“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”
Falar (ainda) do surto pandémico que nos assola é recordar que nos temos confrontado com novos momentos profissionais, sociais, associativos e, acima de tudo, em contexto familiar. Falar destes novos tempos é uma obrigação.
Se gosto de o fazer? Não, mas é a nova realidade em que nos encontramos.
A nova realidade que, como humanos resilientes e portugueses dos quatro costados somos chamados ao dever de erguer barreiras coletivas contra mais uma adversidade no nosso caminho, no nosso desejado crescimento, aos nossos sonhos e que, mesmo por isso, nos deve unir no seu combate rumo ao objetivo para o qual um atleta olímpico ultrapassa o derradeiro obstáculo antes da vitória.
Vêm estes pensamentos a propósito do convite que recebi do “Jornal de Mafra” para enquanto na qualidade de atual Presidente do PS em Mafra para vir a colaborar regularmente com uma coluna de opinião que, hoje, é a primeira.
Seria expetável que, estando imbuído das funções pelas quais me é endereçado o convite, para além da função de Vereador pelo Partido Socialista na Câmara Municipal de Mafra, viesse trazer aqui à estampa (mais) um artigo de pura índole política fosse nacional ou fosse da nossa mundana vida local.
Fazendo uso da divisa política “As Pessoas Primeiro” que, em tempos, já foi abundante slogan do PS, mas que eu sempre preferi acima do combate partidário fazendo eu da divisa a principal razão e força para o combate político do dia-a-dia, poderá assim ficar esclarecido o porquê de, neste primeiro artigo, ter escolhido falar do (ainda) atual surto pandémico e do combate (proteção) a este invisível vírus que em cada um de nós começa e que em cada um de nós acaba.
É importante aceitarmos que não haverá um regresso ao normal e que uma crise desta magnitude não desaparece simplesmente com um simples estalar dos dedos ou de supostas vacinas criadas de acordo com calendários eleitorais ou ideológicos. Quase arrisco afirmar que este surto pandémico poderá estar a marcar o início de uma nova ordem mundial, para o qual e onde todos os nossos sentidos devem estar em sinal de alerta e prontidão.
“Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades”.
Apesar de todos os erros que se cometem, todos temos de assumir o papel importante que será sempre a partir de nós seres humanos que nos cabe recusar o mundo a preto e branco, de extremos, da intolerância e dos sectarismos promovendo as pontes de diálogo e de compromissos necessários para o presente com vista ao futuro é, por isso, testemunho da sua generosidade, mas também da sua cidadania
Tenhamos Confiança
O tranquilo primeiro dia de aulas, que agora começaram abrangendo um universo de alunos, pessoal docente e auxiliar, superior a 1,6 milhões de cidadãos é demonstrativo da capacidade de resiliência e de organização por parte de quem e quando os Portugueses lançam mãos à obra, com afinco e persistência, estaremos sempre ao nível dos melhores e, muitas vezes, no topo. Façamos disso o nosso dia-a-dia. acrescentando valor aos nossos inatos pergaminhos.
“O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía”.
Luís Vaz de Camões, in “Sonetos”