OPINIÃO POLÍTICA | José Martinez (CDU) – Para que fique registado

No passado dia 26 de Fevereiro o Grupo Municipal da CDU na Assembleia Municipal apresentou a moção, que transcrevo abaixo, que não mereceu a aprovação da maioria PSD/PS.

Entre os argumentos apresentados, em particular pelo PSD, para além da fidelidade canina à Comissão Europeia, em que foi acompanhado pelo PS, está a classificação de vacinas em vacinas “democráticas” e vacinas não “democráticas”.

A fidelidade à Comissão Europeia não está a ser respeitada pela Hungria, República Checa e Eslováquia que já estão a administrar vacinas não negociadas pela Comissão Europeia e outros que se preparam para produzir no seu território a vacina Sputnik V, mediante acordo com a Rússia, como a Alemanha, a França, a Espanha e a Itália e até a Finlândia, país com cerca de 5 milhões e meio de habitantes.

Não vou repetir os argumentos apresentados que são os dos considerandos da moção.

O Grupo Municipal da CDU, na Assembleia Municipal de Mafra, submete à votação desta Assembleia a seguinte moção:

Vacinas para todos. A saúde não é um negócio

Considerando que :

1 – No combate à pandemia de Covid-19, a vacinação é essencial para salvar vidas ;

2 – A vacinação é um elemento fundamental à retoma da actividade económica e social, num quadro em que se exige que as vacinas cheguem a todos os países, sem exclusões;

3 – Portugal é uma das vítimas da falta de vacinas na União Europeia (UE), resultante dos constrangimentos na produção anunciados pelas farmacêuticas;

4 – A UE não só financiou a investigação e a produção de vacinas, como também as comprou antecipadamente;

5 – Às multinacionais farmacêuticas foi deixada a gestão integral do processo de produção e comercialização, ao sabor dos seus interesses comerciais;

6 – Os países, nomeadamente Portugal, não podem ficar prisioneiros dos interesses das multinacionais farmacêuticas, que, em contraponto com a lentidão no fornecimento de vacinas, continuam a aumentar os seus lucros milionários;

7 – São necessárias medidas de defesa do interesse público que permitam, nomeadamente, que a saúde pública prevaleça sobre os direitos de propriedade intelectual para que se possam produzir vacinas nos laboratórios para isso preparados e nos vários países;

8 –  É urgente libertar as patentes a preços razoáveis, seja através de uma negociação ou usando mecanismos legais existentes para o efeito;

 9 – Já existem vacinas diferentes das “compradas” pela UE, e cerca de duas centenas estão em desenvolvimento em vários países.

10 – Algumas destas vacinas têm fabrico autorizado em países diferentes daqueles em que foram desenvolvidas, mediante acordos e sem custos astronómicos de patentes;

11 – Vários países da UE anunciaram a intenção de diversificar opções de compra de vacinas, para além das disponibilizadas pela UE;

12 – Portugal deve, rapidamente, procurar adquirir vacinas noutros países, num processo que crie ainda condições para garantir a produção nacional neste domínio.

 Face ao exposto, a Assembleia Municipal de Mafra, reunida em sessão ordinária de 26 de Fevereiro de 2021, delibera solicitar ao Governo que desenvolva diligências com vista a assegurar as vacinas necessárias que permitam adequada prestação de cuidados de saúde aos munícipes do Concelho de Mafra, cidadãos residentes em Portugal e fornecimento, a preços de custo, na quantidade que a nossa capacidade permita, a países que não disponham capacidade tecnológica para a sua produção.

A presente moção é enviada a Suas Excelências o Primeiro-Ministro, à Ministra da Saúde, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, com conhecimento a sua Excelência o Presidente da República e a todas as forças políticas representadas na Assembleia da República.

Eduardo Libânio                                                                Martinez Silva

Assembleia Municipal de Mafra, 26 de Fevereiro de 2021.


José Martinez
Membro da direção concelhia do PCP e deputado municipal pela CDU.

 


Pode ler (aqui) outros artigos de opinião de José Martinez



As opiniões expressas nesse e em todos os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus respetivos autores, não representando a orientação ou as posições do Jornal de Mafra

________________________________________________________________________________________________

 

Partilhe o Artigo

Leia também