Uma experiência real – Da pouca utilidade das urgências do Hospital de Torres Vedras

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Há uns dias uma doente que sentiu uma dor numa perna foi às urgências do Centro de Saúde de Mafra. Deu entrada por volta das 17h30 e às 18h40 saía com uma carta de encaminhamento para a urgência do Hospital de Torres Vedras.

O motivo do encaminhamento passava pela existência de uma suspeita de TVP (trombose venosa profunda) e as urgências em Mafra não se consideraram em condições de diagnosticar e consequentemente, de tratar a doente.

A doente dá entrada nas urgências de Torres Vedras por volta das 20h20, faz a triagem sendo encaminhada para a sala de espera, que devido às obras é agora um cantinho ao fundo de um corredor, onde se vão acumulando doentes em macas. Embora a urgência estivesse com pouca afluência, a doente esperou até às 22h00 para ser atendida pelo médico, que pediu a realização de uma análise ao sangue.

De novo na sala de espera, a doente esperou até às 23h51 para que, já outro médico, a voltasse a ver. Os resultados das análises mostravam valores que, segundo o médico, implicavam a realização de um eco doppler, exame que não poderia ser realizado no hospital de Torres Vedras, assim, a doente foi encaminhada para Santa Maria.

Mal se entende, desde logo, que a médica do AC de Mafra que encaminhou a doente para o Hospital de Torres Vedras, com a menção da necessidade de realizar um eco doppler, desconhecesse que aquele exame não está disponível no hospital para onde encaminhou a doente.

Cerca da meia-noite e meia, a doente saía de Torres Vedras em ambulância (segundo o médico, caso preferisse ir pelos próprios meios, o médico dava-lhe alta em Torres Vedras) rumo ao Hospital de Santa Maria.

À 1 e 20 da manhã, na triagem de Santa Maria, a enfermeira de serviço, após consultar o serviço de cirurgia vascular, comunica à doente, que não a pode admitir, pois o exame que ela vai fazer só é realizado em Santa Maria, entre as 8 da manhã e as 8 da noite.

A doente volta a aguardar por uma ambulância que a transporte novamente para o Hospital de Torres Vedras. Em Torres Vedras já sabiam do sucedido, e à chegada da doente, preparavam-se para reiniciar todo o processo (triagem, sala de espera… e por aí fora…). Perante isto, a doente recusou a amável proposta dos serviços e às 2h46 da manhã pediu o livro de reclamações, onde descreveu a odisseia daquela noite e onde, mais uma vez, se mostrou desagrada pelo facto de os serviços do Hospital de Torres Vedras desconhecerem em que condições horárias funcionam os serviços de diagnóstico do Hospital de Santa Maria, para o qual referenciaram a doente, nem sequer se tendo dignado pegar no telefone e contactar Santa Maria, antes de, em vão, sujeitar a doente à viagem.

A saga começou às 17h30, tendo a doente regressado a casa às 3 e tal da manhã sem que tivesse sido feito o diagnóstico diferencial, o qual só ficou concluído por volta das 3 da tarde do dia seguinte, quando a doente saía do Hospital de Santa Maria já com o exame feito.

Esta história é verídica e passou-se com uma colaboradora do Jornal de Mafra.

 

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