No reino longínquo da Europa
Certo dia, num reino imaginário e distante chamado Parlamento Europeu, um conjunto de nobres políticos disputaram eleições e ninguém do povo se apercebeu que era do futuro do reino que aquela pequena balbúrdia se tratava.
É certo e sabido que as eleições europeias são sempre as que menos mobilizam, as que menos interessam aos eleitores, aquelas em que poucos sabem exatamente em que é que se está a votar e para que é que serve ir lá meter o papelinho na urna. Culpa de todos: culpa dos partidos, da própria União Europeia e de cada um de nós, que não temos o interesse de procurar saber e fazer parte (fazer parte é, aliás, um dos grandes problemas que identifico nos
dias de hoje – o sentido de participação e de integração está em queda livre).
Optar por não votar, não saber, não me preocupar “com isso” e, assim, não fazer parte, é em simultâneo decidir entregar ao outro o poder de decidir quem manda em mim. É desresponsabilizar-me e demitir-me de uma função primária que é eleger os meus representantes. É inibir a minha legitimidade de apontar o dedo e criticar, como todos bem fazemos, o eleito que o outro elegeu. Não votar é pôr-me à margem, do lado de fora da decisão e sujeitar-me ao que o vizinho, o primo ou o militante do outro partido, com o qual eu não me identifico nada, decidiu. Por mim. Porque eu permiti.
No dia 26 de maio, este domingo, como em qualquer outro momento eleitoral, é imperativo votar. É imperativo ir às urnas, participar, mostrar que estamos aqui e que temos algo a dizer, seja para votar num partido de massas, num pequeno partido, num novo movimento ou em nenhum, o que quer que seja que exprimimos no boletim de voto passa uma mensagem. A Europa tem de deixar de ser um reino longínquo do qual ouvimos falar em histórias de
integração e polémicas de divórcio – a Europa é a nossa casa, está à nossa volta e influencia a nossa vida no quotidiano. Sejamos todos nobres políticos, vamos votar!
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Subscrevo o repto, mas a Europa só conseguirá mobilizar mais eleitores quando:
1) O Parlamento Europeu passar a ter poderes legislativos autónomos
2) A Comissão Europeia for constituída com base em acordos e/ou
coligações entre os grupos parlamentares no PE
3) Houver partidos pan-europeus a concorrer às eleições europeias