Muito se tem falado dos dados da mortalidade neste ano de 2020 e da sua eventual relação com a pandemia por covid-19.
A direção Geral de saúde mantém uma plataforma onde é possível avaliar ao minuto, o panorama da mortalidade em Portugal. Uma análise rápida dos dados aí disponibilizados permite-nos ter uma visão atualizada dessa realidade imutável para o ser humano, que se chama morte.
Assim, às 15:08, hora a que redigimos este artigo, é possível tomar conhecimento do número de óbitos registados hoje no país até àquela hora e de quantos desses óbitos diziam respeito a pessoas com menos de 70 anos e com menos de 1 ano, neste caso, durante o presente mês.
O gráfico seguinte é bem demonstrativo da evolução da mortalidade geral no país durante este ano de 2020 em comparação com os anos anteriores.
Analisados os dados, verifica-se que no primeiro semestre de 2020 ocorreram 60 936 óbitos, correspondendo a mais 7.2% do que a média da década anterior. Se olharmos depois para os dados mensais de 2020, fica claro que a partir de março (a 2 de março registaram-se os primeiros casos de covid-19 em Portugal) que os valores da mortalidade atingem números acima dos valores médios, na verdade, os valores referentes a 2020 situaram-se 1.9% acima da média de óbitos registados entre 2009 e 2019, enquanto no segundo trimestre de 2020, esses números estiveram 13.8% acima da média de óbitos registados entre 2009 e 2019.
A partir dos dados por concelho que esta plataforma disponibiliza, fomos comparar o número de óbitos registados no concelho de Mafra entre 31-dez-2018 e 21-jul-2019 (dados das primeiras 29 semanas de 2019), com o número de óbitos registados no concelho de Mafra entre 30-dez-2019 e 19-jul-2020 (dados das primeiras 29 semanas de 2020)
De seguida, e porque os primeiros casos de covid-19 foram registados em Portugal a 2 de março de 2020, fomos comparar o número de óbitos semanais entre 25-fev-2019 e 21-jul-2019, com o número de óbitos entre 24-fev-2020 e 19-jul-2020 (em termos semanais, entre a 9ª e a 29ª semana de 2019 e de 2020).
Por fim comparámos a diferença entre o número de mortes ocorridas no concelho por covid-19 (registos acumulados da Câmara Municipal de Mafra), com o número total de mortos no concelho durante o mesmo período.
Assim, nos mesmos meses de 2019 e de 2020, a diferença entre o número de óbitos mostra que no concelho de Mafra se registam mais 9 óbitos em 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, quando isolamos e comparamos o período pandémico de 2020, com igual período de 2019, verifica-se que no concelho de Mafra morreram este ano mais 62 pessoas do que em igual período do ano anterior.
Destes 62 óbitos, a proteção civil de Mafra reconheceu 13 como tendo resultado da COVID-19, restam 49 óbitos a mais registados no concelho, aparentemente sem relação a covid-19.
Qual foi a causa de morte destes 49 residentes no concelho de Mafra? Tratou-se de casos covi-19 subdiagnosticados? Trata-se de uma qualquer outra epidemia que grassa em surdina pelo concelho? Trata-se de doentes que os centros de saúde do concelho deixaram morrer por falta de oferta de serviços de urgência e encaminhamento? Trata-se de doentes a quem o medo da covid-19 levou a não procuraram ajuda médica?
Estas são questões a precisar de respostas. Respostas técnicas. Lamentavelmente, o Jornal de Mafra continua a aguardar resposta a outras questões relacionadas com covid-19, endereçadas à senhora delegada de saúde de Mafra, que ainda não lhe mereceram, até ao momento, qualquer tipo de resposta. Estamos certos que estas, como aquelas questões, não deixarão de ter resposta por parte das entidades públicas. Porquê? Porque Portugal é um estado de direito e Mafra é Portugal, também porque, mantendo-se o silêncio, o JM recorrerá, como já fez no passado, às entidades que no país observam e regulam este tipo de questões.
O Jornal de Mafra e a DGS Aconselham
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