Viagem pelo património classificado do município de Mafra:
Igreja Paroquial de Milharado / Igreja de São Miguel
A Igreja paroquial de Milharado foi construída, inicialmente, no século 16, e reconstruída nos séculos 17 e 18, de feição maneirista e barroca.
A Igreja de São Miguel “teve uma primeira construção tardo-medieval, apresentando ainda hoje alguns elementos da sua primitiva feição quinhentista, como sejam, o portal principal do templo, de verga reta, com elegantes colunelos e decoração vegetalista (composta por cachos de uvas, animais e cestaria), uma pia de água benta e um modilhão representando um busto humano”.
O seu interior conta com uma decoração “(…) maneirista, apresentando um teto de masseira em grandes caixotões decorados, as paredes murárias revestidas a silhar de azulejo quadrangular azul e branco, ritmadas pela abertura de dois arcos de volta perfeita sobre pilastras, que enquadram duas capelas laterais retabulares, e o arco triunfal em volta perfeita de mármore rosa. No centro da parede murária do lado do Evangelho encontra-se o púlpito seiscentista, circular, protegido com balaustrada de mármore, e a ele se acede através de um portal de verga reta, onde se encontra inscrita a data de 1609”.
A igreja foi reconstruída no século 18, pós-terramoto, altura da qual “datará a quadrangular torre sineira, bem como a empena da galilé, e, no interior os retábulos em talha dourada das suas capelas, laterais, colaterais e mor, o revestimento azulejar com padrão ponta de diamante dos muros da capela-mor e frontal de altar serão também setecentistas”.
Época Construção: Séc. 16 (conjetural) / 17 / 18
Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido
Materiais: Cantaria de calcário e de mármore, alvenaria mista, reboco pintado, azulejos, estuque, madeira pintada e dourada.
Protecção: Imóvel de Interesse Público desde 03 janeiro 1986
(DOF: Igreja de São Miguel e cruzeiro do século XVII, no adro da mesma)
Enquadramento: Urbano. Destacado, isolado por adro com cerca murada, insere-se no limite noroeste do pequeno aglomerado urbano, a sul do cemitério local, nas suas imediações encontram-se, a oriente, a Escola Básica do 1.º Ciclo e, a sul, a Junta de Freguesia.
Utilização:
Inicial: Religiosa: igreja paroquial
Actual: Funerária: igreja paroquial
Propriedade: Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)
Afectação: Sem afectação
Cronologia
Séc. 16, primeira metade – data conjetural para a construção do primitivo templo, de que restam alguns elementos, como sejam o portal principal manuelino, hoje precedido pela galilé do templo, e, no seu interior, no acesso à nave, uma pia de água benta e um modilhão representando um busto humano, que originalmente estaria no exterior do edifício; 1609 – importante campanha de obras, cuja data permanece inscrita na porta de acesso ao púlpito; desta intervenção datam a sua feição externa, com a atual solução encontrada para a fachada principal, com o corpo central em forma de galilé, aberto a poente por arco de volta perfeita, encimado por empena curva decorada, e a interna, a nave única, com teto de masseira com caixotões pintados, com arco triunfal em arco de volta perfeita, duas capelas laterais igualmente enquadradas por arcos de volta perfeita e o púlpito; séc. 17 – cruzeiro do adro, sobre soco quadrangular de triplo degrau, com base cúbica decorada e cruz de arestas lisas sem decoração; 1748 – as paredes murárias da nave encontram-se revestidas a azulejo geométrico; 1755, 01 novembro – o grande terramoto destrói por completo a albergaria que, junto ao templo, acolhia os peregrinos; a igreja, contudo, não sofre muitos danos; 1760 – o visitador do arcebispado determina a reconstrução da albergaria, a sua omissão em relação ao templo, onde apenas determina a construção da grade do batistério, permite deduzir que este não se encontre muito danificado; séc. 18 – recebe novas campanhas de obras, desta altura datam os retábulos em talha dourada e o revestimento azulejar da capela-mor; edificação da torre sineira, cujo remate é posterior; 1960 – a igreja é completamente restaurada; 1983 – a paróquia executa várias obras de beneficiação no imóvel; 11 novembro – proposta de classificação do imóvel avançada pela Câmara Municipal de Mafra, a qual merece os pareceres favoráveis dos serviços técnicos do Instituto Português do Património Cultura; 1984, março – proposta de classificação homologada pela presidente do instituto e pela tutela; 1986, 03 janeiro – é classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 1/86, DR, I Série, n.º 2).
[Fonte e fotos: DGPC]