Viagem pelo património classificado do município de Mafra – Capela de Santa Cristina
A Capela de Santa Cristina é uma ermida rural de pequena dimensão e feição rústica, construída no século 17.
Descrição:
Ermida rural de pequena dimensão e feição rústica, construída no século 17, tendo recebido uma relevante campanha de obras setecentista, possui no seu interior algumas telas quinhentistas.
Apresenta uma planta poligonal, resultante da articulação axial de dois retângulos, de dois registos, correspondentes aos dois corpos principais, a nave única e a capela-mor profunda, a que se adossam o alpendre, a sacristia e dependências anexas e outras construções.
Fachadas rebocadas e caiadas de branco, sendo a principal percorridas por faixa azul flanqueada por cunhais de cantaria e rematada em friso e cornija.
Este templo destaca-se pela sua decoração interior, de nave única e capela-mor profunda antecedida por arco triunfal de volta plena, apresenta as paredes murárias revestidas a azulejo seiscentista, tipo tapete, a azul, branco e amarelo e cobertura em abóbada de berço com pintura ornamental. Na nave, num segundo registo encontram-se sete telas de pintura a óleo sobre madeira (Santo Antão, São João Baptista, três representações do martírio de Santa Cristina, Nossa Senhora da Conceição e Santa Verónica) e, do lado do Evangelho, um púlpito seiscentista com guarda de madeira adossado sobre mísula pétrea com inscrição seiscentista alusiva ao privilégio papal. Apresenta, igualmente, duas capelas laterais, retabulares, embutidas, com acesso a partir de arco pleno em cantaria marmórea, sendo a do lado do Evangelho dedicada a Santo António, apresentado uma tela com uma cena da vida do santo, e a do lado da Epístola, da evocação de Nossa Senhora da Conceição.
Época Construção: Séc. 17 / 18 / 19
Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido
Materiais: Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, azulejos, estuque, madeira pintada e dourada.
Protecção: Imóvel de Interesse Público desde 30 novembro 1993
(DOF: Capela de Santa Cristina e Cruzeiro)
Enquadramento: Rural, destacado, isolado, rodeado de campos de cultivo e de estufas, a sudeste da Azueira, entre os lugares da Sevelheira (que lhe fica a ocidente) e de Almeirinho Clemente (que lhe fica a nascente).
Descrição Complementar:
Na sacristia anexa destaca-se o revestimento azulejar seiscentista, polícromo e a existência de uma tábua quinhentista figurando São João Baptista e um retábulo atribuído à oficina de Belchior de Matos.
Utilização:
Inicial: Religiosa: capela
Actual: Religiosa: capela
Propriedade: Privada: Igreja Católica
Cronologia
séc. 17, meados – edificação do templo, provavelmente sob patrocínio dos condes de São Miguel, detentores da Quinta Nova da Vila Chã da Ribeira, no local atualmente designado por Almeirinho Clemente; aplicação do revestimento azulejar; 1667 – concessão de um privilégio pelo papa Clemente IX (1607-1669), que se encontra registado em inscrição junto ao púlpito; 1688 – colocação do cruzeiro no adro da ermida; 1726, novembro – data de um ex-voto, óleo sobre tela, deixado por romeiros, em virtude da interseção da santa na saúde de Inácio da Silva; 1754 – caixa do Círio da Marteleira (São Lourenço dos Francos), do termo da Lourinhã; 1757 – colocação do sino e do relógio de sol; 1783 – data de outro ex-voto, óleo sobre tela, em honra do salvamento da frota de Manoel António de Jesus; 1807 – campanha de reedificação ou de restauro da capela, de acordo com lápide inscrita na fachada; 1851 – data inscrita na base da cruz que encima a empena triangular do templo; 1890, 15 julho – ofício do secretário-geral do Governo Civil de Lisboa, Eduardo Segurado, dirigido ao administrador do concelho de Mafra, solicitando, com urgência, informação da Junta de Paróquia da Azueira sobre a importância total dos reparos que se deliberou mandar fazer na Igreja Paroquial e na Igreja de Santa Catarina; 1981, 06 fevereiro – a autarquia de Mafra propõe a classificação da Capela de Santa Cristina; 1984, 29 junho – parecer técnico do Instituto Português do Património Cultural a propor a classificação da capela e cruzeiro adjacente; 1984, 14 agosto – despacho do ministro da Cultura favorável à classificação como IIP – Imóvel de Interesse Público; 1985, fevereiro – pretendendo a autarquia de Mafra realizar obras de conservação na envolvente do imóvel (muro do adro) e na cobertura do alpendre e tratando-se de um imóvel em vias de classificação é parecer do IPPC que estas sejam acompanhadas pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; as obras devem seguir as indicações proferidas pelo Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado, nomeadamente no que concerne ao envernizamento da cobertura do alpendre, que deverá ser feito com verniz mate; 1993, 30 novembro – a capela e o cruzeiro são classificados como IIP – Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série B, n.º 280).
[Fonte e fotos: DGPC]