A sessão da Assembleia Municipal de Torres Vedras, que teve ontem lugar, ficou politicamente marcada pelo caso da vereadora Cláudia Horta Ferreira, vereadora da maioria (PS) a quem o Presidente da Câmara retirou todos os pelouros por quebra da confiança política.
Na reunião da vereação que teve lugar a 30 de Março de 2021 já este caso fora alvo de acesa discussão política entre a maioria (PS) representada sobretudo pelo Presidente Carlos Bernardes (PS) e a oposição, com especial relevo para as intervenções do vereador Marco Claudino (PSD). Perante a intervenção da vereadora Cláudia Horta Ferreira e a partir das perplexidades que esta intervenção provocou, em vão, tentou a oposição obter do presidente explicações mais aprofundadas para a iniciativa de afastamento político da sua vereadora.
Num clima de acesa luta política, em plena pré-campanha para as eleições autárquicas de setembro e nas vésperas da apresentação de Duarte Pacheco como candidato da coligação “Afirmar Torres Vedras” (PSD-CDS-PPM), estas forças partidárias não desperdiçaram a sessão da Assembleia Municipal para a ela trazer este caso e pedir explicações a Carlos Bernardes.
À permanente falta de resposta às questões levantadas por este caso, parte da estratégia política adotada por Carlos Bernardes, no sentido de o tentar esvaziar, responde a oposição de direita, num cada vez mais vigoroso levantar de voz, que teve o seu auge ontem durante o período de antes da ordem do dia, da reunião da Assembleia Municipal de Torres Vedras.
Invocando razões de caráter regimental, o Presidente da Assembleia, José Augusto de Carvalho, não permitiu uma intervenção que a vereadora Cláudia Horta Ferreira prendia efetuar, invocando o facto de a vereadora não ter sido, naquela sessão, alvo de ofensas à honra, não se justificando, assim, a intervenção que pretendia fazer.
Esta decisão de José Augusto de Carvalho, muito contestado pela oposição durante toda a sessão, foi impugnada pela oposição, obrigando o plenário a pronunciar-se por votação. Beneficiando o PS da maioria absoluta dos votos, o plenário confirmou a decisão do presidente da assembleia e a Cláudia Horta Ferreira não foi permitido o uso da palavra.
Com os ânimos exaltados e com intervenções espontâneas por parte dos deputados, a sessão teve mesmo de ser interrompida durante cinco minutos, para que os ânimos se acalmassem.
Tendo em conta estes incidentes políticos, de resto, no seguimento daquilo que já ocorrera na reunião do executivo, fica mais evidente a estratégia de resposta política adotada por Carlos Bernardes, uma estratégia cujo objetivo será esvaziar o caso através do seu silenciamento.
Num momento como aquele que se vive no concelho e no país, com eleições à porta e em Torres Vedras, com a oposição de direita coligada e em modo de afirmação política, esta posição do PS municipal baseada no silenciamento de um caso que é tudo menos leve, poderá dar ainda mais combustível à polémica, alimentando-a eternamente até ao dia das eleições.
De qualquer modo, lutas e estratégias político-partidárias à parte, no plano cívico no plano ético, o silêncio de Carlos Bernardes mantém uma pesada névoa sobre o afastamento da sua vereadora Cláudia Horta Ferreira.
Há escutas na Câmara Municipal de Torres Vedras (questão que resulta de alegações da senhora vereadora, nunca desmentidas pela câmara)? O afastamento da vereadora Cláudia Horta Ferreira baseou-se exclusivamente em razões políticas ou há fundadas suspeitas de corrupção envolvidas no seu afastamento? Sendo positiva a resposta à questão anterior, foi mobilizado o Ministério Público no esclarecimento dessas eventuais suspeitas?
Estas são algumas das perguntas que este caso suscita e para as quais, por enquanto, não há resposta.
[imagem:CMTV]
Vergonha!