Entre o gesto criativo de um desenho de arquitetura, que se irá desenvolver em projeto, e a sua realização enquanto obra final, surgem as “maquetes” (modelos em escala reduzida), em resposta à necessidade de compreensão e de visualização tridimensional de um espaço.
Para os grandes edifícios do passado a construção de uma ou mais maquetes (gerais, parciais, cortes ou de detalhes) tornou-se um procedimento básico, representando os edifícios ou monumentos através de um conjunto de códigos e escalas, e permitindo ao dono de obra, arquitetos, engenheiros, construtores, decoradores, entre outros, dialogar de forma antecipada com a própria edificação, aprofundando o seu entendimento.
Existem diversas referência documentais que revelam a existência de maquetes originais do Palácio de Mafra, como a que consta no manuscrito Notícia das Reais Obras de Mafra (1733-35), onde se diz, relativamente ao zimbório, que este “…se vay fazendo, para o qual se fez modello de madeira pequeno”.
No alvará de D. José I, de 14 de setembro de 1750, em que nomeia Ludovice arquiteto-mor, com patente de brigadeiro, refere-se que, “Tendo consideração à grande capacidade, inteligência, e préstimo, com que serviu de Arquitecto a El-Rei meu Senhor, e Pai, pelo tempo de quarenta e três anos, João Federico Ludovici, debuxando plantas profis e ornatos e fazendo modelos para as principais obras que o mesmo Senhor mandou fazer”.
Ainda, em 1822, no manifesto Resposta Comprovada de Joaquim da Costa e Silva, diz-se que “… para o Edifício de Mafra se fizeram muitos Modellos Parciaes…”. Contudo as aludidas maquetes originais do Real Edifício perderam-se, tendo sobrevivendo apenas um modelo de capitel à escala natural.
Sérgio Gorjão
No passado dia 15 de novembro uma nova maquete do Real Edifício de Mafra foi apresentada. A nova maquete encerrou as celebrações dos 300 anos do lançamento da primeira pedra do Real Edifício.