Viagem pelo património classificado do município de Mafra:
Capela do Espírito Santo
A Capela do Espírito Santo é uma “Ermida rural de pequena dimensão e feição rústica, construída, provavelmente no séc. 16 e reconstruída no 18 (em período pré-terramoto), alvo de várias intervenções ao longo do tempo que lhe alteraram a feição interna, nomeadamente a sua adaptação a escola primária no final da primeira metade do século 20”.
Planta poligonal, retangular e com um esquema interior básico, nave única, sacristia, e capela-mor.
A “fachada principal orientada a sul, terminada em empena triangular encimada por cruz pétrea, é rasgada, axialmente, pelo portal principal encimado por óculo. O portal inscreve-se em arco conopial constituído por quatro segmentos, com pés-direitos delimitados por colunelos assentes em bases de secção oitavada e rematado por florões”.
No seu interior “nave única e capela-mor pavimentadas de tijoleira e cobertas com tetos de madeira. Sacristia com lavatório de pedra embebido na parede norte”.
Época Construção: Séc. 16 / 18
Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido
Materiais: Cantaria de calcário, alvenaria de tijolo, telha, madeira, vidro e ferro.
Protecção: IIP – Imóvel de Interesse Público desde 18 agosto 1943
Enquadramento: Urbano, a poucos metros da igreja de São Miguel. Isolada, localizada em elevação, e circundada por pequeno adro arborizado com coreto.
Utilização:
Inicial: Religiosa: capela
Actual: Funerária: capela mortuária
Propriedade: Privada: Igreja Católica
Afectação: Sem afetação
Intervenção Realizada: CMM: 2001 – obras de reparação e de reconstrução de caixas murárias, coberturas exteriores e interiores, pavimentação com tijoleira, pintura de paredes e tetos e demolição dos dois corpos anexos tardios.
Cronologia
Séc. 15, finais – 16, inícios – data provável da primitiva edificação do templo e de uma albergaria anexa; desta construção data o portal que ainda hoje ostenta, de decoração manuelina; 1521 / 1535 – sofre muitos danos com os terramotos quinhentistas que assolam Lisboa; 1620 – as Visitações desse ano referem-na, bem como à albergaria anexa, que serve de apoio a peregrinos e viajantes; 1746 – termo de uma campanha construtiva, conforme data inscrita no lintel do portal de acesso à sacristia; o portal manuelino, que subsiste a esta campanha construtiva, fica, provavelmente, encoberto por uma estrutura alpendrada, que então se constrói; 1755, 01 novembro – de acordo com a informação veiculada por José Baptista Garvão, nas Memórias Paroquiais (1758), o terramoto arruína a Igreja de São Miguel, causando grande dano no hospital e albergaria anexa à Capela do Espírito Santo, a qual tem rendas próprias, esta, não sofrendo grandes danos com o sismo, serve então de paroquial; 1898 – o hospital de Mafra toma posse da ermida e de todos os seus bens, deixando-a ao abandono; 1910 – a ermida e todos os seus bens são vendidos em hasta pública, sendo comprador um mafrense, Francisco de Brito Carvalho Gorjão; c. 1940 – o imóvel é doado à Câmara Municipal de Mafra para que esta o transforme em escola primária; 1943, 18 agosto – o pórtico da capela é classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 32973, publicado no DG n.º 175/1943, Série I); 1945 – funciona como escola primária, para o que foram construídos balneários e vestiários; 1945, 19 maio – por ofício que acompanha duas fotografias da Igreja de São Miguel de Alcainça, já há muito solicitadas pela Junta Nacional de Educação, que se encontrava a instruir a classificação da paroquial de Alcainça, a DGEMN informa que a igreja funciona na sua totalidade como escola, uso que a alterou por completo, pelo que considera que apenas o pórtico é digno de classificação; inicia-se assim uma enorme confusão entre a identidade dos dois imóveis para efeitos de classificação; 1946, 08 março – por ofício a Direção-Geral da Fazenda Pública informa que o pórtico aludido respeita à Capela de São Silvestre (confusão com esta Capela do Espírito Santo)*2, classificado desde 1943; 1946, 20 agosto – o pórtico da Igreja de São Miguel de Alcainça é classificado como IIP (Decreto n.º 35817, DR, 1.ª série, n.º 187); 1967 – continua a funcionar uma escola no edifício; 1999, 29 setembro – Despacho do vice-presidente do Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico a determinar a alteração da designação oficial do diploma de proteção; 2002, 19 fevereiro – alteração da designação pelo Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42; 2012, 28 março – proposta da Direção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo para a fixação da Zona Especial de Proteção; 2013, 07 junho – publicação do Projeto de Decisão relativo à fixação da Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 207/2013, DR, 2.ª série, n.º 110; 2001 – a autarquia intervém no imóvel, executando obras de reparação e de reconstrução de caixas murárias, coberturas exteriores e interiores, pavimentação com tijoleira, pintura de paredes e tetos e demolição dos dois corpos anexos tardios; 2005 – funciona como capela mortuária.
[Fonte e fotos: DGPC]