É urgente votar nas Eleições para o Parlamento Europeu
“Não é sem apreensão que muitos portugueses se interrogam sobre a marcha concreta da integração europeu de Portugal. Como numa estrada enlameada, as rodas do nosso carro europeu patinam em avançar. E à medida que o tempo passa, tenderá a aumentar o número daqueles que começam a pôr em dúvida a possibilidade de avançarmos a sério no sentido das Comunidades Europeias.
Em termos políticos, isso significa vantagens para aqueles que sempre reusaram alinhar na aposta europeia de Portugal e no reforço da ocidentalidade e modernização contido nessa aposta. Ou seja: os atrasos evidentes, os descuidos lamentáveis, a incúria manifesta daqueles que deviam ter feito avançar mais depressa o nosso carro europeu e não o fizeram, dão como resultado que se robusteçam as perspectivas hostis à ideia europeia. Tanto as dos que, recusando o modelo democrático ocidental, aposta no internacionalismo proletário, como também, agora, as dos que, – poucos embora – em nome de visões discutíveis da Pátria e da Nação, olham com receio a vitória do ideal europeu.
…
O nosso carro europeu patina sem avançar. A culpa é de muitos. A temática europeia tem de passar a fazer parte do nosso quotidiano político e social.” i
Adelino Amaro da Costa (1943 – 1980) escreveu estas linhas em 1979. Passados 40 anos ainda são de uma atualidade assustadora.
Este é o 29º artigo de opinião política que escrevo. Até ao último publicado centrei-me sempre sobre a política local no nosso concelho. Mas as eleições do próximo dia 26 de Maio surgem numa altura em que a União Europeia se encontra em tempos de decisões difíceis, em tempos da primeira cisão, o BREXIT do Reino Unido, em tempos de encolher os dinheiros que até agora têm sido despejados sobre as 28 nações que ainda a constituem. Em tempos de renovação.
Depois de tantos milhares de milhões de euros entrados em Portugal, a realidade ainda é a que Adelino Amaro da Costa escreveu: “A temática europeia tem de passar a fazer parte do nosso quotidiano político e social.”
E porque nunca fez, e continua a não fazer, as eleições para o Parlamento Europeu são esquecidas por todos. Pelos Partidos institucionais que pouco ou nada investem nelas e pelos eleitores, que premeiam com a abstenção o abandono a que são votados por aqueles que uma vez ajudaram a eleger.
A verdade é que nada se sabe do que por lá fazem e só aparecem a dizer que fazem muito, durante as campanhas eleitorais. Mas fazem-no da pior maneira falando de coisas que não entendemos, que não sabemos do que tratam. Evocam milhares de milhões de euros que conseguiram para o nosso país mas continuamos com um ordenado mínimo de € 600,00 para uns e € 630,00 para outros (equidade socialista). Pedem-nos o voto e voltam 5 anos depois a repetir tudo isto.
E nós em que é que erramos? Em votar neles porque o ‘nosso partido’ diz que eles são o melhor para nós, não questionando, não discutindo o que na realidade nos aflige, nos prejudica, e vamos empobrecendo, definhando e desbaratando as hipóteses de deixarmos aos nossos filhos e netos obra decente construída. A geração dos nossos filhos será certamente uma geração mais pobre do que a nossa. Deveríamos refletir muito nisto.
É por isso que estas linhas que se seguem são dedicadas a todos jovens do meu país pedindo-lhes que não deixem de votar no dia 26 de Maio. Façam-no em consciência e pensem que a renovação da EU só será possível se o vosso voto for efetivo e não alimentar a abstenção.
Termino deixando-vos um vídeo com 3 minutos no qual o Parlamento Europeu, de uma forma emotiva, evoca a extrema importância de um voto no dia 26 de Maio.
Mafra, 14 de Maio de 2019
Mário de Sousa
i COSTA, Adelino Amaro da, Democracia e Liberdade – Portugal e Europa I, IDL Instituto Democracia e Liberdade, Lisboa, 1979
Pode ler (aqui) os outros artigos de opinião de Mário de Sousa.
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