Mafra | Comemoração dos 100 anos do PCP [Reportagem-Imagens]

O PCP, que faz hoje 100 anos de existência, decidiu comemorar o seu 100.º aniversário com 100 iniciativas distribuídas por todo o país.

Em Mafra, frente ao Palácio Nacional, estiveram hoje uma trintena de militantes do Partido Comunista Português, que com as suas bandeiras, as suas músicas, a sua presença e as suas palavras fizeram a festa de aniversário.

Os discursos da tarde estiveram a cargo de José Cardoso, dirigente do PCP em Mafra e de Alexandre Teixeira, membro da Organização Regional de Lisboa do PCP.

A mudança está sempre presente, não conseguimos intervir sobre realidade, com ideias feitas, mas sim, a partir daquilo que a realidade nos coloca [Alexandre Teixeira, DORL PCP]

O Jornal de Mafra quis saber de Alexandre Teixeira que olhar lançava sobre estes 100 anos de atividade política do seu partido.

Alexandre Teixeira respondeu, que a perenidade do PCP fica a dever-se à “justeza dos objetivos e dos interesses que sempre assumimos, os interesses da classe operária e dos trabalhadores em geral, do povo português, dos pequenos e médios empresários. Foi um caminho muito difícil, com muitos momentos de grande dramatismo, que nos manteve neste rumo durante 100 anos e que nos manterá muitos, muitos anos mais. É a justeza, a atualidade e a modernidade dos objetivos e dos interesses de que o PCP é portador”.

Perguntámos depois, por aquilo em que, ao longo destes 100 anos, o PCP foi mais assertivo e quisemos saber, se algo haverá, na linha do PCP, a necessitar de mudança.

Alexandre Teixeira referiu então, que “a mudança, na nossa conceção é permanente. O PCP adapta-se, interpreta a realidade, atua sobre ela, mas não se trata de mudanças qualitativas, uma vez que o capitalismo não mudou, evoluiu, mas não alterou a sua matriz exploradora. A mudança está sempre presente, não conseguimos intervir sobre realidade, com ideias feitas, mas sim, a partir daquilo que a realidade nos coloca. Assim, o que iremos manter, é este rumo de ligação à vida, manter a vontade de organizar, de participar, de elevar as condições gerais de vida, ou seja, o PCP está em constante mudança e continuidade”.

Relativamente à atividade do PCP em Mafra, neste últimos anos, perguntámos a José Martinez, deputado na Assembleia de Mafra pelo PCP, com que olhos via a ação do Partido Comunista no concelho ao longo dos últimos anos.

Estamos numa fase de reorganização, que esperamos, possa vir a dar resultados já nas próximas eleições, embora tenhamos consciência das dificuldades [José Martinez, Deputado Municipal pela CDU]

José Martinez considerou que “estamos num concelho que é relativamente novo, em termos dos seus habitantes, e que tem sido dominado pelo PSD, que ao longo das últimas dezenas de anos tem conseguido dominar o poder autárquico. Mas o mesmo não sucede, quando consideramos outras eleições, nas quais o PSD já não é a força maioritária.

O PCP tem aqui algumas dificuldades. Como sabe, a nossa organização assenta sobretudo nos trabalhadores e nas suas organizações, não é esse o caso de Mafra, aqui a nossa organização assenta sobretudo em camaradas reformados, resultando daqui, algumas debilidades. Temos altos e baixos em termos das eleições autárquicas, em 2013 conseguimos eleger um vereador na Câmara de Mafra, mas agora estamos numa fase idêntica àquela por que passámos até 2013. Estamos numa fase de reorganização, que esperamos, possa vir a dar resultados já nas próximas eleições, embora tenhamos consciência das dificuldades.

Os munícipes até serão capazes de votar no Bloco de Esquerda, que num mandato de 4 anos, só participou numa reunião da Assembleia Municipal […] vemos um dar de mão do PS ao PSD [José Martinez, Deputado Municipal pela CDU]

Contamos com um bom resultado, infelizmente, em função das debilidades da oposição em Mafra. Se os eleitores de Mafra tivessem consciência daquilo que é feito nos órgãos autárquicos, não tenho dúvidas, de que a forças que lideraria a oposição seria o PCP, era a CDU. Mas não é assim, os munícipes até serão capazes de votar no Bloco de Esquerda, que num mandato de 4 anos, só participou numa reunião da Assembleia Municipal, algo que é ridículo, candidatarem-se a um órgão de fiscalização, mas depois, não assumirem as responsabilidades que lhes foram conferidas pelos eleitores.

Temos grandes esperanças, faremos por isso, mas gostaríamos que não fosse à custa dos outros partidos de esquerda, gostaríamos…, mas lamentavelmente, vemos um dar de mão do PS ao PSD. Foi assim na remunicipalização da água, que o presidente considera uma grande vitória sua, quando, apenas corrigiu um erro crasso do PSD em Mafra quando privatizou a água.

Na última sessão da Assembleia Municipal, a que é que assistimos? Assistimos a um PS a votar contra uma moção e a votar favoravelmente uma estratégia que estava suportada pela moção. Assim é difícil, assim a oposição é débil. E é o que temos”.

 

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