Viagem pelo património classificado do município de Mafra | Capela do Espírito Santo / Ermida do Espírito Santo

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Viagem pelo património classificado do município de Mafra – Capela do Espírito Santo / Ermida do Espírito Santo

A Ermida do Espírito Santo é uma ermida rural de pequena dimensão e feição rustica, “construída, provavelmente no séc. 16 e reconstruída no 18 (pós-terramoto), tendo recebido uma descuidada intervenção de reconstrução em finais do século 20, que lhe alterou a feição interna”.

Descrição:
Planta poligonal, retangular, composta pela articulação longitudinal de dois corpos escalonados, retangulares, correspondentes à nave e à capela-mor pouco profunda, tendo adossados, a norte, os corpos da sacristia e de um pequeno anexo, também retangulares. Fachadas rebocadas e caiadas a branco, com panos delimitados por cunhais de cantaria e rasgadas por vãos retilíneos com molduras simples de cantaria. Cobertura telhada a duas águas.
Fachadas:
– Fachada principal orientada a ocidente, terminada em empena triangular, encimada por cruz pétrea, é delimitada por cunhais de cantaria, e rasgada, axialmente, pelo portal principal encimado por pequena janela retangular, servida de gradeamento férreo.
– Fachada lateral esquerda, a norte, composta por quatro panos, respeitantes aos quatro corpos em presença, a capela-mor, encoberta pelo corpo da sacristia, de parede cega, o pequeno anexo, rasgado apenas a ocidente pelo vão de entrada, de verga reta, e a nave, rasgada por uma pequena janela sobre o anexo.
– Fachada lateral direita, a sul, com três panos delimitados por cunhais de cantaria e rasgados por uma porta travessa, no corpo da nave, e uma pequena janela na capela-mor. Fachada posterior, de empena triangular, e parede cega. Sobre o acrotério do corpo da nave, a sul, um campanário.

Interior: nave única, paredes murárias caiadas de branco, ostentando, no lado do Evangelho, um púlpito embutido, com mísula pétrea e guarda em balaustrada de ferro forjado, no lado da Epístola, pia de água benta e caixa de esmolas de madeira. Arco triunfal, de volta perfeita, com face e pés direitos decorados com rosetas, assente sobre bases oitavadas, com moldura externa com três arcos conopiais inscritos, com vértices rematados por rosetas estilizadas e com uma cabeça coroada em meio-relevo na pedra de fecho. Retábulo-mor com frontal revestido a azulejo tapete.

Época Construção: Séc. 16 (conjetural) / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido

Materiais: Estrutura de alvenaria rebocada e cantaria de calcário nos cunhais, emolduramentos das portas, janelas e arco triunfal. Cobertura de telha.

Protecção: Interesse Municipal desde 26 fevereiro 1982

Enquadramento: Urbano, isolada, tendo fronteiro pequeno adro murado. Situa-se no fundo do vale junto à ribeira de Cheleiros, a ocidente da ponte antiga.

Utilização:
Inicial
: Religiosa: capela
Actual: Funerária: capela mortuária

Propriedade:
Privada: Igreja Católica

Intervenção Realizada
PROPRIETÁRIO / DGEMN: 1986 – Trabalhos de reparação e reconstrução: colocação de telhado, portas e janelas para salvaguarda do arco manuelino, púlpito e cantarias.

Cronologia
1516, 25 novembro – D. Manuel I (1469 – 1521) dá foral novo à vila de Cheleiros, que recebera o seu primitivo foral ainda por mãos de D. Sancho I (1154 – 1211), em 1195, e que voltara às mãos da coroa, até à criação do senhorio de Povos e Cheleiros por D. João I (1357 – 1433) em 1420; desta altura datará a construção primitiva do templo, ou a realização de uma importante campanha de obras; 1755, 01 novembro – o grande sismo de Lisboa deixa-a em ruínas, sendo então reconstruída com a sua atual feição; 1758 – de acordo com a informação contida nas Memórias Paroquiais, é esta ermida alvo de romaria e dispõe de albergaria anexa; c. 1759 – 1882 – encontra-se documentada a atividade do Hospital e Confraria do Divino Espírito Santo de Cheleiros, também conhecido como Ermida e Albergaria do Divino Espírito Santo, localizados na vila de Cheleiros; 1882 – a instituição é extinta por alvará do Governo Civil de Lisboa, sendo os seus bens integrados nos da Santa Casa da Misericórdia de Mafra; 1944 – c. 1947 – decorrem obras de conservação e restauro na Igreja Matriz de Cheleiros (v. IPA.00003045), que se encontra, assim, impossibilitada para a realização do culto, sendo este transferido para este templo; 1954 – encontra-se em grande estado de abandono e com telhado já abatido; 1982, 26 fevereiro – é classificada como imóvel de Valor Concelhio, Decreto n.º 28/82, publicado no DR, 1.ª série, n.º 47; 1985, 03 junho – ofício dos Serviços Culturais da Assembleia Distrital de Lisboa alerta a autarquia de Mafra para o estado de degradação em que o imóvel se encontra, apenas restando as paredes com reboco, mas com a empena desmoronada, o arco triunfal e um púlpito, pelo emite parecer sobre a necessidade urgente de obras; na sequência deste ofício a autarquia mafrense solicita apoio técnico e financeiro à DGEMN; 14 junho – a DRML anui em conceder apoio técnico à intervenção, frisando que a obra de um Valor Concelhio deve correr por conta co município; 1987 – não sendo dada resposta à necessidade de intervenção, a Comissão Fabriqueira empreende a reconstrução do templo, desta obra data todo o interior caiado, a cruz tosca que encima o arco manuelino, as duas colunas cortadas que ladeiam o frontal de altar da capela-mor; 1989, 21 março – artigo publicado no jornal A Capital, chama a atenção para a falta de qualidade da intervenção, que deixaria os arquitetos quinhentistas “de cabelos em pé” se cá voltassem; 2001, 08 setembro – a classificação como VC – Valor Concelhio é convertida para IM – Interesse Municipal, nos termos do n.º 2 do art.º 112.º da Lei n.º 107/2001, publicada no DR, I Série-A, n.º 209.

[Fonte e fotos: DGPC]

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