Torres Vedras | Falta de pediatras no Hospital leva câmara e partidos a tomar posição

A falta de pediatras no Hospital de Torres Vedras onde, de 3 pediatras, só uma médica se encontra a prestar serviço efetivo, tem vindo a criar muitos problemas no acesso à especialidade, problemas que se têm vindo a refletir sobretudo ao nível da urgência, quando se trata de assistir crianças que necessitam de cuidados urgentes ao nível da especialidade.

Estes problemas têm originado várias movimentações no concelho, que se refletiram já numa vigília à porta do hospital, no último domingo, numa conferência de imprensa promovida pela câmara municipal, que teve lugar ontem ao início da tarde, e numa última iniciativa conhecida, que terá decorrido hoje de manhã, quando Carlos Bernardes foi recebido no Ministério da saúde, para sensibilizar a tutela para a resolução rápida deste problema.

Na conferência de imprensa que ontem decorreu nas instalações da Câmara Municipal de Torres Vedras (CMTV), Carlos Bernardes frisou que a CMTV não terá responsabilidades diretas no que toca à área da saúde a nível hospitalar, remetendo essa responsabilidade para o Ministério da saúde, tendo classificado a iniciativa da câmara nesta área, como um ato de “voluntarismo, um ato de responsabilidade” enquanto, referiu,serem os “principais defensores das nossas populações”.

Lembrou então que em Torres Vedras, a maternidade encerrou em 2013, e que por via disso, o Ministério da Saúde assumiu então um conjunto de compromissos que deviam permitir a continuidade do funcionamento de vários serviços no Hospital de Torres Vedras, embora de modo partilhado, no quadro do centro hospitalar do Oeste (CHO). Carlos Bernardes reconheceu, no entanto, que esse modelo tem um conjunto de debilidades, que será agora necessário enfrentar.

Perante essas mesmas debilidades, perante essas mesmas dificuldades podermos de certa forma, enquanto responsáveis autárquicos encontrar soluções com a tutela, quer ao nível do ministério da saúde, quer ao nível da administração do CHO” referiu Carlos Bernardes, acrescentando que “hoje, 7 de janeiro de 2020, estamos com um problema em mãos que se tem vindo a repercutir naquilo que tem a ver com o serviço de urgências de pediatria do Hospital de Torres Vedras. Serviço esse que tem estado a funcionar de uma forma precária, com grandes dificuldades, mas como eu também já tive oportunidade de partilhar convosco, dentro dessas mesmas dificuldades, uma grande palavra de apreço a todos os profissionais de saúde que trabalham no CHO, que trabalham no Hospital de Torres Vedras, em particular porque efetivamente tem sido eles o garante daquilo que é a prestação do serviço às nossas populações”.

Entretanto os partidos da oposição têm vindo também a tomar posição relativamente a este problema que afeta todo concelho de Torres Vedras, refletindo-se também numa parte do concelho de Mafra.

O PSD, em conferência de imprensa, defendeu a demissão da Ministra da Saúde, no caso de não se chegar a uma solução definitiva para o problema. Marco Claudino, vereador pelo PSD na CMTV afirmou que a situação que se vive na pediatria do Hospital de Torres Vedras é insustentável e referiu que defende a abertura de um concurso para o preenchimento das 4 vagas existentes no quadro, bem como a concessão de incentivos para fixar pediatras no concelho.

Já o Bloco de Esquerda afirma em comunicado que “parece que o PS aprendeu com o PSD e CDS sendo que a solução que tem para os serviços que apresentam problemas, não é corrigi-los, mas encerrá-los”, incentivando a ministra da saúde e o PS a assumir as responsabilidades que lhes cabem nesta matéria.

Por seu lado, o PCP através de uma tomada de posição da sua Comissão Concelhia de Torres Vedras, depois de defender o Serviço Nacional de Saúde, afirma que “fruto de dezenas de anos de desinvestimento, de suborçamentação e de incentivos ao desenvolvimento de empresas privadas prestadoras de cuidados de saúde levados a cabo pelos governos do PS, PSD e CDS, a capacidade de resposta do SNS no Concelho de Torres Vedras mantém-se longe de satisfazer as necessidades das populações residentes“.

Também o CDS-PP mostrou o seu desagrado pela situação que se gerou na pediatria do Hospital de Torres Vedras, tendo optado por apelar à convocação de uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal, em função daquilo que referiu serem “ declarações preocupantes e ambíguas da Srª Ministra da Saúde sobre a manutenção das urgências pediátricas em Torres Vedras” e “às declarações pouco contundentes do Presidente da Câmara de Torres Vedras e ao encerramento da maternidade e o do internamento pediátrico no passado”.

O Partido Aliança mostrou-se também desagradado pela falta de pediatras, afirmando que “depois das promessas proferidas pelo Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras na vigília, e em entrevistas, sobre o reforço da equipa da urgência pediátrica do hospital, eis que nos deparamos com o seu encerramento, uma mais vez mais, durante esta noite. O encerramento da nossa urgência pediátrica é inclassificável e deverá imediatamente ser corrigido pela saúde das nossas crianças“.

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