Hoje é Dia de Luto Nacional Pelas Vítimas de Violência Doméstica (30 pessoas morreram em 2023)

Violencia domestica

7 de março é Dia de Luto nacional pelas vítimas de violência doméstica (30 pessoas morreram em 2023)

 

Assinala-se hoje, 7 de março, o Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica.

“O número de mulheres mortas em casos de violência doméstica constitui uma realidade social intolerável e inadmissível.
É uma realidade com raízes profundas, culturais e cívicas, que exige uma ação determinada e a congregação de esforços de toda a sociedade para defender, de forma intransigente, a integridade e a dignidade das mulheres.
Neste combate, é fundamental contrariar a banalização e a indiferença, homenageando e prestando um tributo às vítimas e às suas famílias e assegurando a consciencialização desta tragédia.” (decreto n.º 8/2019)

E assim foi declarado o dia 7 de março de 2019 como Dia de Luto Nacional Pelas Vítimas de Violência Doméstica.

O ministério público revelou recentemente os principais indicadores relativos ao ano de 2023 sobre casos que podem integrar o conceito de “homicídio em contexto de violência doméstica” (HCVD).

Em 2023 foram consumados 22 casos de homicídio em contexto de violência doméstica, sendo as vítimas:

  • Quadro I17 mulheres
  • 2 crianças (do sexo feminino)
    (uma com 7 anos e a outra recém-nascida)
  • 3 homens

A maioria dos casos ocorreu no 2.º trimestre de 2023.

Os dados revelam ainda que se registaram 8 mortes (6 homens e 2 mulheres) resultantes de suicídio da pessoa agressora, ato contínuo ao homicídio executado.

Durante o ano de 2023 morreram 30 pessoas, 22 vitimas e 8 agressores.

Quadro II

Para além dos casos em que 2 crianças foram vítimas de homicídio, em 8 situações estavam crianças presentes no contexto de violência doméstica, num total de 14 crianças e jovens.

Em 2023, com exceção de janeiro, morreram pessoas todos os meses, tendo ocorrido em média, mensalmente, quase 2 homicídios (1,83).

O mês no qual se registaram mais mortes (6) foi o mês de junho.

 

Nos 22 crimes que originaram vítimas mortais, os crimes ocorreram:

  • 12 com recurso a arma branca
  • 4 com recurso a arma de fogo
  • 4 por estrangulamento
  • 1 por afogamento
  • 1 por abandono (recém-nascido exposto à omissão de cuidados ato contínuo ao nascimento com vida)

As ocorrências por morte ocorreram em áreas da responsabilidade das procuradorias da república das comarcas de: Lisboa (10 – 2 na comarca de Lisboa Oeste); Porto (6) Coimbra (4) e Évora (2).

Em 2023, verificaram-se 6 situações em que a violência familiar já era conhecida do sistema formal de justiça (27%). Nesses 6 casos tinham sido instaurados 20 processos-crime, dos quais 6 estavam pendentes, 10 haviam sido arquivados, 2 acusados e outros 2 incorporados.
Num desses casos foi aplicado estatuto coativo diferente do que decorre da prestação de TIR (proibição de contactos com fiscalização).

Caraterização das vítimas

  • Sexo: 19 feminino e 3 masculino
  • Nacionalidade: 20 vítimas portuguesas e 2 brasileiras
  • Idade média: 54 anos (adultas)

Idade das vítimas
51-64 anos 27%
Mais 65 anos:  23%
36-50 anos: 23%
19-35 anos: 18%
Crianças: 9%

Caraterização dos agressores

  • Sexo: 16 Masculino (73%) e 7 Feminino (27%)
  • Nacionalidade: 21 (portuguesa) | 1 (brasileira) | 1 (holandesa)
  • Idade média: 50 anos
  • Suicídios: 6 homens e 2 mulheres
  • Idade média das pessoas suicidas: 64 anos

Caraterização das relações familiares ou outras

  • Conjugalidade ou similar, atual ou pretérita: 16 casos [em 4 situações existia efetiva separação de facto] — equivalendo a uma percentagem de 72%
  • Filiação: 4 [em 3 situações, a filha comete homicídio na pessoa da mãe; noutro a mãe foi homicida da sua filha]
  • Parentesco: 1 – [a irmã que assassina a irmã]
  • Avoenga: 1 [avô que mata a neta]
  • Coabitação: Verificou-se em 18 dos 22 casos

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