Torres Vedras | Festival Novas Invasões – Programa do Mercado Oitocentista

 

Realizar-se-á em Torres Vedras, entre 2 e 5 de setembro de 2021, mais uma edição do Festival Novas Invasões.
O Festival, que se destina ao público geral e em especial, às famílias que ali poderão encontrar “entretenimento, lazer e conhecimento, valorizando iniciativas que cruzem a cultura popular com as práticas de expressão artísticas e criativas contemporâneas, num contexto informal e de relacionamento interpessoal”.

O programa conta com um Festival de Cinema Documental, um Mercado Oitocentista, numa programação que fará confluir nos espaços do festival aspetos de contemporânedade e de histórica.

Depois de ontem termos apresentado as programações contemporânea e histórica do festival, hoje vamos apresentar o programa do Mercado Oitocentista.

O Mercado Oitocentista terá lugar no Largo de Wellington, no Largo de São Pedro e na Rua Almirante Gago Coutinho e contará com a recriarão vivências relacionadas diretamente com a terceira invasão francesa  e com outros quadros cénicos, relativos a vivências quotidianas da região de Torres Vedras no início do século XIX.

Horário:

  • 2 e 3 de setembro das 18h00 às 21h00 e
  • 4 e 5 de setembro das 15h00 às 21h00

O evento terá capacidade limitada e os bilhetes de acesso são distribuídos à entrada do recinto.

Programa:

Hospital de Campanha

Faz já quase 3 anos que sofremos com as constantes investidas do exército francês, a resistência aumenta mas com isso aumentam também as baixas de guerra, os recursos escasseiam e os hospitais de Abrantes e Lisboa para além de longe encontram-se sobrelotados. É urgente a prestação de auxílio e cuidados médicos aos homens que caem feridos na frente de batalha. Para isso, ergue-se em Torres Vedras, junto à igreja de S. Pedro, um hospital improvisado onde médicos e seus aprendizes cuidam dos corajosos homens que nos defendem. Chegam soldados feridos e ensanguentados transportados por carroças e macas, trazem com eles um reflexo da dureza desta guerra.

Admissão
Zona de entrada no hospital onde o padre mantém o registo de nomes dos feridos admitidos das transferências e de doentes, assim como os que perecem. Aqui faz-se também o trabalho solidário de acolher e providenciar alguns bens a gente perdida com fome e com frio, recebe-se donativos e mantimentos para ajudar neste trabalho.

Intervenção cirúrgica e enfermaria
Local onde o médico e seu aprendiz executam as intervenções cirúrgicas aos feridos que vão chegando ao hospital.
Na enfermaria repousam e recuperam os feridos já intervencionados. Enfermeiras trocam ligaduras, administram medicação e alimentam os doentes.

Cozinha e lavandaria
Espaço de apoio à enfermaria onde se preparam refeições para os soldados em recobro. Lava-se e prepara-se os lençóis, panos e ligaduras para serem utilizados tanto nas intervenções cirúrgicas como na enfermaria. Em paralelo dá apoio ao trabalho social da igreja, alimentando e agasalhando os membros da população que fogem da guerra.

Farmácia
Um farmacêutico com a ajuda das enfermeiras dedica-se à preparação de vários remédios e de grandes doses de analgésicos. Na farmácia o público pode observar e aprender sobre remédios e utensílios da época.


A vida na taberna

O taberneiro entra e abre as portas para arejar as emoções vividas na última noite de copos. A filha do taberneiro que para ajudar o negócio do pai desde a morte da sua mãe, lava o chão e também serve às mesas na hora das refeições. Jovem e inocente, mas com todas as suas qualidades de mulher a florescer é alvo de olhares de burgueses portugueses e nobres franceses. A jovem taberneira torna-se o foco que provoca nos clientes de seu pai, a necessidade de se expressarem através da música, da poesia, das habilidades do circo levando as emoções de cada um ao êxtase provocando rixas de amor e ódio pela jovem, e pelas novas influências dos costumes estrangeiros que invadem Portugal.


Guerrilha da Terra Queimada

Tomadas por um espírito de patriotismo e sobrevivência, as gentes do campo juntam-se para combater o invasor francês, formando grupos de guerrilha para atacar e sabotar as operações inimigas. Para que os franceses não tenham que comer nem onde pernoitar, segue-se uma política de terra queimada. Mas quem brinca com o fogo também se queima!

Relembrando um dos episódios mais dolorosos das guerras napoleónicas -A Terra Queimada – formaram uma Guerrilha, como tantas que haveria nessa altura, dedicada sobretudo a queimar tudo o que pode para evitar o benefício gaulês.

Porém, sendo especializados em fogos e incêndios, os nossos guerrilheiros também sabem uma coisa ou duas sobre como os apagar (ou pelo menos gostam de assim pensar), e oferecem os seus serviços à causa da resistência, não só nesse sentido mas também efetuando todo o tipo de operações de socorro.


Vidas do tempo das Invasões

No período das Invasões Francesas haviam diferentes formas de sentir a guerra. Para dar a conhecer esta diversidade foram criadas várias personagens inspiradas nos relatos e memórias da história. Um desfile de personagens irá representar vários papéis, ressalvando a sua importância na história: o papel da Mulher; o abastecimento dos exércitos intervenientes e das populações deslocadas; a construção das Linhas de Torres; a diplomacia entre os exércitos; os divertimentos dos exércitos; o amor; o êxodo, a política de terra queimada e as pilhagens; a higiene e a saúde; os prisioneiros entre outros…

“Viandeira”
Mulher simples, casada com um soldado em segundas núpcias, acompanha o batalhão onde o seu marido se encontra.
Constituiu um pequeno negócio de venda de vinho e outras bebidas e ainda, a pedido, prepara uma ou outra refeição a troco de umas simples moedas.
De forma a aumentar o seu pecúlio nestes tempos de incertezas e de guerra arranja sempre tempo para pregar um botão ou coser uma camisa que amiúde os combatentes lhe trazem.
Tagarela por natureza é uma verdadeira contadora da história e de estórias, mas também gosta de as ouvir, principalmente se forem contadas pelos seus eventuais clientes, quer sejam relacionadas com a primeira, segunda e terceira invasão desses malditos franceses.

Soldado Francês
Soldado do exército francês pela 3ª vez em Portugal é feito prisioneiro, pelo exército Luso Britânico, goza de uma certa liberdade a troco do compromisso de honra de não fugir.
Nas suas conversas, fala da guerra sob o ponto de vista dos franceses, de uma certa diplomacia existente entre os dois exércitos e claro sobre aquilo que não esperavam nesta campanha, uma muralha intransponível chamada de Linhas de Torres Vedras.

Soldado Português
Soldado do exército Luso Britânico dá a conhecer em maior sigilo, como se construíram as famosas Linhas de Torres Vedras, quem nelas trabalhou, como é o dia a dia nesta linha defensiva e as comunicações entre os diferentes fortes e redutos.

Homem do Povo
Homem simples, trabalhador rural, requisitado à força mais a sua junta de bois para a construção dos fortes e transporte de víveres para abastecimento dos mesmos.
Descontente por natureza desta situação de guerra, que o arrancou à sua casa e aos afazeres agrícolas, os seus relatos focam essencialmente as desgraças que aconteceram nas aldeias e na miséria em que o povo se encontra, que é razão pela qual muito povo se revolta, reunindo-se em milícias contra estes franceses.

Mulher do Povo
Mulher da região do centro do país, forçada a deixar a sua casa e terras, sem antes as ter incendiado, e refugiar-se atrás das Linhas de Torres Vedras. Primeiro ainda andou por Lisboa, da qual relata a situação que lá se vivia, mas como a fome era muita na cidade e a peste ameaçava, procurou local mais confortável para a sua simples existência.
Os seus relatos focam essencialmente as privações passadas à mão dos franceses, das que passou e das que ouviu falar, do seu caminho até Lisboa à procura de refúgio.


Agapito e Ubaldina

Agapito e Ubaldina são uma dupla de mercantes e tratantes. Com a sua banca recheada de frutas e legumes, manuseiam os seus produtos com jogos de malabarismo.
Cheios de graça e virtude interagem com o público, proporcionando a este momentos de extrema alegria e boa disposição.

 

 

 

 


Bartolomeu Erudito

Bartolomeu Erudito foi capitão português nas batalhas da Roliça e do Vimeiro. Nesta última sofreu uma lesão que o incapacita para a guerra e dedica-se agora a distribuir informação. Traz consigo jornais e panfletos que lê e traduz (quando estrangeiros), conta histórias caricatas da guerra e vai dando conta dos progressos de aliados e inimigos.
Bartolomeu Erudito traz também consigo panfletos e propaganda francesa que de forma discreta distribui a quem os queira. Como é um homem letrado, também escreve e lê correspondência às gentes locais.


Ofícios à época

O Mercado Oitocentista acolherá a recriação de ofícios da época, ricos em cenografia, figurinos e instrumentos típicos de áreas tão distintas como a forja, a fundição, a cozinha, a moagem, os têxteis e a tinturaria, responsáveis pela criação de micro narrativas, inspiradoras de um imaginário oitocentista.

Haverão ainda outros ofícios representados pelos artesãos e artífices da época, com os seus pregões criativos e entusiásticos de venda para atrair freguês.

 


Exposição de animais

A exposição de animais proporcionará momentos de empatia e diversão junto do público.


Le Cache And Seek

O esconde-esconde é um jogo de crianças, mas será que pode ser jogado por adultos? Pode e deve! Especialmente em tempo de guerra, quando qualquer buraco é uma trincheira e um soldado francês se perde atrás das linhas inimigas.


Mulher do Boi

É uma mulher que vive aprisionada no mundo do seu quarto pois ao perder tudo nesta invasão dos franceses, desenvolve uma esquizofrenia provocada pelas inúmeras más experiências que sofreu. Agora, nas suas alucinações,  procura o que lhe é mais querido, o seu boi.
Por vezes, em certos momentos perde-se para fora do seu quarto, o que causa um grande embaraço a todos os transeuntes e outros personagens…
Desta forma, a alucinação é tanta que chega a atrair e reunir o consenso da própria aldeia, criando momentos de fuga em todas as mentes, de tão absurda que é  a sua loucura.
Oh Boi! Chama ela  …. será que ele vêm?


Camponês

Um homem solitário e transtornado pelos traumas provocados pelas invasões, desenvolve problemas mentais que o levam a encarnar reconhecidas figuras de 1810.
As histórias e a postura da personagem serão tão absurdas que provocarão momentos humorísticos.

 

 

 

 


Poderá consultar o programa completo na página do festival (aqui).

Partilhe o Artigo

Leia também