Se olhássemos para o debate de ontem no auditório D. Pedro V entre os dois candidatos à liderança do PS Mafra e esquecêssemos a derrota eleitoral de 1 de Outubro – mais uma, uma vez que desde 1979 que o PS não ganha eleições autárquicas no concelho de Mafra – ficaríamos com a ideia que aquele partido está mobilizado e pujante de ideias, embora também, é certo, tenha mostrado sinais (públicos) de divisão.
Sala cheia para ouvir os dois candidatos – Pedro Tomás e Alexandre Seixas – numa sessão pública de apresentação que não deixou de ser um acto temerário nas actuais condições políticas internas e externas daquele partido.
Moderado por Sérgio Santos, actual Presidente da comissão Política, o debate entre os dois candidatos foi sempre morno. Sérgio Santos, que moderou com isenção, não se irá recandidatar ao cargo, podendo, no entanto, vir a assumir a presidência da Assembleia de Militantes local, preparando-se pois para desempenhar funções sobretudo ao nível da Junta de freguesia de Lisboa onde exerce as sua actividade profissional.
O debate (morno) entre os dois candidatos centrou-se em quatro questões:
- Apresentação de cada um deles
- Razões subjacentes a cada uma das candidaturas
- Posicionamento do PS Mafra em relação às restantes forças políticas
- Pontos fracos e pontos fortes do PS Mafra
Pouco a dizer relativamente a esta fase do debate. Candidatos contidos, mornos, polémica quase inexistente. Pedro Tomás afirmando o PS como um partido social-democrata que “não serve de escadote para ninguém”, referindo que a alternativa ao PSD é o PS. Alexandre Seixas reafirmou os benefícios do trabalho em equipa e a necessidade de investir na comunicação interna e externa. Pedro Tomás repetiu o seu claim “acreditar que é possível”, acrescentando ser possível que o PS ganhe as próximas autárquicas em Mafra. Alexandre Seixas afirmou que “ideias individuais não levam a nada”, defendendo a discussão interna e a necessidade de apoiar técnica e politicamente os eleitos locais do PS, e relativamente à apresentação de ideias para o concelho, afirmou que aquele não era o lugar para o fazer, “não vamos dar armas ao PSD, que já tem armas que cheguem”.
Seguiu-se uma sessão de perguntas e respostas com a participação da audiência, sessão a que não faltou nada. Desde o “agente provocador” que, irado, acabou por abandonar a sala, passando pela discussão de quem pagaria quotas a quem, ou de quem arranjaria ou não emprego a quem, assistiu-se aqui a um tempo de “lavagem de roupa suja” nada dignificante.
No balanço entre a transparência democrática de que este debate deu prova, facto claramente positivo de distinção política, e o lavar de roupa suja e a expressão de frustração a que os militantes do PS Mafra não resistiram, a realização deste debate público a seguir a uma derrota em contra-ciclo com o resto do país, poderá vir a mostrar-se um erro político.
No actual estado do PS Mafra, as palavras deixaram de ser suficientes para inverter o pântano eleitoral a que aquele partido (e em rigor, toda a restante oposição) se remeteu ao longo das últimas dezenas de anos. Nem palavras, nem homens providenciais conseguirão por si só erguer uma estrutura anquilosada e anémica.
O PS Mafra deixou claro nesta sessão que tem muito trabalho à sua frente. Veremos se a nova direcção política que resultará das eleições internas de 19 de Janeiro de 2018 será capaz, finalmente, de fazer frente a um PSD motivado por uma nova e substancial vitória eleitoral, e colocar, de uma vez, o PS como uma verdadeira alternativa de poder em Mafra.
[smartslider3 slider=14]