Câmara financia demolição (muito perigosa) da antiga sede da Misericórdia de Mafra

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup]

O estado de degradação do edifício e da envolvente da antiga sede da Misericórdia de Mafra foi já, por várias vezes, notícia no Jornal de Mafra.  A degradação do espaço urbano da Vila Velha, local onde aquele edifício se situa, representa bem o tipo de política urbanística a que a Câmara de Mafra submeteu, ao longo de dezenas de anos, a zona velha da vila, precisamente o espaço urbano que as cidades/vila lutam por preservar.

Numa vila em que quem, desde que há poder local democrático, sempre se definiu como tradicionalista e conservador, deixar chegar o casco velho da vila, ao estado a que chegou, representa, pelo menos, um aparatoso fiasco de gestão urbanística. A actual gestão câmara de Mafra tem um plano de reabilitação para esta zona da vila, teremos de aguardar que esse plano se substancie no terreno, para avaliar a sua qualidade e para avaliar de que forma respeita a memória do local.

Entretanto, a direcção da Misericórdia de Mafra, depois dos problemas de segurança que este seu edifício vinha a provocar, decidiu, pelos vistos, por em marcha um plano que tinha na gaveta, que passa pela demolição destas instalações e pela edificação de um novo edifício.

Pensámos, pelos vistos, com alguma ingenuidade que sendo a propriedade da Misericórdia de Mafra, esta demolição correria por conta da proprietária. A surpresa surgiu quando verificámos que a obra de demolição será paga pelos impostos dos contribuintes, através da Câmara de Mafra. A atracção desta gestão camarária pela igreja católica apostólica romana e pelas instituições que gravitam em torno dela, tem constituído uma marca irreprimível do actual presidente da câmara de Mafra.

No dia 1 de Outubro surge um contrato entre a Câmara de Mafra e a Jofilipes – Escavações e Transportes, Lda, destinado a executar a obra definida na cláusula 1 daquele contrato:

O contrato orça os 49 820 € e tem um prazo de execução de 20 dias e foi celebrado a 26 de Setembro. No contrato, originalmente, não se define que edifício será demolido, nem em que local e com que objectivos se realizam as escavações (muitos segredo e pouca transparência), no entanto, percorrida a rua, parece inevitável que a demolição se refira ao muito degradado e há muito tempo, edifício da Misericórdia de Mafra.

Para manter a tradição do edifício em termos de segurança, as obras não se encontram devidamente assinaladas, não há, no local nenhuma informação que mostre quem é o responsável pela obra, a obra não se encontra devidamente vedada e o entulho os buracos que se encontram no local e o facto de as portas do edifício se encontraram abertas e acessíveis, constitui uma situação evidente de potencial perigo.

Esta situação sugere várias questões: porque é que não é a Misericórdia de Mafra a pagar a obra de demolição? Será a construção do novo edifício financiada por fundos públicos? Porque é que a obra não está vedada? Nenhum fiscal da câmara passou ainda pelo local, mesmo sendo a obra financiada pela câmara? Finalmente, uma pergunta que precisa de uma resposta clara, uma vez que a obra não está vedada, se naquele espaço entrarem crianças ou jovens sequiosos de “aventura” ou idosos, ou alguém que ali entre simplesmente por curiosidade e caia num dos buracos que as imagens mostram, quem é que assume a responsabilidade?

Finalmente, deixamos aqui as contas disponíveis da Misericórdia de Mafra, relativas ao exercício de 2017.

 

 

 

Partilhe o Artigo

Leia também