agriculture Organization of United Nations, 2010). Estes consomem água, comida e recursos energéticos, exigem espaço, despejam detritos, contaminam águas, causam erosão e geram poluição atmosférica. A criação de animais para abate é uma forma ineficiente de produzir alimentos: para cada quilo de proteína animal são necessários de 3 a 10 kg de proteína vegetal (milho, soja etc.) (FAO, 2005).

A indústria de carne é responsável por 18% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa, ao passo que todos os transportes somados geram 13%. (Dados FAO, 2006).A pecuária gera diretamente 80% da desflorestação no bioma amazónico e 14% em todo o mundo.

Se a uma escala global optássemos por não comer produtos de origem animal um dia por semana, isso teria um significativo impacto nesta indústria. Reduziria gastos de produção e transporte, consequentemente uma diminuição de emissões de gases efeitos estufa, responsáveis pelas alterações climáticas.

O Movimento das 2as Sem Carne é um Movimento global, que começou em 2003 nos Estados Unidos da América. Trata-se de uma campanha que visa contribuir para a tomada de consciência por parte da população para o impacto que o consumo excessivo de carne tem sobre a saúde humana, o ambiente e os animais.

Hoje, esta campanha já está representada em cerca de 24 países e conta com o apoio de inúmeras figuras públicas, como Sir Paul McCartney e de líderes internacionais dos mais variados quadrantes.

Em Portugal, esta campanha foi lançada em Outubro de 2011 pelo PAN, com um objetivo muito claro: reduzir o consumo de carne em 15%, o equivalente a um dia por semana, para ajudar a reduzir o risco de desenvolver doenças crónicas, travar as alterações climáticas e minimizar o sofrimento animal.

Diversos estudos associam o consumo da carne a vários problemas de saúde, nomeadamente obesidade, diabetes, doenças cardio-vasculares e cancro.

Reduzir a ingestão excessiva de proteínas animais e gorduras saturadas é um primeiro passo para reduzir em 30% as probabilidades de desenvolver doenças coronárias, em até 50% o risco de desenvolver diabetes e em mais de 80% o aparecimento de cancro do cólon. Porque não eliminar do seu prato a carne, uma vez por semana?

Como foi referido, 70 biliões de animais são criados e abatidos anualmente para alimentar os humanos, segundo o Worldwatch Institute. Destes, quase 70% em regime de pecuária intensiva, que os sujeita a uma crueldade inimaginável. As fêmeas são engravidadas à força, as crias retiradas das mães, os porcos são castrados a frio à nascença, são engordados com dietas à base de proteínas e muitas vezes são mal-tratados. Vivem em espaços onde mal se podem mexer, muitas vezes hiperlotados, o que leva, no caso das galinhas por exemplo, a que vejam os seus bicos serem cortados para não se magoarem mutuamente. Para se manterem saudáveis, são medicados regularmente com antibióticos, que acabam por entrar na nossa cadeia alimentar.

Mesmo que não se opte por uma dieta vegetariana, a redução do consumo de produtos de origem animal, traz benefícios para tudo e todos. Se pensarmos bem, a roda dos alimentos apenas tem um pequena fatia para estes produtos (5%) e na realidade a população excede em muito o seu consumo. Pense no espaço que a carne (incluindo o peixe) ocupa no seu prato. Corresponde a essa percentagem?

Vale ou não a pena deixar de comer carne pelo menos uma vez por semana?

No último Concelho Municipal da Juventude de 9 de Outubro 2018, propusemos que pudesse ser sugerido às escolas dos Agrupamentos de Mafra a adesão a esta iniciativa que, na nossa ótica, apenas apresenta benefícios. Esperamos que possam ter em consideração esta sugestão. Deixamos este desafio a todos e todas, pela sua saúde, pelo ambiente e pelos animais.

 

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