EDITORIAL || 25 de Abril

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EDITORIAL || 25 de Abril

 

Cavaco foi o único ex-Presidente da Republica vivo (salvo seja), que esteve ausente da sessão solene comemorativa do 25 de abril promovida pela Assembleia da República.

E este ano, para cumprir a tradição, em Mafra, não haverá comemorações oficiais do 25 de abril.

É certo que estas comemorações são organizadas sobretudo pela esquerda e pelo centro-esquerda, forças políticas “residuais” no concelho de Mafra. Por outro lado, a atração da capital faz deslocar para Lisboa os poucos que restam, interessados em comemorar a data. Será bom recordar, que nas últimas autárquicas, o PS e a CDU perderam vereadores, tendo a CDU ficado sem representação na vereação, já o BE, embora tendo eleito um deputado municipal em 2017, na realidade, desertou do concelho.

Por seu lado, Hélder Silva segue as pisadas politicas de Ministro dos Santos, mantendo o concelho à direita, e fazendo-o de uma forma consolidada e perene, embora ensaiando uma abertura política, que sendo pouco mais do que virtual, tem atraído alguns protagonistas políticos, até mesmo da oposição.

Quanto ao 25 de abril, em 45 anos o mundo mudou muito, e o país também. Temos uma das melhores redes de autoestradas da Europa, mas vemo-nos obrigados a recorrer com demasiada frequência à assistência financeira internacional. Temos um dos melhores serviços nacionais de saúde da Europa mas os enfermeiros encarniçam-se em reivindicações salariais e de condições de trabalho. O ensino continua desfasado da realidade, demasiado escolástico e ainda pouco ligado às empresas e à investigação, mas cria já um número interessante de doutorados e de técnicos muito qualificados. A tradicional miséria que grassou no país durante tantos e tantos anos foi erradicada, mas os salários não passam da “cêpa torta”, os impostos são elevadíssimos, e a classe média tornou-se no novo proletariado, suportando agora empresas como a EDP, a antiga PT e bancos como o BES. A justiça é a maior vergonha deste país e parece irreformável, sendo uma das razões que mantêm este país na tal “cepa torta”.

Os entraves ao desenvolvimento – uma das importantes promessas do 25 de abril –  no concelho de Mafra passam pela influência potencial da igreja católica sobre os meios de decisão local, pela existência de um grupo de empresas que, de uma forma ou de outra, gravitam em torno dos poderes constituídos, pela utilização cirúrgica de fundos financeiros que mantêm associações ligadas ao poder, sendo por ele utilizadas política e culturalmente e, claro está, pela fraqueza das oposições, cada vez mais longe da capacidade real de contribuir para a alteração do status quo e portanto, cada vez mais longe de se constituírem como alternativa política, sendo esta, afinal, a verdadeira expressão da democracia.

Particularmente grave, a situação da comunicação social no concelho de Mafra, já muitas vezes referida nas páginas do Jornal de Mafra. Esta é, seguramente, uma das razões que mais contribuem para o imobilismo politico e cultural que por aqui assentou arraiais há dezenas de anos. Interessante também, em termos de análise, o facto de nenhuma força política valorizar politicamente esta situação.

O futuro do concelho passará seguramente pela manutenção, mesmo pelo reforço, das forças que o têm governado nas últimas dezenas de anos, pela manutenção das políticas que apostam no turismo como principal motor de desenvolvimento, pela manutenção das mesmas “famílias” à frente da maioria das associações do concelho e das instituições que constituem a sua espinha dorsal, pela manutenção da atual política de ajustes diretos nas obras públicas concelhias, pelo apoio às iniciativas da igreja maioritária, pela aposta em presidentes de junta fracos e absolutamente alinhados, pelo desenvolvimento de atividades culturais ligadas à música erudita e pela ligação sempre presente aos meios militares.

 

 

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