Paula Rego morreu hoje em Londres

 

Maria Paula Figueiroa Rego – Paula Rego – nasceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1935 e viveu durante os seus primeiros anos com os avós paternos, na quinta que a família possuía na Ericeira.

Aos 17 anos partiu para Londres, onde estudou na Slade School of Fine Art até 1956.

Em 1957 regressou a Portugal e passou a residir na Ericeira com a sua família, onde recebeu artistas como Michael Andrews e Peter Frederick Snow. Visitava diariamente a praia de Mil Regos com o marido, o pintor inglês Victor Willing, e com os seus três filhos Nick Willing, Caroline Willing e Victoria Willing.

Na década de 1970, devido a dificuldades financeiras (devido à falência da empresa familiar) e pelo débil estado de saúde do marido, a pintora viu-se obrigada a vender a Quinta Figueiroa Rego, na Ericeira, radicando-se em Londres com o seu marido e filhos.

O governo, em comunicado, referiu hoje, que “Paula Rego foi uma artista maior da cultura portuguesa, cuja obra tem uma importância fundamental e um reconhecimento internacional”. Acrescentando que “com uma obra incontornável no panorama artístico nacional e internacional, Paula Rego deixa um legado único, que representará sempre um momento cimeiro das artes plásticas portuguesas e uma artista maior.”.

Era uma das artistas portuguesas mais reconhecidas internacionalmente e fez a sua primeira grande exposição individual em 1988, tendo inaugurado em 2009, em Cascais, a Casa das Histórias, museu que acolhe uma parte da sua obra.

“A obra de Paula Rego divide-se entre o desenho, que domina magistralmente, a gravura e a pintura, na qual privilegiou os trabalhos em acrílico. Nas suas obras iniciais praticou também o pastel e a colagem. O seu estilo evoluiu rapidamente do abstrato para o figurativo-representacional, servindo narrativas baseadas em obras literárias ou, maioritariamente, em contos populares portugueses, com uma perspetiva crua, de formas robustas e delineadas com absoluta clareza, que evocam, ora o sentimento de culpa católica que a possuiu na infância, ora a convicção feminista que desenvolveu e pela qual militou na vida adulta.” pode ler-se no comunicado conjunto hoje emitido pela Câmara Municipal de Cascais e pela Fundação D. Luís I.

Recebeu o primeiro prémio da sua carreira em 1954, e em 2021 foi considerada como uma das 25 mulheres mais influentes do ano para o Financial Times. Ao longo da sua carreira foi condecorada como Grande-Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada (1995), com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada (2004), tendo sido ordenada Dama Oficial da Ordem Império Britânico (2010) e recebido a Medalha de Mérito Cultural (2019), entre muitas outras honras e prémios.

Paula Rego morreu hoje aos 87 anos em Londres, na companhia dos seus três filhos.

 

[Imagem: Casa das Histórias Paula Rego]

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