“Num mundo onde se tenha acabado a esperança, como o retratou Saramago no seu “Ensaio sobre a cegueira”, deixamos de olhar para o futuro, deixamos de o ver. “A cegueira também é isto”, dizia. Recordando Castrim, “esperança: é a maneira como o futuro fala ao nosso ouvido”. Num tempo em que tantos não veem nem ouvem o futuro falar-lhes ao ouvido, mais necessário se torna saber organizar e abrir esse futuro. Transformar inquietação em luta, converter o desassossego em confiança. Confiança num futuro construído à medida dos sonhos e projectos a que temos direito e de que não queremos desistir. De que não vamos desistir.”
Foi assim que João Ferreira iniciou a sua declaração de candidatura, prosseguiu com um apelo a “todos” os portugueses, aos que vivem do seu trabalho, que sofrem com uma repartição injusta da riqueza, às mulheres discriminadas, vítimas de desigualdades e violência, aos jovens a quem é negada a felicidade, aos reformados e idosos que querem viver como merecem, depois de uma vida de trabalho, para que, mais do que o apoio à sua candidatura, façam dela “parte da luta pela mudança que desejamos para as nossas vidas, da mudança que Portugal precisa.”
São estes os “todos”, os quase todos, a que João Ferreira promete dar voz.
Dá-nos depois a sua visão, que é a nossa, do mundo em que vivemos,
em que vivemos mal uns com os outros e em que tudo serve para aumentar a riqueza de uns à custa da pobreza de outros, e como isto se torna evidente no contexto de pandemia, responsabilizando por isso, não o vírus, uma doença, mas aqueles que à sombra da doença a estão a aproveitar para, pelo medo, enriquecerem à custa da exploração dos trabalhadores e saque dos recursos do Estado,
em que vivemos com a organização predominantemente capitalista que esgota recursos do planeta e ameaça o equilíbrio ecológico.
Segue-se o olhar para dentro, o olhar para Portugal com os seus graves e complexos problemas estruturais: a desvalorização do trabalho; as desigualdades na distribuição da riqueza; a fragilização dos sectores produtivos; o desinvestimento nas funções sociais do estado; a desvalorização da cultura; os desequilíbrios territoriais; a promiscuidade entre o poder politico e o poder económico; os problemas da justiça e segurança dos cidadãos; a submissão a decisões e políticas da EU contrárias aos interesses nacionais.
João Ferreira não tem dúvidas de que a situação portuguesa não se deve à estrutura da organização política e programática nascida da revolução de Abril e plasmada na Constituição da República Portuguesa, pelo contrário, aponta como causa o afastamento da acção concreta do poder executivo e legislativo, dominado por PS, PSD e CDS, da orientação apontada pela Constituição, com a conivência e acção dos sucessivos Presidentes da República de que Marcelo Rebelo de Sousa não é excepção.
Portugal não está condenado a continuar na senda da pobreza, da injustiça e pode,
se orientar o seu rumo pelos desígnios do projecto constitucional que, claramente “inscreve os direitos dos trabalhadores como intrínsecos à democracia; que reconhece às mulheres o direito à igualdade no trabalho, na família e na sociedade; que consagra importantes direitos das crianças e dos jovens, dos reformados, dos cidadãos com deficiência; que proíbe as discriminações, as exclusões e combate as injustiças sociais; que reclama para os milhões dos nossos emigrantes, bem como as centenas de milhar de imigrantes no nosso País, o acolhimento e a dignidade devida a todo o ser humano. Que consagra o direito de resistência à ofensa dos direitos, das liberdades e das garantias dos cidadãos; que protege o exercício da actividade sindical e política, o activismo social.
Um projecto que preconiza a subordinação do poder económico ao poder político”,
construir um país de onde quem nele viva encontre felicidade e o orgulho de participar e beneficiar do projecto constitucional.
Para João Ferreira o projecto constitucional, nascido da revolução do 25 de Abril, não promete o céu na terra, mas um país melhor, mais justo e mais fraterno. O projecto constitucional não é uma utopia, a Constituição da República Portuguesa não é um logro votado pelos constituintes para iludir o povo, é a plataforma de convergência que propõe aos portugueses.
No dia 24 de Janeiro vamos contribuir para a mudança necessária votando em João Ferreira com a convicção que o nosso voto não elege um “Messias”, mas é o nosso compromisso com a democracia inscrita no projecto constitucional nascido do 25 de Abril. Olhemos o futuro.
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