Agosto por cá (2/2)
… vinha eu da praia de São Lourenço…
Dali saio a caminho de casa. Passo por 2 ou 3 parques intergeracionais vazios (mas como me respondiam com ar de ofensa no outro dia: “é para as crianças” – mesmo que não sejam usados, estão lá para se ver e alguém lá há-de ir limpar o pó e apanhar as ervas) e por uns equipamentos de fitness à beira da estrada onde duas turistas brincam, riem às gargalhas e tiram fotos. Se o propósito é esse, não interessa. Está lá para se ver. Alguém há-de lá ir limpar o pó e apanhar as ervas.
Há ciclovia, e bem, em grande parte do caminho. Em muitos pontos, serve de estacionamento aos carros de quem ali mora ou pára, mas não faz mal, o ciclista já está habituado a nunca ter razão. Passo nos semáforos da Achada e, olha!, não estão a funcionar. Que sorte, não tenho de parar (a não ser que haja algum acidente ou atropelamento, dizem que abundam por aqui). É dia de procissão e lá desfilam todas as figuras na fila da frente. Não sobreviveu uma ervinha na berma para me ajudar a contar esta história. Mais à frente não se vê um camião a chegar ao cruzamento nem que venha coberto de LEDs, mas isso agora não interessa nada. (Ia eu nas figuras da fila da frente) Olhos erguidos aos céus, que no chão há buracos. Não faz mal, alguém há-de vir alcatroar daqui por 2 anos, passa a correr. Chego a casa e deixo o carro mal estacionado. Irra, que o estacionamento anda complicado. Ainda bem que isto não é Lisboa e que aqui a Polícia Municipal é como os testers, vêm contados e acabam depressa, senão arriscava-me a uma multa e era chato. Mal de mim que não tenho garagem ou quintal, como deve ter quem mora numa aldeia. E não me dá jeito estacionar lá longe junto à estrada principal onde é tudo bonito e organizado.
Mais vale vender o carro e andar de transportes. Ah! Mas agora os passes são baratos, todos podem andar de autocarro dentro e fora do concelho e é uma maçada, irmos ali todos encostados, sem um banco livre ao nosso lado para a mala, a respirar aquele ar, o CDS está preocupado. Autocarros cheios, que afronta. Autocarros para a elite já, autocarros para quem se mata a trabalhar para conseguir pagar um passe, isso é que é!
Acaba o dia e acabo a sátira. Mafra é, não se pode negar, um concelho espetacular. De uma beleza natural incrível, com tanto por descobrir, com pessoas maravilhosas – que sem elas ninguém cá vinha. Mas para quem sai de casa de olhos abertos, é cansativo. Há tanto por fazer e tanto que se tapa o sol com a peneira…!
Pode ler (aqui) todos os artigos de Leila Alexandre
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