Qualidade de Vida II
No último artigo, procurei dar uma visão condensada do que para a OMS, significa Qualidade de Vida: “…a perceção do indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.”[i]
Esta definição resulta de um amplo consenso internacional e pretende transmitir uma visão transcultural e multidimensional de uma teia de influências: saúde física e psicológica, níveis de dependência, crenças pessoais e relações sociais. Estes vetores em conjunto, dão corpo à qualidade de vida de cada indivíduo (WHOQOL Group, 1993, 1994, 1995, 1998). É neste contexto que Calman[ii] refere:
‘Qualidade de vida é um conceito difícil de definir e de avaliar. Como hipótese, a Qualidade de Vida é o índice obtido pela diferença, ou o intervalo, num determinado período de tempo entre as esperanças e expetativas de um indivíduo e as suas experiências no presente. A qualidade de vida só pode ser descrita pelo próprio indivíduo pois carrega consigo muitos aspetos da sua própria vida.’[iii]
E como a poderemos avaliar e quantificar? A OMS sugere a utilização de um instrumento designado por World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) que recebeu a designação genérica de WHOQOL-100 e que na variante de cada país, recebe mais 4 perguntas específicas.
Não vou aqui apresentar todo o questionário mas apenas algumas das perguntas mais significativas e que, de um modo geral, têm maior impacto na vida de cada um. No entanto, para quem estiver interessado em conhecer o questionário por inteiro, ele está acessível em:
Responder para nós próprios a este questionário de uma forma inequívoca, revela-nos qual o grau de Qualidade de Vida que disfrutamos e mostra-nos muito claramente, que o nível de vida em muito pouco contribui para a melhoria do índice QV; por outro lado indica-nos que a concretização das nossas expetativas pessoais é um fator determinante para que possamos disfrutar de uma boa Qualidade de Vida. Quem diria…!
Mafra, 2 de Abril de 2018
Mário Jorge Martins de Sousa
WHOQOL-100 + 4 (Parte)
As perguntas que se seguem querem determinar:
1 – Até que ponto experimentou certas coisas nas duas últimas semanas, tais como, por exemplo, sentimentos positivos de felicidade e contentamento.
2 – Até que ponto experimentou ou conseguiu fazer certas coisas nas duas últimas semanas; por exemplo, atividades da vida diária, como lavar-se, vestir-se ou comer.
3 – As perguntas que se seguem destinam-se a avaliar se se sentiu satisfeito (a), feliz ou bem em relação aos vários aspetos da sua vida nas duas últimas semanas. Por exemplo sobre a sua vida familiar ou sobre a energia que tem.
4 – As perguntas que se seguem referem-se à frequência com que sentiu ou experimentou certas coisas como, por exemplo, experiências negativas tais como sentir-se inseguro.
5 – As perguntas que se seguem referem-se a qualquer “trabalho” que faz. O trabalho, significa qualquer atividade principal que realiza. Inclui trabalho voluntário, estudo a tempo inteiro, cuidar da casa, cuidar das crianças, trabalho remunerado ou não remunerado.
6 – As perguntas que se seguem referem-se à sua capacidade de mobilidade nas duas últimas semanas, ou seja, a sua capacidade física para se movimentar e deslocar por si próprio(a) e realizar as coisas que deseja e precisa de fazer.
7 – Às suas crenças religiosas, princípios e valores pessoais, e a forma como eles afetam a sua qualidade de vida. Estas perguntas referem-se à religião, espiritualidade e quaisquer outras crenças que possa ter.
[i] WHOQOL Group, 1994, p. 28
[ii] K C Calman – Departamento de Oncologia, Universidade de Glasgow
[iii] Journal of medical ethics, 1984, 10, 124-127 acessivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1374977/pdf/jmedeth00250-0014.pdf