Vacina Covid-19| Para quando? Quem são os grupos prioritários? Vai ser obrigatória?

Muito se fala e muito se aguarda pela notícia da disponibilização de uma vacina que confira imunidade ao vírus SARS-CoV-2 responsável pela pandemia por Covid-19.

Segundo Rui Ivo, presidente do Infarmed, de acordo com os dados da organização mundial da saúde estão em desenvolvimento 165 vacinas, dessas 26 estão já em fase clínica (I, II ou III), sendo as que se encontram na fase III, aquelas que estão a ser objeto de negociação mais intensa a nível europeu. Destas vacinas em fase III, destaque para as que estão a ser desenvolvidas pelas farmacêuticas: CureVac (alemã), AstraZeneca (anglo-sueca), Johnson & Johnson (americana) e Sanofi (francesa).

Na semana passada, o governo aprovou a compra de 6,9 milhões de vacinas contra a covid-19, um investimento de 20 milhões de euros.

Segundo o Secretário de Estado da Saúde, “É uma luz que se começa a avistar ao fundo do túnel” , sendo que o início do processo de distribuição, para uma quantidade de 690 mil doses, deverá ocorrer a partir do final do ano, “mas sempre dependente da avaliação pela agência europeia do medicamento e da autorização da vacina a nível europeu”, pelo que a data poderá vir a ser adiada, uma vez que neste momento ainda não existe nenhuma garantia de eficácia e de segurança para nenhuma das vacinas.

A compra destas 6,9 milhões de doses corresponde apenas ao contrato que está concluído, existindo, segundo o presidente do Infarmed, outros contratos em fase avançada de desenvolvimento.

As vacinas apenas serão disponibilizadas depois de serem avaliadas a nível europeu, cabendo essa análise à Agência Europeia do Medicamento em conjunto com as autoridades do medicamento dos vários países. O Infarmed também participará neste processo. Rui Ivo referiu que é necessário ter “o minimio de informação que nos permita poder avançar para a sua utilização”.

A estratégia de vacinação será como habitualmente determinada pela Direção Geral de Saúde “num caminho gradual que começa agora a ser percorrido. Não nos podemos, todavia, esquecer que até à chegada da vacina a única vacina de que dispomos é a prevenção, a antecipação e a preparação” referiu António Lacerda Sales. O secretário de estado relembrou que “os portugueses continuam a ser parceiros cruciais nesta estratégia” acrescentando que “continuamos a contar a sua resiliência até ultrapassarmos este enorme desafio do nosso tempo”.

Graça Freitas, Diretora Geral da Saúde afirmou que vão ser estabelecidos grupos prioritários para a vacinação, grupos que serão definidos por “especialistas na matéria”, especialistas em vacinação, doenças infeciosas, farmácia, virologia e outros, que vão ter em consideração o tipo e as caraterísticas de cada vacina, para saber a que grupos (etários, de risco por patologia, outros) específicos é que essa vacina se destina. A avaliação terá também de verificar se a vacina tem eficácia para todos os grupos etários

A Diretora Geral da Saúde avançou, no entanto, que “há dois tipos de prioridades que são sempre estabelecidas” são elas, a prioridade para os grupos mais veneráveis e depois a prioridade para os cuidadores. “É muito importante que, quando se está numa pandemia, os profissionais de saúde e outros cuidadores na área da saúde e social estejam saudáveis para poderem prestar cuidados”.

Haverá ainda que definir se as vacinas serão aplicadas em 1 ou 2 doses, de modo a garantir a imunidade. Por vezes, quando uma vacina é dada pela 1ª vez, como é o caso da vacina para a covid-19, pode ser necessário efetuar um reforço, uma vez que não “temos a partida imunidade nenhuma contra este vírus”. Tal como explicou Graça Freitas “é dada a 1ª dose e cerca de 28 dias depois, por exemplo, damos uma 2ª dose que funciona como reforço”. A diretora Geral acrescentou ainda que existem outras vacinas que pelas suas caraterísticas podem já ter a capacidade “de elas próprias com uma única dose darem a imunidade”.

Quanto à obrigatoriedade ou não de vacinação, a Diretora Geral da Saúde afirmou que a legislação portuguesa permite que, em “situação de epidemia e para defesa da saúde pública”, uma vacina possa ser obrigatória, sendo que no caso concreto, “essa decisão não está fechada” dependendo também das caraterísticas da vacina, porque se a vacina for “muitíssimo eficaz e o valor acrescentado para a saúde pública for muito grande pode ser considerada uma metodologia de “obrigatoriedade” de vacinação”.

Entretanto, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que a vacinação, em Portugal, será “progressiva, universal e gratuita “.

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