As lendas são estórias populares nas quais é possível encontrar algum fundo de verdade.
Os ratos devoradores de homens do Convento de Mafra serão mesmo ratos?
Os ratos do Concelho de Mafra vivem no Convento?
Não sei se algum dia vou encontrar resposta para as minhas interrogações. Isso também pouco me importa e muito menos aos meus leitores que, justamente, esperam de mim uma crónica política e não estórias em que o fantástico adorna a realidade.
Não sei mesmo porque me veio à cabeça a lenda dos ratos de Mafra quando me dispus a escrever esta crónica, mesmo eu, materialista convicto, tenho estes assomos etéreos.
Deixemos as lendas e vamos ao que interessa, a água de Mafra.
O facto real mais significativo da Água e Saneamento do Concelho de Mafra é o dos seus munícipes pagarem um dos mais elevados preços do país.
É assim desde que foi celebrado o casamento entre o Munícipio de Mafra (família a que pertence a menina Água e Saneamento) e um filho varão do capitalismo transnacional a 15 de Dezembro de 1994.
Um grupo da família Municipal, os CDU, alertaram contra o atentado ao interesse público do casamento. Foram acusados de defenderem ideologias e não os interesses de TODOS os membros da família, em particular pelos PPD/PSD e não só.
Os da CDU bem clamaram que era verdade que tinham ideologia, mas que ela apenas servia para a análise de quem ia beneficiar com o negócio e que claramente não eram os utentes do serviço. Era a transnacional com que se veio a consumar o casamento.
Ninguém estranhou que a família da menina Água e Saneamento, liderada pelo PPD/PSD, em vez de pagar dote, recebesse milhões, mil milhões de escudos – cinco milhões de euros, (dez anos, do que chamou renda, à cabeça) pela entrega da filha e assinatura do contrato antenupcial!
Enquanto os munícipes pagavam e refilavam, os casantes e respectivas famílias viviam muito felizes, de tal maneira felizes, que renovaram os votos, não uma, não duas, mas quatro vezes, recebendo a família e pagando os munícipes, cerca de dez milhões de euros, pelas alterações gravosas para os munícipes que chamaram de aditamentos, para além de “rendas” anuais.
Ao aproximarem-se as eleições de 2017, a família PPD/PSD, conhecedora dos sofrimentos infligidos aos munícipes com o tarifário da água, tirou um coelho da cartola. Exige o divórcio e assim de vilão passa a defensor do interesse municipal.
Logo começa a fazer contas da partilha do bens do “casal”.
Os da CDU, infelizmente durante algum tempo sozinhos, regozijam-se com o divórcio que reputam de interesse municipal, como ao longo de 23 anos sempre fizeram, mas recusam-se a participar nas “partilhas” exigindo que os trabalhadores, que nada tiveram a ver com o “arranjinho” não sejam prejudicados e que venham com a mãe, a Dona Água e Saneamento.
O divórcio está em fase litigiosa a primeira intervenção da justiça não foi favorável à CMM.
Temo que o não assumir de responsabilidades pelo PPD/PSD, escudado no PS, venha a trazer ainda mais prejuízos do que os muito milhões que têm sido extorquidos aos munícipes de Mafra.
Agora sinto que não consegui libertar-me das perguntas que a lenda dos ratos de Mafra me desencadearam.
Até breve.