Viagem pelo património classificado do município de Mafra | Capela de Nossa Senhora do Socorro

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Viagem pelo património classificado do município de Mafra – Capela de Nossa Senhora do Socorro/ Santuário de Nossa Senhora do Socorro

 

A Capela de Nossa Senhora do Socorro é uma “Capela rural de pequena dimensão e feição rustica, construída no topo da serra do Socorro, sobre vestígios de povoado fortificado da Idade do Ferro”.
Com uma planta poligonal e de “feição manuelina e barroca” é composta por “nave, capela-mor quadrada e sacristia adossada ao lado direito, construídas no séc. 16, estando completamente rodeada por ampla galilé, talvez de execução seiscentista, como se depreende do tipo de cobertura que ostenta, em caixotões, e fechada durante as obras de remodelação do início do séc. 19, dando origem ao aparecimento de vários anexos, criando salas de apoio a um culto em crescimento, certamente relacionado com o fim das invasões francesas e a presença defensiva britânica, que muito afetaram a zona”.
No interior da capela é possível “observar vestígios da antiga construção manuelina, na porta travessa e nas coberturas em abóbadas polinervadas na nave e de nervuras simples na capela-mor e sacristia, todas com bocetes decorados e assentes em mísulas, na nave em duas colunas com altas bases, típicas deste estilo. Foi remodelado no séc. 17, com a ampliação do arco triunfal e colocação de nova modinatura no mesmo, correspondendo às normas tridentinas, destacando-se o facto do arco se encontrar inscrito numa moldura composta por pilastras ornadas por brutesco e rematadas por entablamento. A capela-mor é alvo de intervenção decorativa no séc. 18, com a aplicação de azulejos azul e branco, do estilo barroco joanino, do denominado Ciclo dos Mestres”.
Em 1820 foi alvo de remodelação, “o terramoto e as guerras napoleónicas terão provocado danos no recinto” tendo sido construida uma “nova fachada, com portal em arco abatido, e feitura do coro-alto e enorme púlpito com guarda plena galbada”.

 

Época Construção: Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido

Materiais: Estrutura em alvenaria mista e cantaria de calcário, rebocada; modinaturas, pavimentos, abóbadas, colunas, capitéis, plintos, arco triunfal, lavabo em cantaria de calcário; nave com pinturas decorativas em marmoreados fingidos; retábulo-mor e púlpito em talha; painéis e silhares da nave em azulejo; portas de madeira; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Protecção: Imóvel de Interesse Público desde 01 junho 1992

Enquadramento: Rural, isolado, implantado no topo da Serra do Socorro, a cerca de 395 metros de altitude. A Serra constitui uma chaminé basáltica rodeada por rochas sedimentares da era secundária ou mesozoica, sendo um local árido, extremamente ventoso, oferece um domínio visual de grande alcance sobre todos os quadrantes, dado ser o local topograficamente mais elevado, avistando-se grande extensão dos concelhos de Mafra e de Torres Vedras. No local, a vegetação existente resume-se a arbustos de pequeno porte e a herbáceas que revestem o solo entre a grande densidade de afloramentos rochosos. A envolver o recinto do templo, surge o Castro ou Povoado da Serra do Socorro, com implantação oval (c. 200m de eixo maior e c. 100m de eixo menor), delimitado por um amuralhado constituído por blocos de basalto, tendo à volta construções anexas. O muro é rasgado por duas aberturas principais, uma delas com bom lajeamento de acesso, e é complementado pela excelente defesa proporcionada pelas íngremes ladeiras do cabeço. Menos percetíveis são os contornos circulares de algumas habitações, por se encontrarem quase totalmente soterrados. Nas imediações, surge a réplica do poste do Telégrafo da Serra do Socorro, erguido no âmbito da linha de defesa contra as invasões francesas.

Utilização:
Inicial
: Religiosa: capela
Actual: Religiosa: santuário

Propriedade:
Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Intervenção Realizada
Proprietário: 1993 – limpeza e pintura do interior da ermida;
DGEMN / CMMafra / Proprietário: 1998 – recuperação das coberturas, reboco e caiação de todas as fachadas exteriores; tratamento dos rebocos e pinturas e reparação dos caixilhos; 1998 / 1999 – recuperação da sacristia e anexos; 1999 – recuperação das salas interiores, com tratamento de rebocos, pavimentos, tetos, instalação elétrica, caixilharias e gradeamentos; remoção do depósito de água para o exterior; 1999 / 2000 – beneficiação dos interiores; instalação elétrica; 2002 / 2003 / 2004 – restauro das pinturas decorativas da nave e capela-mor; restauro do retábulo-mor; valorização dos elementos manuelinos do imóvel; 2004 – conclusão da recuperação e restauro do revestimento da policromia da nave, capela-mor e retábulo.

 

Cronologia
Idade Ferro – construção de um castro no local; séc. 16 – construção da capela e da sacristia, envolvidas por uma galilé aberta *1; séc. 17 – remodelação e provável ampliação do arco triunfal; feitura do lavabo na sacristia e pintura de uma tela para a capela-mor; 1707 – segundo Frei Agostinho de Santa Maria, a imagem terá aparecido numa rocha situada na serra, mas as pessoas mais antigas da povoação não sabiam dizer quando fora descoberta ou em que época fora feito o templo *2; séc. 18, meados – renovação decorativa do interior da capela-mor, com aplicação dos painéis de azulejo e feitura do retábulo-mor; execução da teia da capela-mor; 1755, 01 novembro – o terramoto terá provocado danos no edifício, nomeadamente na estrutura da abóbada; 1758 – nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Tomás Gomes do Avelar, é referida a ermida, na Serra do Socorro, de pequenas dimensões, com uma nave abobadada e o retábulo com as imagens de Nossa Senhora, Santa Ana e São Joaquim, tendo uma festa importante no dia 05 de agosto; 1810 – 1811 – durante a terceira Invasão Francesa, no âmbito da estratégia concebida pelo duque de Wellington para as Linhas de Torres, foi implantado um telégrafo junto à capela; 1820 – remodelação da fachada principal com a construção de um novo portal, ladeado por dois postigos; a galilé, então aberta ao exterior, é fechada, tornando-se num amplo endo-nártex, surgindo vários corpos anexos; construção do coro-alto, pintura das paredes e feitura do púlpito; séc. 20, meados – construção de um depósito de água numa dependência anexa; 1996, 19 março – um incêndio na casa das velas destrói parte das coberturas dos anexos, o coro-alto e esfuma todo o interior da Igreja; 2000 – a igreja foi assaltada, tendo sido roubadas as imagens de Santa Ana e São Joaquim; 2008, 22 novembro – inauguração do Centro Interpretativo da Serra do Socorro, que inclui uma réplica do telégrafo à escala real, um observatório de paisagem e a musealização do buraco do poste original de sinais, descoberto durante as escavações arqueológicas levadas a cabo no local.

 

[Fonte e fotos: DGPC]

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One Thought to “Viagem pelo património classificado do município de Mafra | Capela de Nossa Senhora do Socorro”

  1. Nuno Miranda

    Pela a área envolvente estar tão abandonada. Justificava-se claramente uma intervenção na envolvente que valoriza-se o espaço, assim como uma demarcação do tráfego automóvel que com frequência visita este local pela excelentes vistas que permite disfrutar. Justificaria-se também a criação de uma área de pic-nic, devido à afluência deste local.

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