Assinala-se hoje, dia 24 de março, o Dia Nacional do Estudante.
Segundo a Lei n.º 19/87, aprovada em 28 de abril de 1987 e promulgada em 15 de maio do mesmo ano, a comemoração do Dia do Estudante tem como objetivos:
a) O estímulo à participação dos estudantes na vida escolar e da sociedade;
b) A cooperação e a convivência entre os estudantes;
c) A democratização e o desenvolvimento do ensino;
d) A ligação dos estudantes com a comunidade.
Apesar de a data apenas ter sido fixada em 1987, o Dia Nacional do Estudante era já celebrado há alguns anos no nosso pais.
Em 1961 pensava-se já na criação da União Nacional dos Estudantes quando, a 9 de março de 1962, o governo proibiu o primeiro Encontro Nacional de Estudantes, mandando intercetar os autocarros que levam estudantes de Lisboa e do Porto para Coimbra. Os Estudantes universitários portugueses e o regime do Estado Novo entram assim em conflito, e em março do mesmo ano são proibidas as comemorações do Dia do Estudante.
Depois da proibição, milhares de estudantes concentram-se na Cidade Universitária em protesto. Na manhã de 24 de março de 1962, havia estudantes espancados e presos, instalações universitárias sitiadas e cantinas ocupadas pela polícia.
É decretado o luto académico e a greve às aulas, “até que se realize o Dia do Estudante. Até que seja reaberta a cantina universitária. Até que sejam libertos os estudantes presos”, podia ler-se nos comunicados distribuídos clandestinamente aos estudantes e à população.
A 27 de março, os estudantes são libertados e a cantina é reaberta, mas as tréguas duraram apenas uma semana. A luta estudantil durou mais alguns meses, tendo o governo vencido a “batalha”.
Mas outras lutas estudantis surgiram desde então.
Em 1969 Alberto Martins, o então presidente da Associação Académica de Coimbra, ao ver recusado, por Américo Thomaz, o seu pedido para usar da palavra, sobe para uma cadeira e faz o seu discurso aos outros estudantes. É preso pela PIDE nessa noite e um grupo de estudantes que exige a sua libertação sofre uma carga policial. É então decretado Luto Académico, abrindo-se assim a crise académica de 1969.
Em 1992 milhares de estudantes do secundário e da universidade saíram à rua em protesto contra o aumento das propinas anunciado por Aníbal Cavaco Silva, e contra a PGA (Prova Geral de Acesso) ao ensino superior.
Em 1994, milhares de estudantes voltaram à rua, desta feita manifestando-se em protesto contra as Provas Globais.
Em 2001, os estudantes voltaram a manifestar-se em todo o país, desta vez contra a revisão curricular.
[Imagem do arquivo do Jornal de Mafra]