Na nova rúbrica do Jornal de Mafra, Viagem pelos Castelos de Portugal, vamos hoje até à Beira Litoral, para visitar o Castelo de Leiria.
O Castelo de Leiria localiza-se na cidade, freguesia, concelho e distrito de Leiria, é monumento nacional desde 1910 e tem no seu interior o Paço Real, a Igreja de Santa Maria da Pena e a Torre de Menagem.
O Castelo de Leiria foi mandado construir por D. Afonso Henriques, com vista a criar uma linha defensiva contra os árabes. As guerras com a Galiza fizeram com que por duas vezes, os árabes se apoderassem de Leiria, tendo a reconquistar definitiva de Leiria por D. Afonso Henriques ocorrido em 1142.
D. Sancho I por volta de 1195 mandou erguer as muralhas da cidade.
O castelo foi perdendo progressivamente o valor militar e ficou bastante danificado durante as invasões francesas.
Encontra-se encerrado até Abril de 2021 para obras de requalificação.
O Castelo românico e gótico, com ampla intervenção no séc. 20. É de planta poligonal, com forte sistema defensivo rodeando o reduto central onde se encontram o Paço Real, construção gótica, cuja “loggia” domina a cidade, a Igreja da Pena, de uma só nave e capela-mor com ábside poligonal e a Torre de Menagem, prismática, rematada por merlões quadrangulares e encimada por terraço. No início da sua edificação constítuia um castelo de penetração em território inimigo. A antiga cerca da vila, guarda, ainda, no seu interior vestígios da “primeira” cidade de Leiria e é visível em quase toda a sua extensão inicial.
“(…) de planta poligonal irregular com cortina de muralhas, rematada por merlões quadrangulares reforçada do lado vulnerável por uma barbacã, seguida por uma cerca avançada, a N. e a E.. Do lado E. estende-se a cerca muralhada da vila medieval. O acesso ao castelo faz-se a E., por arco de volta redonda aberto sob uma torre rematada por merlões chanfrados e rasgada por frestões, que funcionou como torre sineira da vizinha Igreja de Nossa Senhora da Pena. Do lado oposto, a O., abre-se na muralha exterior a “porta da traição”, em arco quebrado. O último reduto, envolvido por cinta de muralha, situa-se numa plataforma mais elevada do lado NO., formado por um recinto muralhado em cujo extremo N. se ergue a TORRE DE MENAGEM, prismática, de espessos muros, 3 pisos, com 17 m de altura, rematada por merlões quadrangulares e encimada por terraço; à esquerda da porta de entrada, encastrada na parede, uma lápide epigrafada; no extremo oposto uma torre de reforço maciça até ao adarve. Contíguo ao último reduto erguem-se do lado S., sobre a muralha alcantilada, contrafortada por 3 esbarros.”
Época de Construção: Séc. 12 / 16 / 20
Arquitecto / Construtor / Autor: Arquitecto: Baltazar de Castro (séc. 20); Ernesto Korrodi (séc. 20).
Materiais: Alvenaria de pedra, cantaria, tijolo, betão.
Protecção: Monumento Nacional desde 1910
Enquadramento: Urbano. Sobre um morro sobranceiro à cidade de Leiria, dominando-a do lado N.. O acesso ao Castelo faz-se entrando pela Porta do Sol acedendo a um vasto terreiro onde ainda se encontra algum casario, o antigo paço episcopal e a Capela de São Pedro. Subindo uma rampa, acompanhando a muralha da Vila, acede-se à entrada do castelo, que se faz através da Porta de Albacara.
Utilização:
Inicial: Militar: castelo e cerca urbana
Actual: Cultural e recreativa: marco histórico-cultural
Propriedade: Pública: estatal
Afectação: Câmara Municipal de Leiria, auto de cessão de 27 Setembro 1973
Cronologia
Séc. 12, 1ª metade – construção do recinto muralhado (aproveitando possivelmente alcáçova pré-existente) e de uma primeira igreja intramuros (fundada entre 1144 e 1147); séc. 12, último quartel – construção da cerca da vila; 1324, 8 de Maio- Por ordem de D. Dinis inicia-se a construção da torre de menagem, só terminada no reinado de D. Afonso IV, como informa a inscrição existente na parede exterior da torre; Para alguns autores, os Paços e a 2ª igreja de Nossa Senhora da Pena terão sido construídos também por D. Dinis (Murphy, 1795; Saraiva, 1929; Sequeira, 1955; Gonçalves, 1951); séc. 14 – 15 – segundo outros, a Igreja de Nossa senhora da Pena, nome adquirido por ter sido construido junto da penha, tendo por orago Nª. Srª. da Anunciação: Mandada construir por D. João I tendo na capela-mor a divisa e armas deste rei (“O Couseiro”, 1868; Korrodi, 1898; Larcher, 1922); os paços de D. Dinis e da Raínha Santa ter-se-ão erguido junto à Igreja de São Pedro. (Cristino, 1986, Costa, 1985); séc. 16, inícios – D. Manuel manda construir uma sacristia, entre a capela-mor da igreja e a torre sineira; 1605 – ainda se oficiava nesta igreja; 1915 – a Liga dos Amigos do Castelo inicía as obras de restauro, paga pelos seus fundos e com o apoio financeiro do Estado; Ernesto Korrodi (Zurique, 1898), autor do projecto de restauro das ruínas do castelo, não é nomeado pela Direcção de Obras Públicas e Minas para dirigir o restauro, apesar do interesse da Liga dos Amigos do Castelo; 1921 – Korrodi é nomeado para a direcção das obras, à frente de uma comissão sujeita à DGEMN; 1933 – Korrodi abandona a chefia das obras, que serão prosseguidas, no entanto, seguindo de perto o seu projecto de restauro; séc. 20, meados – trabalhos de conservação e restauro dirigidos pelo arquiteto Baltazar de Vastro; 1969 – estragos verificados pelo tremor de terra: brechas na casa do guarda; derrube dos torreões laterais dos Paços, da empena O. da Igreja, de 4 torres do lado O., no passeio de ronda da muralha, de parte do revestimento interior de consolidação da escada de acesso ao terraço da Torre de Menagem; 2000 – Projecto da DREMC para revitalização e recuperação do Castelo: entrada, muralhas, Torre de Menagem, igreja de Nossa Senhora da Pena, Paço da Raínha, celeiros e casa da guarda; 2017, 25 outubro – publicação do Projeto de decisão relativo à alteração da Zona Especial de Proteção do Castelo de Leiria e da Capela de São Pedro, em Anúncio n.º 192/2017, DR, 2.ª série, n.º 206/2017; 2018, 22 março – alteração à Zona Especial de Proteção do Castelo e Capela de São Pedro, solicitada pela Câmara Municipal de Leiria, de forma a permitir a desafetação de duas parcelas da zona non aedificandi, para a construção de dois novos acessos; 2019, junho – início das obras de requalificação do castelo, com intervenção na Casa da Guarda, Celeiros Medievais e Capela da Pena.
Intervenções realizadas:
1915 – A Liga dos Amigos do Castelo dá início às obras de restauro, pagas pelos seus fundos e com o apoio financeiro do Estado; as obras paralizam no ano seguinte; 1916 / 1921 – obras de conservação das ruínas do castelo e melhoramento do acesso, por parte da Liga; DGEMN: 1921 – uma derrocada apressa o início dos restauros: restauro de determinados trechos do castelo, mantendo-se uma parte das suas ruínas; Torre de Menagem: reconstituição dos pavimentos e a cobertura em cimento armado, construção de um torreão, alteando a torre cerca de 2,5 m., reconstrução de um alpendre sobre a porta de acesso à torre; construção do alpendre da casa do guarda, utilizando materiais do castelo; são colocados merlões na cabeceira da capela de Nossa Senhora da Pena; 1928 – início das obras de consolidação de longos trechos de muralha, de torres e da igreja de Nossa Senhora da Pena; 1936 – reparação da muralha a N. do castelo, que desabou; 1937 – reconstrução de muralha junto à Torre de Menagem e colocação de merlões; 1939 – iniciam-se obras de reintegração dos Paços do castelo; 1954 – reparações de infiltrações em 2 salas laterais e na sala central; 1955 – limpeza de ervas nos paramentos da capela de Nossa Senhora da Pena; 1956 – limpeza de ervas nas cantarias do castelo e anexos; cobertura dos varandins, revestimento de parte dos tectos do 3º piso; prolongamento da escada do 2º para o 3º pisos, em betão; revestimento de pavimentos a tijoleira, reparação de paredes; 1959 – obras nos Paços: beneficiação de instalações sanitárias, colocação de portas novas e pintura das existentes; limpeza de pavimentos; beneficiação de paramentos, incluíndo disfarce dos elementos em betão; 1963 – arranjos nos merlões em toda a extensão da muralha; forro de 2 tectos das salas da alcáçova, para esconder vigas em betão armado; são retirados os merlões colocados na cabeceira da Senhora da Pena por Korrodi; é instalado o arco polilobado marcando o início do coro da capela; 1965 – modificação da inclinação do telhado da casa do guarda; 1966 – restauro do tecto da casa do guarda, limpeza e caiação de paredes, arranjo da chaminé; projecto de calcetamento da rampa de acesso até ao castelo, de construção de muro na escarpa do lado esquerdo da porta de entrada; necessidade de escoamento das águas do pavimento da Igreja de Nossa Senhora da Pena; 1968 – sondagens e consolidações do claustro da Igreja de Nossa Senhora da Pena; restauros nos Paços: revestimento a tijoleira do pavimento, cantarias nas soleiras das portas, degraus, roda-pé da escada, restauro de pavimentos em cantaria, limpeza de paramentos de paredes interiores, nova alvenaria para regularizar paredes e tapar vãos, limpeza e consolidação do fogão de sala, pintura de tectos, beneficiação de instalações sanitárias, revestimento de tectos vigados com madeira de mutene, incluíndo barrotes entre vigas, construção de portas e caixilhos para janelas, vitrais; 1969 – consolidação do claustro da Igreja de Nossa Senhora da Pena; restauros nos Paços: reconstrução de merlões no enchimento das torres, incluíndo consolidação dos cunhais e parapeitos com cintas de betão; reconstrução de merlões nas muralhas, incluíndo consolidação de parapeitos; arranjos do acesso ao castelo: regularização do piso da rampa de acesso, incluíndo construção de muros de suporte; corte em parede de alvenaria, rebaixamento da soleira; 1970 – impermeabilização dos terraços sobre os Paços, construção de muretes em alvenaria para remate dos mesmos, limpeza das paredes de alvenaria e refechamento de juntas; cintagem da torre anexa aos Paços, reparação de alvenaria de pedra, substituição de alvenaria de tijolo à vista por alvenaria de pedra, limpeza de ervas; 1972 – projecto de acesso a viaturas até ao castelo: corte do cunhal da torre que ladeia a porta de acesso, para alargamento da estrada, inviabilizado pela Junta de Educação Nacional; 1973 – construção de novas instalações sanitárias nos Paços com demolição prévia de instalações sanitárias mal situadas; ligação interna entre o 2º e o 3º pisos, com demolição prévia de escada em betão existente; 1974 – reconstrução da cobertura da torre sineira; 1975 – instalação eléctrica no interior dos Paços; 1976 – forro em madeira de tectos em betão; reparação de portas; substituição de cantarias em vãos danificados; acabamentos de escadas recentemente executadas; vedação de janelas e frestas; 1977 – reconstrução de troço de muralha, a N. da Torre de Menagem; reparação de infiltrações em telhados, terraços e paredes; 1978 – reconstrução do telhado e construção de instalações sanitárias da casa do guarda; 1979 – construção de placa na casa do guarda; 1985 – restauros nos Paços: escoramento de 2 arcos, um na logia, outro no piso superior do corpo lateral esquerdo; 1987 – continuação de reparações nos Paços: transformação das instalações sanitárias do 2º piso, impermeabilização, regularização e revestimento dos terraços, vedação a vidro dos vãos do 2º piso, elevação do nível do pavimento junto à entrada para assentamento de guarda-vento; 1990 – recuperação de parte da muralha que ruíu pela construção de aterro para assentar campo de jogos, deslocação do mesmo campo e desaterro de terras para cota igual à do restante adarve que circunda a muralha; reconstituição do muro em betão ciclópico, com a face externa em alvenaria de pedra; 1994 – reconstrução de troço de muralhas; 1997 – valorização e reparação da torre de menagem; DGEMN/DREMC, CML: 2007 – consolidação da estrutura de um troço da muralha do lado nascente.
[Fonte: DGPC]