OPINIÃO POLÍTICA | Mário de Sousa – Tudo continua muito poucochinho!

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Tudo continua muito poucochinho!

 

Passadas que foram as eleições europeias, nada mudou no nosso concelho. E não era de esperar que algo acontecesse ou mudasse. No fundo a perceção dos Mafrenses sobre o que poderá vir da Europa ou em que é que a Europa nos pode ajudar, é aquela que as forças políticas vigentes nos nossos destinos concelhios nos transmitem ou transmitiram: nada ou quase nada!

Foi por isso que tudo foi pacífico; bastaram os debates de fraquíssima qualidade que nos foram oferecidos pela televisão, debates que disso mesmo só tiveram o nome, para que na melhor das boas vontades os Mafrenses se deslocassem à sua mesa de voto não para votarem em projetos que não conheciam mas sim para apoiarem o seu Partido. Porquê naquele Partido? Porque sim! E os Partidos agradeceram mas arrancaram os cabelos com a quantidade avara de votos que entraram nas urnas.

Como sempre em coisas destas existe sempre um vencedor que é o que tem mais votos e depois vêm todos os outros dos quais o 2º é o melhor de todos os que perderam. Mas em política existem sempre algumas nuances. Os votos só são seguros se forem muitos ou seja se a diferença entre o 1º e o 2º for confortável porque senão tudo se pode inverter. E quer se queira quer não foi isso que aconteceu aqui em Mafra. A onda que pintou o concelho de rosa foi apenas uma de mão e muito aguada. Senão vejamos:


O número de eleitores inscritos subiu de 60.634 (2014) para 65.167 (2019)     + 4.533
O número de votantes                   subiu de 21.395 (2014) para 25.826 (2019)    + 4.431
A abstenção desceu de 64,71% (2014) para 60,31% (2019)

Comparemos então os votos obtidos pelo PS com os votos obtidos pelo conjunto PPD/PSD + CDS-PP equivalente à coligação PPD/PSD.CDS-PP de 2014:

PS                          30,08%  c/ 7.768 votos   contra 26,06% c/ 5.575 votos (2014)
PPD/PSD             21,79%  c/ 5.267 votos
CDS-PP                   5,77%  c/ 1.489 votos
27,56%  c/ 6.756 votos  contra 27,89% c/ 5.966 votos (2014)   PPD/PSD.CDS-PP
Saldo líquido conquistado 1.102 votos        4% dos votantes – 2% dos inscritos

Vejamos agora quanto valem os pequenos partidos:

     11,93%  c/ 3.082 votos – 3ª força política no Concelho

 

     8.09% c/ 2.090 votos   –  4ª força política no Concelho

 

Penso que estes números explicam bem o sentimento dos Mafrenses na forma como expressaram o seu voto. Pouco se alterou nos partidos de topo mas a contestação lavra de forma bem expressiva no que respeita aos ditos ‘pequenos partidos’. E porquê?

Porque na verdade os partidos tradicionais não têm hoje nenhuma bandeira para agitar, nenhum objetivo para oferecer, pelo menos em termos europeus, enquanto os ‘pequenos partidos’ têm uma bandeira, um objetivo. Pode-se não gostar dela ou dele, pode-não acreditar nela ou nele, mas eles lutam pelas suas convicções, pelo seu objetivo. E na sua fraqueza acabam por ter uma resiliência já desconhecida dos partidos do poder demasiado preocupados com lugares elegíveis e subvenções.

Resta-nos ter esperança de que o debate institucional ganhe respeito, objetivo, clareza, ética e honestidade intelectual. Enquanto isso não acontecer continuaremos a assistir a uma autêntica peregrinação de eleitores na busca de um qualquer grupo também em movimento na construção de um novo partido à sua medida. E tenhamos noção de que deste bricolage não sairá nada de bom para a nossa democracia.

 

Mafra, 12 de Junho de 2019
Mário de Sousa

 


Pode ler (aqui) os outros artigos de opinião de Mário de Sousa.


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