OPINIÃO POLÍTICA | Alexandre Seixas – O caminho faz-se caminhando!

Feitas as cortesias, continuemos pelo(s) princípios(s).

A situação política em Mafra carateriza-se por uma macrocefalia estrutural que se vem desenvolvendo nas últimas décadas. Esse desenvolvimento é fruto do tempo que naturalmente passa, mas também de um desígnio “bem” planeado, rigoroso e muito pouco compassivo. Esta realidade é familiar a quem conhece o nosso Concelho há muitos anos, mas também não passa despercebida a quem é um munícipe recente ou até a quem nos visita, em lazer. Esta “boa” tática do PSD local, encontra confirmação conjuntural no resultado das eleições autárquicas que conhecemos, mas não rima com o descalabro eleitoral “laranja” a nível nacional. Poder-se-á dizer que em Mafra vivemos numa ilha. Uma ilha onde a taxa de IMI é a mais elevada, a água é a mais cara, mas em contrapartida, uma ilha cheia de festas e festinhas…

A maior parte do país deu o seu voto ao PS, mas aqui os eleitores fortaleceram a maioria preexistente. Na verdade, importa estudar e tentar perceber o porquê desta situação…. É um trabalho árduo, bem sabemos, mas não é impossível. O PS tem de mostrar que é alternativa e que a tática do partido do poder vigente e seus agentes, não tem estratégia que a enquadre e suporte. É uma navegação à vista, que encontra respaldo, na pergunta costumeira que disparam, quando confrontados com opiniões diversas… “Então, mas não fizemos nada bem?” Nem vale a pena tentar explicar ao interlocutor de ocasião, que tantos anos teriam de redundar em algumas boas decisões. Mas não é disso que se trata. Trata-se de fazer diferente, de ser alternativa. Àquela pergunta urge responder, com princípios, ideais, ideias e propostas diferentes, que abram o espetro e elevem a fasquia.

Nós faríamos diferente. Fazemos diferente. Faremos diferente. Melhor ou pior, o povo julgará. Inútil branquear, que para chegar a esse objetivo, para conseguirmos estar em posição de dar provas e servir a população, temos sempre e em primeiro lugar de nos organizar. Esperar que o mesmo caminho costumeiro nos leve a um diferente destino, a uma diferente solução, é ser incompetente, é ser desleixado, é ter vistas curtas e é chegada a hora de as termos bem apontadas e focadas para longe. O ditado diz… “O pior cego é aquele que não quer ver”. Saibamos interpretar a sabedoria popular. O PS não pode negar-se a ver a verdade. Existe uma inscrição numa rocha na nossa Ericeira, “Quando se navega sem Destino, nenhum vento é favorável”. Para vencer, mesmo para tentar vencer, é preciso conhecer o que almejamos, mas é antes de mais preciso saber em que ponto estamos, para depois planear e trabalhar no caminho certo. Com todos os que se mostrarem capazes e motivados para dar a cara. Com todos os que queiram fazer parte. Com todos. Utilizando sempre os fóruns corretos.

Este processo será complexo?! Sem dúvida! Pode ser difícil ser oposição em Mafra, contudo isso só torna o dia a dia mais desafiante e motivante.

Mas nem tudo está bem!…

A mobilidade e os transportes no nosso concelho que nos deixam reféns de um carro ou de soluções rodoviárias monopolistas e dispendiosas… Quem se preocupa com a população idosa, de parcos rendimentos e geograficamente isolada e dispersa? E que propostas atenuadoras e equilibrantes estão em cima da mesa?

A educação, que para este executivo quase só se resume a ter boas instalações… Prestes a entrar, ou já em plena era digital, existem computadores em todas as salas? Existe Wi-Fi em todos os estabelecimentos? E a variedade/qualidade da alimentação? E os equipamentos recreativos existentes nas áreas exteriores, são suficientes e adequados?

A saúde e os recursos existentes, ou melhor, a falta deles… pois que não é de todo recomendável que alguém adoeça subitamente e necessite de serviço médico urgente. O que temos à disposição? Um SAP único e desajustado! Ou então… Hospital público noutro concelho ou Hospital privado também noutro concelho!

A água que o executivo camarário tenta agora resgatar para a esfera pública… A que custo? Em que termos? Afinal quem tomou a decisão errada e lesiva dos interesses de todos, de a privatizar?

E continua… pois o caminho faz-se caminhando!

 

Alexandre Seixas, fevereiro de 2018

 

 

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