Marta Temido, ministra da saúde, falou hoje aos jornalistas no final da reunião do Infarmed tendo destacado alguns dos aspetos sublinhados pelos peritos durante a reunião.
“Estamos com uma situação que se alterou nos últimos 15 dias” encontrando-se agora o risco de transmissão efetivo (Rt) “num nível superior a 1, embora continuemos com uma incidência moderada, mas uma incidência que oscila entre os 68,4 ao nível do continente e os 71,5 quando consideramos o território nacional como um todo”.
Tendo por base o Rt e a incidência, os peritos estimam que “num período de 2/4 semanas estejamos a atingir uma incidência de 120 casos/100 mil habitantes e num período de 1 a 2 meses uma incidência 240 casos/100 mil habitantes”. A ministra sublinhou ainda que estes prazos temporais para atingir estes números “dependem do ritmo de crescimento se manter constante”. Esta calendarização poderá ser alterada, podendo ser mais alargada ou mais reduzida, dependendo apenas do ritmo mais acelerado ou menos acelerado do crescimento.
22 concelhos do país estão agora com uma incidência superior a 120 casos/100 mil habitantes, representando cerca de 6,5% da população residente no continente.
Neste momento verifica-se uma tendência crescente da doença para atingir o grupo etário dos 0 aos 9 anos e uma tendência decrescente no caso da faixa etária dos + de 80 anos. A ministra referiu que esta situação se pode ficar a dever a “duas circunstâncias que são conceituais e que alteram a nossa realidade”, por um lado, o impacto positivo da vacinação no grupo dos + de 80 anos e, por outro lado, uma incidência especialmente significativa ao nível de rastreios em ambiente escolar nas últimas semanas (as escolas tem sido alvo de uma monitorização mais apertada com uma maior realização de testes a docentes e não docentes e com campanhas de testagem dirigidas aos alunos).
O número de novas infeções encontrado nas últimas semanas em meio escolar, entre docentes, não docentes e alunos, “é bastante reduzido”, afirmou a ministra. Ao dia de hoje, em mais de 200 mil testes realizados nas escolas foram detetados menos de 200 casos em alunos e cerca de 180 casos em docentes e não docentes.
A ministra referiu ainda, que o governo tem agora uma particular atenção aos grupos etários mais jovens, nos quais a doença é “provavelmente menos severa”, mas que são “provavelmente, agentes importantes na transmissão da infeção”, existindo muito “desconhecimento” em relação às novas variantes.
A variante com maior incidência em Portugal é a variante britânica, que tem uma “expressão estimada em 82,9%” dos casos positivos ocorridos no mês de março. A variante da África do Sul tem uma expressão de 2,5% nos novos casos confirmados em março.
Sobre a vacinação, a ministra destacou que “temos na vacinação o melhor instrumento de resposta à pandemia com que nos confrontamos” referindo ainda, que “quando vacinarmos toda a população com + de 60 anos teremos a capacidade de atuar, de ter um impacto, que atingirá cerca de 96% dos casos fatais de infeção covid-19 registados até à data no nosso país”.
Questionada sobre a manutenção ou não, do plano de desconfinamento a ministra respondeu que os números têm de ser analisados e “estes dias que estamos a viver são decisivos para que se consolidem tendências num sentido ou no outro e para que possamos tomar decisões na 5.ª feira para o período que vem a seguir”. Marta Temido acrescentou ainda, que “não queremos perder mais vidas inutilmente, não queremos sobretudo causar doença cujas consequências no longo prazo sejam ainda desconhecidas e portanto, precisamos do apoio de todos para continuar nesta estratégia de vacinar o mais rapidamente possível e concomitantemente ir mantendo a atenção à transmissão.”
Para o dia 19 estava previsto mais um passo no processo na estratégia “gradual, progressiva e a um ritmo de acordo com o aquilo que é o risco que enfrentamos” do desconfinamento, mas dada a situação em que nos encontramos “poderemos ter paragens, poderemos ter avanços”.
Depois da reunião de hoje no Infarmed segue-se, na 5.ª feira, como já vem sendo habitual, a reunião do conselho de ministros onde o governo irá discutir as medidas a implementar. Por seu lado, o Presidente da República irá ouvir os partidos políticos e tomar a decisão de voltar ou não a renovar o estado de emergência.