Em conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que na última semana se realizaram reuniões preparatórias da reprogramação da atividade suspensa no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Tendo sido realizadas reuniões com “peritos identificados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para recolher parecer sobre o processo” e com “quase todos os hospitais públicos do sistema”, faltando apenas reunir com o centro hospital universitário do Algarve e com todas as estruturas de cuidados de saúde primários.
“Quero afirmar claramente que vários Hospitais iniciaram já a reprogramação da atividade suspensa e praticamente todos têm já um calendário definido para a retoma”, afirmou a Ministra da Saúde, referindo ainda que “o resto do mês de a abril será dedicado à respetiva consolidação em termos de documentos, em termos de estratégia, em termos de critérios de segurança para os quais temos de ter uma resposta efetiva”
Devido ao impacto da covid-19 foi necessário orientar o SNS de forma “absolutamente prioritária” para o combate àquela doença, o que se traduziu numa redução de cerca de 320 mil consultas médicas em cuidados de saúde primários e em cerca de 360 mil consultas de enfermagem nos cuidados de saúde primários. Segundo a ministra existiu “um aumento significativo daquilo que são as consultas não presenciais” e é objetivo do ministério estimular o recurso às consultas não presenciais e “torna-las numa prática ainda mais comum” no SNS.
Por seu lado, os cuidados hospitalares sofreram um decréscimo de cerca de 81 mil consultas médicas hospitalares, um decréscimo de cerca de 9 mil cirurgias programadas e um decréscimo de cerca de 185 mil episódios de urgência.
A retoma da atividade não covid será gradual, faseada em função do contesto epidemiológico específico da unidade de saúde. O esforço que o SNS vai ter de se fazer para recuperar a atividade que esteve suspensa, “vai ser muito mais penosa” que as recuperações do passado para repor listas de espera ou recuperar de dias de greve, uma vez que “não nos limitamos outra vez a por o interruptor para cima”. O processo tem de ser feito de forma gradual e exige um maior espaçamento entre consultas, o que irá prolongar o processo, mas “cá estamos para responder e se o SNS foi e tem sido capaz de ser exemplar na resposta aos portugueses na covi-19 certamente que será capaz também de garantir que a atividade suspensa é recuperada o melhor possível, com o menos dano possível, sendo evidente que não podemos sair de uma situação em que estamos todos a viver sem marcas e sem cicatrizes”, disse a ministra da saúde.
Quanto a datas concretas para o início da retoma nos hospitais, há hospitais em que se inicia já na semana de 4 de maio, outros hospitais estão a programar o início da retoma mais para diante, existindo neste momento hospitais onde já se iniciou a remarcação de alguma atividade que há umas semanas se encontrava suspensa. Esta calendarização depende muito da “pressão que cada instituição sente na sua envolvente”.
O pais tem contextos epidemiológicos e de risco diferentes pelo que “algumas entidades e instituições do interior do país, na Beira Baixa, e algumas instituições do Norte Alentejano, terão maior facilidade, se o panorama se mantiver, numa retoma precoce da atividade, outras instituições terão mais dificuldade” referiu a ministra da saúde, acrescentando que será um processo “gradual, faseado e acompanhado”, uma vez que cada retoma terá de ser analisada em termos das consequências que podem vir a surgir em termos de recrudescimento.
No caso dos centros de saúde será aplicada a “mesma lógica faseada” , sendo que no caso dos centros de saúde se tem recorrido com muita frequência à telemedicina.
Durante a retoma “a prontidão da resposta à covid-19 tem de ser acautelada sobretudo na área da medicina intensiva” e o “recurso à telessaúde, aos vários meios da telessaúde, e à prescrição eletrónica deve ser preservado, alargado e intensificado” e os “utentes, de acordo com os critérios que a DGS irá especificar, devem realizar vigilância sanitária antes de determinados atos de saúde”, adiantou Marta Temido.
No que diz respeito aos profissionais de saúde estes “têm de estar adequadamente protegidos com equipamento de proteção individual em todos os atos e o seu trabalho organizado de forma a minimizar o risco”.
No aspeto logístico, têm de ser acautelados os “circuitos e fluxos de pessoas, diminuição do tempo de permanência dos utentes nos serviços, consultas com hora marcada o mais possível, atos com hora marcada o mais possível e também desfasamento de horários ao longo dos dias da semana”, refere ainda a ministra da saúde.