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Saúde Mental e Ocupacional | Maria João Avelino

 

Mobbing – consequências na Saúde Mental

O QUE É?

Também conhecido como Bullying no trabalho ou assédio moral.

O Mobbing foi identificado pela primeira vez nos finais dos anos 80, tendo sido descrito por Leymann como uma forma grave de stress psicossocial relacionado com o trabalho, causado por comportamentos antagonistas de um indivíduo ou grupos de indivíduos, muitas vezes mantendo uma relação desigual de poder e com duração de seis meses ou mais, geralmente até as vítimas se verem forçadas a despedir-se. Trata-se de um fenómeno generalizado à escala mundial, envolvendo várias áreas das sociedades modernas e com consequências nefastas duradouras para as suas vítimas, nomeadamente em termos de saúde mas, também para as próprias empresas, como elevada taxa de absentismo laboral e baixa fixação dos seus empregados.

O mobbing pode ser de dois tipos:

Predatório – Situação que ocorre sem que haja um incidente ”crítico” que a despolete, sendo apenas causada por razões conjunturais, como é o caso de uma reestruturação organizacional. Nestes casos, o assédio pode ocorrer porque “faz parte” da cultura organizacional da empresa e é inerente ao exercício de liderança promovido internamente. Por outras palavras, em algumas organizações a prática de comportamentos típicos de assédio moral encontra-se institucionalizada como integrando o exercício da liderança e gestão, em prol de uma gestão “firme”. No entanto, algumas práticas assumidas como o exercício de um estilo de gestão “firme” podem transformar-se, facilmente, em situações de assédio moral, na ausência de políticas de prevenção e de punição.

Competitivo – O assédio moral competitivo, baseado numa disputa ou conflito, refere-se a situações que resultam de um conflito interpessoal de natureza laboral, que, quando não resolvido em tempo útil, pode vir a envolver comportamentos retaliatórios de uma das partes perante a outra.

 

COMO IDENTIFICAR?

Os comportamentos de mobbing podem ocorrer quer por superiores hierárquicos mas também por colegas e subordinados, ficando as vítimas, de forma gradual e inexorável, isoladas, expostas a abuso psicológico, com atribuição de tarefas inapropriadas para as suas qualificações, não atribuição de tarefas e com salários baixos, por forma a forçar as vítimas a despedir-se. No entanto, são vários os comportamentos, tais como os descritos na tabela

Jornal de Mafra 2019.01.27 22h40m48s 007

 

AS CONSEQUÊNCIAS

Se a violência psicológica e a sua duração aumentam, também vão sendo maiores as suas consequências: no início, as vítimas apresentam choro fácil, tristeza, perturbações do sono e dificuldades de concentração. Depois de um longo período, vão manifestando aumento da pressão arterial, dor no peito, palpitações, problemas gastrointestinais, aumento ou perda de peso e algumas vezes consumo abusivo de álcool e outras drogas. Num extremo a vítima apresenta medo no seu local de trabalho, absentismo, depressão, ansiedade, baixa auto-estima, ideação e tentativas de suicídio e heteroagressividade.
Existem vários estudos sobre a Síndrome de Mobbing, mas apesar do impacto económico e social, não há uma clara definição nosológica. As classificações internacionais das doenças como a ICD (International Classification of Diseases) e o DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) apresentam duas condições associadas ao stress mas que não estão directamente relacionadas com o trabalho: A Perturbação de Stress Pós-Traumático e Perturbação de Ajustamento.
Os estudos mostram uma correlação entre determinados traços de personalidade, estratégias de coping e a gravidade dos sintomas, sendo piores nos doentes com traços paranoides e maiores dificuldades de adaptação a situações geradoras de stress.

 

O QUE FAZER

Porque as vítimas se encontram no quadro de uma relação de poder desigual com os agressores, é extremamente difícil reagir e denunciar o assédio moral. Frequentemente, a vítima tem receio de sofrer represálias, como a intensificação do comportamento agressivo ou mesmo a perda do emprego.
No entanto, sabe-se que o que alimenta e mantém ativa uma relação profissional marcada pelo mobbing é o medo e o sentimento de impotência. Por isso, quanto mais cedo agir, melhor: a) Falar com pessoas dentro e fora do local de trabalho sobre o que está a acontecer; b) Recorrer a associações de apoio a vítimas de mobbing para se aconselhar; c) Expor o caso à Administração da entidade empregadora; d) Recorrer a queixa judicial; e) procurar ajuda junto do seu médico de família se identificar sintomas como os descritos acima.
O tratamento para as consequências psicológicas do mobbing deverá ser integrado e passar pelo afastamento do local de trabalho e de outros factores ambientais, intervenção psicológica e psiquiátrica com eventual tratamento psicofarmacológico.

 

 

 

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