OPINIÃO POLÍTICA | Mário de Sousa – Museu da Música, ar fresco na nossa Vila

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Museu da Música, ar fresco na nossa Vila


Não será difícil de entender que o turismo no nosso Concelho é um fator crucial para que as gerações de hoje possam preservar o seu património transmitindo-o às gerações futuras que o irão usufruir e facultar ao turismo que nessa altura possa existir. Poder-se-á entender também que é de capital importância para a preservação do património possibilitar ao cidadão o acesso à sua memória, mantendo viva a sua identidade, conferindo-lhe uma autenticidade diferenciadora que lhe potenciará o fator de atração do fenómeno turístico.

E nesta interpretação começará a cadeia de valor acrescentado do binómio turismo versus desenvolvimento pois que a cultura local terá de ser explicada ao turista ou a um qualquer visitante para que ele interprete o que vê e usufrua das infra estruturas logísticas postas à sua disposição.

De uma maneira geral o turismo é entendido como a concretização de um sonho e a tipologia desse sonho é afetada por aspetos não só psicológicos como comportamentais e que configuram a motivação da viagem. Quando a motivação é o turismo religioso e/ou cultural (vila de Mafra), os determinantes concentram-se normalmente sobre a busca de um local dispare do seu quotidiano, onde o sentimento do novo, do místico, do intelectual possa ser experimentado.

No nosso Concelho são também válidas e frequentes as motivações que privilegiam a oportunidade de escape ao ambiente urbano e convencional, a necessidade de interação social num meio rural, o prestígio do sítio pela qualidade da sua mostra monumental, a originalidade do sítio visitado, ou até a satisfação de um sonho intelectual. As motivações académicas são diminutas embora em termos sócio económicos não possam ser negligenciadas pois este tipo de motivação começa a ter quotas apreciáveis, sendo o seu comportamento em termos de custo de visita (valor despendido pelo turista ou visitante) não reivindicativo, podendo contribuir para estadias prolongadas e consequente desenvolvimento sustentado de estruturas logísticas.

Experiências existem que nos permitem avalizar a ideia de que a preservação de património monumental poderá ser conseguida por uma aposta clara mas controlada num turismo cultural, procurando uma tipologia de visitante que se diferencie pela sua permanência para além do tempo estrito da visita. Para que isso aconteça será necessário que o poder local e a comunidade se envolvam na busca de outros produtos que vendam permanência, tais como centros interpretativos nos sítios históricos visitáveis, concertos musicais em espaços diferenciados, produtos que se relacionem com as rotinas e culturas das gentes locais de algum modo relacionados com a época dos sítios promovidos e instalações hoteleiras, que no fim vendam também a noite.

Mas quantas vezes conseguimos ver o mesmo monumento? comer a mesma iguaria? ouvir a mesma música? escutar a mesma história? Certamente que não muitas vezes.

É por isso que a vinda do Museu Nacional da Música para Mafra será uma lufada de ar fresco na motivação das visitas à Vila numa altura em que, fruto do abandono da obrigatoriedade curricular da leitura do Memorial do Convento nas escolas, o número de visitas ao Palácio Nacional de Mafra baixou de forma considerável.

Para o Museu Nacional da Música encaixotado numa estação de metro há 25 anos, com um número residual de visitas, poder usufruir de um parceiro com cerca de 350.000 visitantes por ano será sem dúvida uma mais-valia. Por outro lado em Mafra já estava instalado o Núcleo Documental de Partituras do Museu da Música, para além de que na Biblioteca do Palácio existe um espólio extraordinário de partituras de música para órgão. A existência dos seis órgãos na Basílica do Palácio, dos órgãos históricos espalhados por todo o Concelho e a breve prazo dos carrilhões voltarem a poder ser ouvidos em concerto, torna esta vinda mais do que natural. E foi com perplexidade que ouvi tantas doutas opiniões em sentido contrário.

Mas, tão ou mais importante que tudo isto que tem muito de imediato, a criação de um Polo de Investigação das Ciências Musicais celebrado entre Mafra e a Universidade Nova de Lisboa é uma aposta a longo prazo para que Mafra continue a conquistar uma posição de relevo nos circuitos europeus de música clássica.

 

Mafra, 17 de Abril de 2019
Mário de Sousa


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