OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha – Diversão e poluição não combinam – o Festival do Pão

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DIVERSÃO E POLUIÇÃO NÃO COMBINAM – O FESTIVAL DO PÃO

Todos e todas sabemos que quando fazemos uma festa em casa, usar louça de plástico dá um jeitão. Tem-se menos trabalho e a casa arruma-se mais depressa, levanta-se a mesa e vai tudo para o saco do lixo. Contudo, esse momento de prazer e diversão tem uma pegada ecológica gigante. Veja o lixo que produziu. O lixo não desaparece porque entrou no contentor. Estamos atualmente a travar uma guerra contra o plástico descartável.

Em 2021, será proibida a venda de artigos de plástico de utilização única, em todos os Estados-membro da União Europeia (U.E.). A proposta votada favoravelmente em outubro passado, no Parlamento Europeu, insere-se na Estratégia Europeia para os Plásticos. Estima-se que os produtos de plástico descartáveis cobertos pela proposta e as artes de pesca representam cerca de 70% do lixo marinho, e entre eles estão os pratos, talheres, copos e palhinhas de plástico.

Segundo um comunicado do Conselho de Ministros do Ambiente da U.E., o lixo marítimo é um problema global cada vez maior” e “se nada for feito, em 2050 haverá mais plásticos no mar do que peixes.”

O Festival do Pão de Mafra é um dos maiores eventos do nosso concelho, que atrai à vila milhares de pessoas, e que ali têm a oportunidade não só de saborear o afamado Pão de Mafra como de provar as mais variadas especialidades gastronómicas regionais. Além de unir lazer, tradição e cultura, pretende-se que, a par desta nova consciência ecológica, tenha também um carácter de educação ambiental. Na passada Assembleia Municipal de Mafra de dia 21 de fevereiro, o PAN propôs que o próximo Festival do Pão fosse livre de plásticos descartáveis de várias naturezas. Com esta medida reduzir-se-ia o lixo produzido durante os vários dias do evento contribuindo para um concelho mais amigo do ambiente, sensibilizando os munícipes para a redução dos resíduos e da sua pegada ecológica.

A Câmara Municipal de Mafra tem estado a dar positivos passos ao nível da sensibilização para a sustentabilidade e para uma maior consciência ecológica. Neste momento Mafra integra o projeto-piloto “Geração Azul”, lançou um filme de animação sobre a importância da redução e reciclagem dos resíduos e faz ações de sensibilização ambiental nas escolas para a redução dos plásticos. A sensibilização tem como propósito uma mudança: a mudança para a qual se faz sensibilização. O voto contra a moção apresentada para organizar-se o Festival do Pão sem plásticos descartáveis lembra aquela máxima “faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço”. Bem sabemos que a logística muda, é necessário lavar loiça, dá mais trabalho. Mas é e já foi possível. A existência do plástico descartável é recente na história da humanidade.

O Festival do Pão dura duas semanas e tem uma grande afluência. As toneladas de lixo que seriam poupados seria gigante, para além de preconizar valores que a Câmara se orgulha de transmitir. Todos sabemos que a Redução é das mais importantes medidas ecológicas, seguindo-lhe a reutilização e depois a reciclagem. Um evento não ecologicamente sustentado não deveria ser realizado. Existe atualmente um desequilíbrio entre os recursos do planeta e as necessidades humanas. Temos esgotado e poluído o planeta a níveis que desequilibraram os ecossistemas e colocam em causa o futuro da humanidade e de muitas espécies (muitas espécies já se extinguiram por responsabilidade da ação humana no planeta). Sendo assim, há medidas de compensação que devem ser feitas. Se é possível ser realizado então temos essa obrigação. Devemos faze-lo mesmo que dê mais trabalho e eventualmente se gaste mais dinheiro. Há valores maiores que se levantam. Os da vida! Temos essa obrigação para com as futuras gerações!

Como vai fazer na próxima festa que organizar?

 

 

 

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