Opinião Política | Mário de Sousa (CDS-PP) – Desabafos

Opinião Política | Mário de Sousa (CDS-PP)
Desabafos

 

“A 5 de Maio de 2021 assinalam-se 200 anos da morte de Napoleão. É curioso como 200 anos bastam para retirar uma pessoa da História dos dias e para a alojar na biblioteca dos nomes ressonantes. Que efeito provoca em 2021 o som do nome de Napoleão?”[i]

 

Quando um cidadão envereda pelo campo da política inebriado por projetos pessoais ou de grupos próximos às suas ideias que visem tão-somente as benesses e o status que um cargo possa proporcionar, não têm a noção da sua estatura nem como cidadão, nem como político e muito menos entende o quão irrelevante pode ser uns tempos mais tarde. A sua falta de humildade aqui no plano político, a sua vaidade, prepotência e até mesmo amadorismo político e como tal impreparação para as funções que desempenha, acaba por o obrigar a assumir uma arrogância despropositada que rapidamente termina em fracassos sucessivos. O seu ego prevalece à racionalidade e ao bom senso fundamentais para o desempenho das funções que de si se esperam. Infalivelmente, termina a sua carreira de forma anónima reduzida a uma simples linha numa lista de nomes num qualquer anuário de cargos públicos. Não dura mais do que a sua infeliz carreira.

O governo atual está cheio de personagens irrelevantes que aspiram a uma estrela no firmamento político à qual passam os dias a tentar dar brilho, mas que com esforço, o que conseguem são ações desajeitadas, sem pinga de bom senso e muito menos sentido de estado.

Alguns já desapareceram do firmamento deixando as suas marcas. Lembro Azeredo Lopes e a trapalhada de Tancos.

E não nos iludamos; António Costa precisa destes ministros em dificuldades porque servem de cortina de fumo para as suas políticas. Repare-se que a sonegação de informação sobre medidas do PRR aos portugueses conseguiu passar despercebida devido aos dislates cometidos por Eduardo Cabrita Ministro da Administração Interna no caso de Odemira.

Eduardo Cabrita coleciona casos tristes, uns atrás dos outros: migrantes a entrarem pelo Algarve, golas anti fumo, morte de um cidadão estrangeiro no SEF, requisição civil do ZMAR e há poucos dias a festa do título do Sporting.

Possui este Ministro uma Secretária de Estado para a Integração e as Migrações. Será que existe? Existe sim, chama-se Cláudia Pereira e dela pouco se sabe e porquê? Talvez porque a última vez que apareceu disse à comunicação social: “Odemira é um exemplo de integração de migrantes”.[ii]

Matos Fernandes o Ministro do Ambiente e da Ação Climática tem-se afirmado também pela negativa. Ainda não existem explicações para a matança de veados e javalis na Quinta da Torre Bela na Azambuja. E não existem porque o assunto levantou um negócio milionário da construção de uma central fotovoltaica nos terrenos dessa quinta.[iii]

Quanto ao staff deste Ministério parece que foram escolhidos a dedo, senão vejamos:

João Galamba Secretário de Estado da Energia depois de ter arranjado várias trapalhadas com a concessão para a exploração de lítio, quando confrontado pela comunicação social no programa “Sexta às nove” refere-se ao programa assim: “Estrume só mesmo essa coisa asquerosa que quer ser considerada ‘um programa de informação’.” Acima de tudo demonstra uma falta notável de educação. Quanto ao resto que lhe falta…

Inês Santos Costa Secretária de Estado do Ambiente acumulou funções de adjunta de Matos Fernandes e de sócia de uma empresa que fez negócios com o ministério. Bonito não é? E o Ministro o que disse? Nada[iv].

E António Costa o que diz a tudo isto? Que os seus Ministros são os melhores e que têm toda a sua confiança. Pudera, pois o próprio António Costa em conjugação com o seu Ministro da Defesa decretou a Requisição Civil das Forças Armadas para furar a greve dos motoristas de matérias perigosas. Lembram-se?[v]

Vem já da Antiguidade Clássica da ideia de que o ser político – na essência da palavra – é aquele que participa e vive ativamente a polis. Acrescente-se que entende a política como uma ciência, uma arte, utilizando-a como meio para se fazer o bem comum, acolhendo os mais vulneráveis, promovendo o desenvolvimento social e económico.

Mas como já escrevi bastas vezes, a memória em Portugal é um bem escasso o que permite a esta tribo que nos governa continuar a subir em sondagens. Os portugueses limitam-se apenas a ouvir as promessas de amanhãs que cantam recusando as realidades do dia-a-dia e das dificuldades crescentes com que se deparam. Acorda Portugal.

 

Mário de Sousa

Mafra, 19 de maio de 2021


[i] Tavares, Gonçalo M., Os Cadernos e os Dias, Napoleão e as duas horas, Revista Expresso, 07/05/2021
[ii] https://diariodoalentejo.pt/pt/noticias/9573/odemira-e-%E2%80%9Cexemplo%E2%80%9D-de-integracao-de-migrantes.aspx
[iii] https://www.rtp.pt/noticias/pais/psd-acredita-que-abate-de-animais-na-azambuja-visou-construcao-de-central-fotovoltaica_n1284745
[iv] https://expresso.pt/politica/2021-05-14-Secretaria-de-Estado-do-Ambiente-acumulou-funcoes-de-adjunta-de-Matos-Fernandes-e-de-socia-de-empresa-que-fez-negocios-com-o-ministerio-194fc693
[v] https://www.dn.pt/poder/e-oficial-governo-decreta-requisicao-civil-dos-motoristas-11203274.html


Mário de Sousa
Empresário, Presidente da Comissão Política Concelhia de Mafra do CDS-PP

 


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