O Palácio de Queluz recebe “As Noites de Queluz “, 4.ª Temporada de Música numa iniciativa conjunta dos Parques de Sintra e do Centro de Estudos Musicais e Setecentistas de Portugal.
“Os concertos propostos para este ciclo incluem repertórios criteriosamente ajustados ao contexto histórico do Palácio, numa viagem pelas sonoridades do período Setecentista, com principal destaque para a estreia mundial moderna da serenata “Il Natal di Giove”, de João Cordeiro da Silva.
“As Noites de Queluz” constituem um convite ao usufruto do património ao som da música da época de cada um destes palcos privilegiados da História portuguesa, num arco temporal que se estende desde o século XI, nos “Reencontros”, até ao século XIX, nos “Serões Musicais”, passando pelo período Setecentista, nas “Noites de Queluz.”
O Palácio Nacional de Queluz será palco dos seguintes concertos:
1 de outubro | 21h30 | Sala da Música
“A ‘Sehnsucht’ romântica vista por Beethoven e Schubert”
Thomas E. Bauer – barítono
Jos van Immerseel – pianoforte
Os portugueses inventaram a saudade e os alemães cunharam no Romantismo o conceito de ‘Sehnsucht’. Difícil também ele de classificar, liga-se por um lado à saudade e por outro ao anseio de algo nem sempre definido (ou definível), sobre um fundo de insatisfação imanente do sujeito poético. Foi amplamente explorado pelos poetas românticos e pelos compositores que cultivaram a género do ‘Lied’. Este recital ilustra como Beethoven e Schubert exploraram e interpretaram a ‘Sehnsucht’.
6 de outubro | 21h30 | Sala do Trono
“O centro e as exóticas periferias”
Il Suonar Parlante
Graciela Gibelli – soprano
Dorothee Oberlinger – flauta de bisel
Stanislav Palûch – violino
Alessandro Tampieri, Nicolas Penel – violinos
Laurent Galliano – violeta
Marco Testori – violoncelo
Riccardo Coelati Rama – contrabaixo
Marcel Comendant – cimbalom
Shalev Ad-El – cravo
Vittorio Ghielmi – viola da gamba e direção
Um concerto com duas caras, como Jano. Na primeira, visitamos três músicos alemães do Barroco, sempre com a viola da gamba em posição de destaque. Na segunda, “arma-se” uma festa de inspiração cigana, seja com melodias das comunidades dessa etnia que habitavam a Europa centro-oriental, seja com peças de autores consagrados onde existe uma contaminação do “exótico oriental”, cigano ou não. Um Barroco musicalmente excêntrico, portanto, na etimológica asserção da palavra.
13 de outubro | 21h30 | Sala da Música
“Um serão em Viena no tempo de Beethoven”
Marco Testori – violoncelo
Costantino Mastroprimiano – pianoforte
Um programa com três obras em que Beethoven poderia ter participado: primeiro, enquanto intérprete, ao pianoforte, acompanhando o violoncelista na sua Sonata, op. 5; as restantes, enquanto espetador. Johann Nepomuk Hummel foi um grande virtuose do pianoforte, continuador do estilo de Mozart e Clementi, ao passo que Ferdinand Ries foi, primeiro, aluno e, depois, secretário de Beethoven, permanecendo, no decurso de uma vida cheia de viagens, sempre um admirador e amigo próximo do autor da ‘Eroica’.
22 de outubro | 21h30 | Sala da Música
“Domenico Scarlatti e a Roma que ele trocou por Lisboa”
Il Sogno Barocco
Rebeca Ferri – violoncelo barroco
Francesco Tomasi – tiorba e guitarra barroca
Flora Papadopoulos – harpa barroca
Andrea Buccarella – órgão e cravo
Paolo Perrone – violino barroco e direção
Quando em 1719 troca Roma por Lisboa, chamado por D. João V para ser Compositor régio, Domenico Scarlatti já era um prestigiado músico, ocupando desde 1715 o cargo de mestre da Capella Giulia, da Catedral de São Pedro. Em Lisboa passaria dez anos, também como professor dos infantes, mormente da primogénita e mais dotada, Maria Bárbara. Das suas mais de 550 sonatas e ‘essercizi’, apenas oito não são para tecla solo. Um concerto que viaja entre Lisboa que fez sua e a Roma que deixou.
27 de outubro | 21h30 | Sala da Música
“Os alvores do Romantismo em Portugal”
Laura Fernández Granero – pianoforte
João Domingos Bomtempo (1775-1842) e Muzio Clementi (1752-1832) adquiriram ambos fama fora dos seus países de origem: o português em Paris e em Londres, o italiano na Inglaterra onde cedo se fixou. Conheceram-se entre uma e outra dessas capitais e, quando Bomtempo se mudou para Londres, uma sincera amizade nasceu entre estes dois compositores, virtuosos do piano e pedagogos. Um face-a-face musical, na estreia portuguesa da jovem pianofortista espanhola Laura Fernández Granero.
29 de outubro | 21h30 | Sala do Trono
“Uma serenata para o aniversário do príncipe herdeiro”
Melite – Eduarda Melo – soprano
Adrasto – Patrycja Gabrel – soprano
Amaltea – Giuseppina Bridelli – mezzosoprano
Temide – Mariana Castello-Branco – soprano
Cassandro – Pedro Matos – tenor
Divino Sospiro
Riccardo Doni – cravo e direção
João Cordeiro da Silva foi um dos principais compositores do período que medeia entre o terramoto de 1755 e a fuga da Corte para o Brasil. Escreveu a serenata ‘Il Natal di Giove’ (‘O nascimento de Júpiter’), sobre libreto de Pietro Metastasio, para o 17.º aniversário do infante José Francisco, primogénito de D. Pedro III e da rainha D. Maria I. A obra foi ouvida no Palácio de Queluz a 21 de agosto de 1778. Esquecida desde então, é agora recuperada e dada em estreia moderna.