Viagem pelos Castelos de Portugal | Castelo de Guimarães [Imagens]

Castelo Guimaraes Castelos

Na nova rúbrica do Jornal de Mafra, Viagem pelos Castelos de Portugal, vamos hoje até à cidade berço, para visitar o Castelo de Guimarães.

O Castelo de Guimarães localiza-se na freguesia de Oliveira do Castelo, cidade e concelho de Guimarães, no distrito de Braga, é monumento nacional desde 1910 e em 2007 foi eleito como uma das Sete maravilhas de Portugal.

O Castelo surgiu (século X) da necessidade de defender o Mosteiro mandado construir pela Condessa Mumadona Dias, dos ataques constantes dos mouros e normandos.

Com a formação do Condado Portucalense (século XII), o Conde D. Henrique e D. Teresa veem viver para Guimarães e realizam grandes obras no Castelo, de modo a ampliá-lo e torná-lo mais forte. Reza a tradição que terá sido no interior do Castelo que os condes fixaram residência e que provavelmente, aí terá nascido D. Afonso Henriques.

Encontra-se numa posição dominante, situado acima do Campo de São Mamede está ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de Portugal, sendo designado popularmente como berço da nacionalidade.

O Castelo é de arquitetura militar, românica e gótica, tem uma disposição geométrica em forma de escudo, dispondo de um recinto central reduzido e de difícil acesso. As diversas características góticas resultam das remodelações nos finais do séc. 13 e durante o século seguinte, altura em que foram acrescentadas a torre de menagem e a alcáçova, possivelmente construídas sobre construções já existentes.

Trata-se de um “Castelo roqueiro de planta pentagonal, com cerca reforçada por oito torres quadrangulares, delimitando a praça de armas, no centro do qual se implanta a torre de menagem

“Planta regular, pentagonal, composta por muralha reforçada por oito torres, delimitando a praça de armas, no centro do qual se implanta a torre de menagem. Nos extremos N. e S. a muralha prolonga-se ligeiramente, estando outrora ligada à muralha que protegia a cidade. Volumetria de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre de menagem, com coberturas em terraço e em telhados de quatro águas nas torres S., NE. e torre de menagem. Paramentos em cantaria aparelhada, com muralha e torres rematadas por merlões chanfrados, alguns rasgados por seteiras. Acesso principal à praça de armas, no centro do pano E. da muralha, por portal em arco angular inscrito em vão de arco de volta perfeita, visível apenas no interior, precedido por escadaria semi-circular, ladeado por duas torres. O outro acesso é feitos através do extremo N. do pano de muralha O., também por portal protegido por duas torres, em arco quebrado, conhecida como porta falsa ou da traição. Torre S., rasgada pela antiga porta da muralha, entaipada, de arco de volta perfeita. A muralha é percorrida interiormente por caminho de ronda, com acesso por duas estreitas escadarias divergentes, junto ao portal principal. Adossada à muralha, pelo interior, do lado N., existem vestígios da antiga alcáçova com paredes rasgadas por grandes janelas e chaminés distribuídas pelos dois registos. Torre de menagem quadrangular, com cerca de 27 m de altura, com panos murários de três registos, rasgados por frestas e acesso ao nível do segundo, por um estreito passadiço de madeira, comunicante com o caminho de ronda, a O. INTERIOR da torre, de três pisos, com espaços únicos, comunicantes por escadarias, com pavimentos e tectos de madeira.”.

 

 

Época de Construção: Séc. 10 / 11 / 13 / 14 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor: Arquitecto Paisagista: Viana Barreto.

Materiais: Estrura em cantaria de granito; portas, travejamento das coberturas, pavimentos, escadas e passadiço da torre de menagem em madeira; coberturas da torre S., NE. e de menagem em telha de canudo.

Protecção: Monumento Nacional desde 1910

Enquadramento: Urbano, no limite N. do centro histórico, isolado, no topo de um pequeno monte, sobre afloramento granítico, rodeado por parque arborizado e relvado, com acesso por diversos caminhos pedestres, que percorrem o parque. Junto à torre S., encontra-se um medalhão de bronze de D. Afonso Henriques, colocado num penedo. Na proximidade, na encosta do monte, a igreja românica de São Miguel do Castelo e o Paço dos Duques de Bragança e alguns troços de Muralha, que circundavam a cidade e que inicialmente estariam ligados ao castelo.
(As muralhas da cidade ligavam-se ao castelo, nos flancos N. e S., deixando da parte de fora a muralha do castelo virada a O)

Utilização:
Inicial: Militar: castelo
Actual: Cultural e recreativa: monumento

Propriedade:
Pública: estatal

Cronologia
Séc. 10, 2ª metade – Por morte do Conde Hermenegildo Gonçalves, a propriedade de Vimaranes, hoje Guimarães, passa para a posse de sua filha Oneca; a Condessa Mumadona Dias, sua viúva, troca com a sua filha, Oneca, a propriedade de Creiximir, com a de Vimaranes, mandando construir um mosteiro, situado no que hoje é a Colegiada e Igreja de Nossa Senhora da Oliveira (v. PT010308340007); para defesa dos religiosos do seu mosteiro, é construído o castelo *3; 968, 4 de Dezembro – documento codicilar, em que a Condessa refere-se a este castelo, então designado por São Mamede, como estando já edificado, para defesa dos frades e freiras do seu mosteiro, contra o “gentio”, fazendo a sua doação ao mesmo mosteiro; séc. 10, finais – o filho primogénito da Condessa, Gonçalo Mendes, toma posse das terras, após a morte de sua mãe, respeitando sempre a sua vontade, no que diz respeito, aos direitos concedidos ao mosteiros; Gonçalo Muniuz, filho de Múnio, quarto filho da Condessa, tenta apoderar-se do burgo e do castelo, não conseguindo devido à oposição de sue tio Gonçalo, chefe da família; Ordonho, filho de Ramiro, terceiro filho da Condessa, apodera-se do castelo e do burgo, cedendo-os mais tarde à sua filha Mumadona, casada com Fernando Gondemariz; o burgo e o castelo são vendidos à irmã de Mumadona, de seu nome Gontrode Ordonhes, casada com Ermegildo Mendes; 1045 – Gontrode doa ao mosteiro, tudo aquilo que lhe pertencia anteriormente; séc. 11, finais – remodelação e ampliação do castelo, a mando do Conde D. Henrique, para sua residência. Os vestígios desta fase de construção localizam -se na zona da entrada, constituídos por 5 fiadas de silhares de grandes dimensões, isódomas, definindo uma parede arqueada com pronunciada sapata, que deveria fazer parte de um bastião avançado entre afloramentos graníticos, integrado num castelo com pátio muralhado; 1111 – nasce D. Afonso Henriques, passando a sua infância no castelo, residência dos Condes de Portucale; 1128 – batalha de São Mamede, realizada no campo do mesmo nome, dando origem à independência e fundação da nacionalidade; séc. 13, finais / séc. 14 – remodelação do castelo, a mando de D. Dinis, resultando na construção que actualmente existe; o Alcaide Mem Martins de Vasconcelos, toma o partido de D. Dinis e resiste ao cerco feito pelo Infante D. Afonso; 1369 – Henrique II de Castela invade Portugal e cerca o castelo de Guimarães, sendo derrotado pela população e pelo Alcaide Gonçalo Pais de Meira; 1385 – D. João I cerca o castelo, sendo o Alcaide Aires Gomes da Silva, partidário de D. Beatriz; 1383 / 1433 – construção das torres que protegem as portas da muralha, a mando de D. João I; 1653 – os procuradores de Guimarães nas Cortes pedem “que se valesse ao castelo da vila, o mais sumptuoso do reino, que estava a arruinar-se e se lhe não acudissem, se arruinaria de todo e que o concerto fosse à custa das rendas que o Alcaide-mor tinha na vila. E que os muros, também os melhores do reino, se não se alimpassem cairiam arruinados, acudindo-se igualmente às torres deles com um pouco de reparação”; 1793 – Alberto Vieira Braga refere que “foi reconhecida a inutilidade dos muros que circundam a vila, pelo seu estado de ruína…”; 1836 – um dos vereadores da Câmara Municipal de Guimarães, propõe a total demolição do castelo, para uso da pedra na pavimentação de arruamentos, chegando a serem retiradas algumas pedras para a construção de ruas; séc. 19, segunda metade – após ter sido abandonada a hipótese de demolição, são feitas expropriações de algumas casas, quintais e casebres, que circundavam o castelo, para o desafogarem; 1936 – iniciam-se o começo dos trabalhos de restauro do castelo; 1940, 4 de Junho – após o restauro, o castelo é inaugurado, por ocasião da comemoração dos Centenários; 1952, 30 abril – publicação da fixação da Zona Especial de Proteção Conjunta do Castelo de Guimarães, Igreja de São Miguel e Paços dos Duques de Bragança, em Portaria, DG, 2.ª série, n.º 103, revogada pela Portaria de 1955; 1957 – arranjo da envolvente da capela, pelo Arquitecto Paisagista Viana Barreto; 1987 – durante a abertura de valas para instalação eléctrica no parque do castelo, foi descoberto um poço, de construção possivelmente medieval; 1992, 01 junho – o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2004 – escavações efectuadas no interior do castelo põem a descoberto estruturas datáveis do séc. 10; 2016, 24 junho – reabertura da torre de menagem após as obras de conservação, com a presença do primeiro-ministro António Costa e do ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes.

 

Intervenções realizadas:
DGEMN:
DGEMN: 1936 – Início do recalçamento e consolidação da muralha, do ângulo S., restauro da porta primitiva e substituição de grande parte das cantarias, que se achavam salitradas e esmagadas pela torre arruinada que lá havia; demolição de uma escada que tinha sido construída para facilitar o acesso à primitiva escada da porta principal; demolição completa de dois anexos de pedra, edificados sobre as torres da porta O., os quais tinham sido usados como sanitários; demolição de uma capela e seu anexo, existente na praça de armas, ficando o lanço de muralha a descoberto; rebaixamento de todo o pavimento da praça de armas; demolição de um anexo junto à torre do ângulo NE., ficando a descoberto a porta de acesso à torre; demolição dos pavimentos e escadas interiores da torre de menagem; demolição das ramadas de ferro, com videiras, que existiam na praça de armas; demolição de várias paredes de alvenaria que tinha sido construídas na praça de armas, que estavam a encobrir os alicerces da antiga alcaçova; reconstituição da escada e da larga soleira da porta principal, bem como da escada de acesso à porta da traição; reconstituição e regularização, com cantaria rusticada do pavimento dos caminhos de ronda e das respectivas escadas; reconstrução e consolidação do troço de muralha do ângulo NO., compreendendo o caminho de ronda, os parapeitos e os merlões; consolidação e reconstrução da torre do ângulo NE., inclusivé a armação e cobertura do telhado, caminhos de ronda, parapeitos e merlões; reconstrução dos caminhos de ronda, parapeitos, merlões e seteiras das duas torres da porta da traição; consolidação e construção de parte do pavimento, parapeitos e merlões da torre N. e reconstituição da escada de acesso; apeamento e reconstrução de alguns panos da muralha, que estavam arruinados; reconstrução da parte da cerca que se ligava ao castelo e que circundava o povoado; consolidação e limpeza dos restos da primitiva muralha, existentes no interior do castelo, na parte SE.; reconstrução completa de todos os pavimentos, bem como da escada de madeira da torre de menagem, substituição total da armação do telhado e consolidação do caminho de ronda através de um anel de betão; limpeza geral e tomada de juntas, com argamassa hidráulica, de todos os panos da muralha, interiores e exteriores; construção e colocação de merlões novos nas muralhas e torres; colocação de novas portas de carvalho nas duas entradas do castelo, na torre de menagem e nas torres NE. e S.; consolidação de de uma das paredes da alcaçova e reconstrução parcial da respectiva chaminé; 1958 – reparação de um adarve e execução da ponte de ligação da muralha à porta da torre de menagem; 1960 – fornecimento de um cofre antigo destinado a ser colocado numa torre do castelo para recolha de terras das Províncias Ultramarinas; 1962 – em colaboração com a autarquia local prossegiu-se a iluminação exterior; 1971 – obras de conservação: restauro da porta principal, colocação de vitrais na torre do lado N, colocação de caixilhos de rede na torre de menagem, reconstrução dos soalhos desta e da escada de acesso ao adarve da torre de menagem; 1971 – reparação dos madeiramentos; IPPAR: 2003, Novembro / 2004 – realização de escavações no interior do castelo; DRCNORTE: 2015 / 2016 – beneficiação das condições de acessibilidade e segurança do castelo, orçada em 430 mil euros, no âmbito de um protocolo de mecenato entre a Direção Regional da Cultura do Norte e a Fundação Millennium bcp, e financiada pelo QREN, no âmbito do ON.2 – O Novo Norte; as obras incluíram a melhoria das condições de acessibilidade e segurança dos visitantes, instalação de uma nova área de receção dos visitantes e montagem de exposição nos três pisos da torre de menagem.

 

[Fonte: DGPC]

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